29 dias para o Natal
🎄
Toda sexta-feira era dia de Starbucks. Não importava se estivesse frio, calor, chovendo ou um sol de 40 graus. O que importava era a tradição que eu e Serkan tínhamos de passar o resto da tarde depois do trabalho sentados na mesinha do lado de fora da cafeteria entre nossas casas. Se alguém me perguntar desde quando essa é uma tradição, eu não sei explicar. Só sei que é assim. Durante as muitas semanas e meses reclusos em casa, nossa tradição passou a ser alguns dias online e outras ele escapava para o corredor do meu apartamento com uma garrafa térmica e um pequeno colchonete para ficar mais aconchegante. Serkan sempre foi a pessoa que promove a alegria e os encontros por onde passa. Se não fosse por esse seu jeito, talvez nunca teríamos conversado pela primeira vez e não teríamos esse laço que temos hoje. E é sempre o mesmo pedido: ele com o expresso da casa e eu com um cappuccino de chocolate com dose extra de avelã.
Havia dias em que nem eu nem ele estávamos afim de conversar, mas ainda assim fazíamos nosso caminho até aquela mesa. Por vezes eu o escutava desabafar de algum problema no trabalho e apenas assentia. Em outras, era seu ouvido que ficava disponível para minhas lamentações e questionamentos sobre a vida. Às vezes, na cafeteria, ele pede uma fatia de red velvet só para me mimar. Em outras, eu escolho a dedo o melhor e mais bonito croassant de frango para matar sua fome antes da academia. E é tão reconfortante saber que, no final da semana, conturbada ao extremo ou não, é o rosto de Serkan que eu vou ver nas últimas horas do dia.
– Ei! – Serkan deposita seu café juntamente com a nota fiscal na mesa marrom e afasta a cadeira na minha frente. Deixa que sua mochila repouse sobre a cadeira entre nós dois e tira o celular do bolso. Se senta tão elegante que seguro uma risada. – Que foi?
– Nada não. – Não me forço e faço um gesto com os dedos presos no meu copo para ele deixar para lá. Serkan me encara e reviro os olhos para sua curiosidade. – Você é tão certinho. Parece que chegou para uma reunião de negócios muito importante.
– O que de certa forma não deixa de ser verdade. – Ele experimenta um gole do café e lambe os lábios quando o afasta da boca. – Temos um assunto muito importante para tratar hoje, Eda Yildiz.
– Eu não vou fingir ser sua namorada de novo para os acionistas. Chega!
Por 3 anos seguidos fui obrigada a me apresentar como sua namorada e, atenção para o detalhe: oficial (!) de Serkan para o pessoal que trabalhava com ele. Alguns funcionários podiam jurar que ele era gay por nunca ter sido visto ao lado de uma mulher e, por mais que isso não fizesse diferença para ele, ele não queria abrir brechas e esperanças para aqueles que eram e sonhavam com uma chance na enorme cama de Serkan Bolat. Foi então que a bela ideia surgiu em sua mente em uma noite de vinho e pizza nos sofás da cobertura de sua casa. Sua justificativa? Ele ainda acreditava que o amor verdadeiro estivesse por aí, era só uma questão de destinos serem cruzados. Concordei jurando para mim mesma que não custaria nada ajuda-lo, mas, anos se passaram e ninguém se cansava de dizer como formávamos um belo casal e cartões de ano novo em nosso nome chegavam por várias semanas.
– Eu fico tão magoado com a imagem que você tem de mim, sabia? – Serkan recosta na cadeira e sorri. – Não tem nada a ver com isso, pode ficar tranquila.
– Acho bom. Você precisa de uma namorada de verdade. Eu só estou te falando... – Sugiro com as sobrancelhas e também sorrio.
– Sei disso. Mas isso é assunto para outro momento. – Seu dedo toca na tela do celular e ela se ilumina, lhe mostrando as horas. – Quero conversar com você sobre ontem.
Penso no que houve no dia anterior e nada me vêm à mente.
– Sobre o que exatamente?
– Seu presente de natal. Não falei que ele chegava hoje? – Ele alcança a mochila e abre o zíper.
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best christmas ever
FanfictionEda odeia o natal. Como um ateu odeia Deus ou uma criança odeia brócolis. Como os opostos se atraem, seu melhor amigo - Serkan Bolat - é um fissurado pelo Velhinho e comemora o Natal com respeito e dedicação. Faltando apenas um mês para a melhor dat...