21 dias para o Natal
🎄
A ambulância que nos leva não parece correr o suficiente entre as ruas até o hospital para salvar a vida de Serkan. Tudo acontece como flashs na minha frente, como se fosse uma história contada por outra pessoa e eu estivesse apenas ouvindo, imaginando os detalhes e pensando "porque não fizeram mais rápido?".
Ali, sentada na lateral com o veículo em movimento e os paramédicos cuidando do meu melhor amigo, eu sinto meu mundo desabar mais uma vez. Eu já havia passado por aquilo. Eu já estive sentada naquele lugar antes. E, por mais que a pessoa na maca fosse outra, a dor ainda era a mesma.
Porque eu amava Serkan com a minha vida.
Eu o amava. Não havia para onde correr mais. Não havia como enfiar meus sentimentos para debaixo do tapete e fingir e eles não existiam quando sua vida estava correndo risco. Eu poderia perdê-lo por causa de um maldito morango sem nunca dizer essas palavras olhando em seus olhos.
– Moça, qual é o seu nome? – Um dos paramédicos toca em minha perna delicadamente para me chamar a atenção. Percebo um tremor muito forte onde estou sentada e sua mão firme sobre mim.
– Eda. – Digo e me assusto com a voz que lhe responde. Fraca, baixa e trêmula.
– Eda. – Ele assente. – Preciso que você se acalme senão também sedaremos a senhorita. Ele ficará bem. Conseguimos estabilizar sua respiração com a entubação e já estamos chegando no hospital.
Limpo com as pontas dos dedos a cachoeira de água que inunda meu rosto e também assinto, tentando respirar fundo e entender suas palavras de que Serkan ficará bem.
🎄
A pior parte da espera é a incerteza do que acontece do lado de dentro. A cada médico que passa pela porta restrita é uma batida do meu coração que pausa e causa um rebuliço dentro de mim. A cada minuto sem notícias dele parece uma eternidade e não consigo ficar parada, aguardando pelo momento em que meu nome vai ser dito e eu poderei finalmente vê-lo, são e salvo.
– Eda!
Aydan cruza o corredor até mim em passos largos, tão desesperada quanto eu. O hospital havia lhe informado sobre a vinda do filho para a emergência antes que eu pudesse fazê-la. Não consigo prestar atenção em como ela está vestida ou qualquer outra coisa além de seu rosto contorcido em dor e preocupação. Ela pega minhas mãos de forma terna e pergunta por cada detalhe de Serkan.
– E aí? Nenhuma notícia ainda?
– Nada. – Nego com apenas um balançar fraco de cabeça. – Já faz quase duas horas...
– Calma, querida. Você precisa ficar calma. – Aydan me guia para o banco mais próximo, ainda segurando em minhas mãos. – Não ter notícias ainda às vezes é um sinal.
– Eu não quero perdê-lo. – Soluços irrompem de minha garganta outra vez e deixo que eles saem junto com as lágrimas. A abraço como se ela fosse muito mais do que a mãe de Serkan e quase não me sinto culpada por ela precisar me consolar ao invés de eu ser seu grande apoio nesse momento.
– Você não vai, meu amor. Ele vai ficar bem e vocês ainda terão uma vida inteira pela frente. – Ela passa a mão livre por meus cabelos, me confortando. – Conheço o meu filho. Ele é forte e sabe lutar pelo o que quer. E sei que ele quer viver muito ainda. Não será uma crise de alergia que irá atrapalhar os planos dele.

VOCÊ ESTÁ LENDO
best christmas ever
FanfictionEda odeia o natal. Como um ateu odeia Deus ou uma criança odeia brócolis. Como os opostos se atraem, seu melhor amigo - Serkan Bolat - é um fissurado pelo Velhinho e comemora o Natal com respeito e dedicação. Faltando apenas um mês para a melhor dat...