O perdão

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AVISO: Esse capítulo pode conter gatilhos para algumas pessoas (morte). Se você não se sente confortável, indico que espere até o próximo capítulo. Peço desculpas de antemão por algo que possa afetar sua leitura.

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17 dias para o Natal

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No fim das contas, consigo convencer Serkan de que não trabalhar me deixaria ainda mais ansiosa ao invés de me fazer relaxar para tomar uma decisão. Sua companhia me acalma e faz parecer que a crise de choro que tive de manhã nem aconteceu. Seus dotes culinários são usados na minha pequena cozinha e passo grande parte do dia o observando entre o espaço, preparando nosso almoço e coisas gostosas para comermos entre cada ligação que eu fazia. Por ter saído do hospital há poucos dias, seu atestado ainda estava vigente – não que ele fizesse qualquer questão de ir trabalhar nas vésperas do Natal quando seu sócio sabia tocar o escritório tão bem quanto ele.

– Ei. – O chamo através da porta do meu quarto. Serkan já está devidamente instalado no sofá e jogando alguma coisa no celular antes de dormir. – Boa noite.

– Já vai? Tudo bem... – Ele inclina a cabeça no braço do móvel para me ver melhor e sorri. Minha casa não havia nenhum quarto além do meu próprio e o sofá era o mais próximo de uma cama que os poucos metros quadrados do apartamento me permita ter. – Boa noite! Pensa com carinho, ok?

– Vou pensar. – Assinto. E eu realmente iria. Só esperava que não fosse tão difícil. – E... obrigada. Por hoje, quero dizer. Pela companhia.

Fazia tanto tempo desde que tínhamos ficado assim, passando o dia juntos jogando conversa fora e fofocando sobre tudo que eu havia me esquecido do quão bom e agradável era estar em sua companhia quando eu não estava preocupada com a mudança dos meus sentimentos por ele nem sobre o que poderia acontecer no dia de amanhã. Apesar de que, a cada minuto ao seu lado, obrigava meu coração a gostar um pouquinho mais do meu melhor amigo.

– É sempre um prazer. – Seu olho direito me lança uma piscada rápida e entendo aquilo como um flerte. Se não fosse... que Allah tenha piedade do meu pobre coração.

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Eu amo quando ela usa esse vestido. Ela consegue ficar ainda mais linda e o azul dos seus olhos ficam mais fortes sem precisarem da exposição da luz do sol. Essa foi a herança do baba que mais combinou com minha irmã. Enquanto eu, fiquei com os lindos cabelos da anne e seus olhos expressivos. Nós duas temos as melhores qualidades dos nossos pais, e sou orgulhosa por isso.

– Ayla! – Chamo, ao longe, e ela parece não me ouvir. – AYLA! A ANNE ESTÁ TE CHAMANDO!

Nada. Minha irmã parece ir ainda mais longe, livre e rápida como o vento de verão. Se não fosse pelo cabelo solto e o vestido esvoaçante, eu já a teria perdido de vista.

– Ayla! Me espera! – Continuo a gritar e termino de amarrar meu tênis, correndo em direção à minha irmã para ver se consigo alcança-la. – Você é muito rápida!

Ela me olha de relance antes de desaparecer de vez da minha vista. Corro contra o tempo para conseguir encontra-la mas nem os meus melhores passos são bons o suficiente para chegar até onde ela possa estar. Meu coração, acelerado pela corrida insana, pulsa erroneamente e grita do lado de dentro por Ayla assim como minha própria voz.

best christmas everOnde histórias criam vida. Descubra agora