lise's p.o.v
- Ok, e que tal repassar nossas regras?
- As suas regras, você criou todas sem mim - Bruno me corrige sem esperar. Estamos puxando malas pelo aeroporto de Bologna já em solo italiano, e eu sei que ele quer revirar os olhos porque odeia quando meu lado mais metódico das coisas aparece. Só que ele releva. - Vamos lá: em 1°, comer comida de verdade.
- Não vamos comer fora o tempo todo - balanço a cabeça confirmando o que ele lista.
- Segundo, vou te levar pra conhecer os pontos da cidade.
- Tô aqui e não sou boba nem nada.
- E por último - conta nos dedos, me acompanhando -, quartos separados.
- Porque não vamos transar.
Aí duas mulheres de idade desembarcando me olham feio e, adivinha? Percebo que em um aeroporto internacional nem todo mundo entende só italiano.
Bruno levanta as sobrancelhas se divertindo com a minha cara um pouco, depois dá de ombros. É um dia nublado, aconchegante em Módena e andamos pelo piso para dar com uma rua principal na cidade e tentar conseguir um táxi.
- Tá, Bruno. Você tem alguma exigência também?
- Hm - o jogador massageia a barba, pouco decidido. - Não quero você bancando a minha mãe e surtando de preocupação com a minha perna, porque ela tá bem. E acho que também não seria muito legal o assunto vida amorosa entre a gente.
- Então no total 5 termos nossos para boa convivência - concordo com os seus sem pensar muito neles, porque afinal ele tinha direito de pedir alguma coisa daqueles dias peculiares no Norte da Itália, assim como eu.
Depois de alcançar um táxi e estarmos dentro com certo esforço junto com todas as nossas bagagens, resolvo mexer no celular. Havia postado algumas fotos de um fim de semana serrano no Brasil com a minha família, com direito a fogueira, frio e churrasquinho, e Luísa comentou várias vezes daquele jeito engraçado e cheio de empolgação que fazia.
Bruno teve sorte com os irmãos - passei a acreditar que na verdade com toda a família. Júlia era atenciosa, muito inteligente, e tinha sensibilidade. Vivi era uma máquina, energética e com seu jeitinho único, a criança mais fofa de se conviver. Eu amava as duas e inclusive queria logo revê-las. Éder também era caloroso com quem quer que chegasse, sempre feliz com a casa cheia e com a presença do irmão caçula. Mas Luísa era especial, uma velha alma, parece que nos conhecemos desde sempre e isso foi assim que fomos apresentadas.
Bruno às vezes tinha ciúmes das nossas fofocas só entre meninas - ou lê-se medo de nos unirmos contra ele nas situações - e dizia que desconfiava que eu, na realidade, só me aproximei dele para conviver mais com a sua irmã. Comecei a rir sozinha com a lembrança.
- Posso saber o que foi? - ele, ao meu lado no táxi, interrompe meus pensamentos. Eu sorrio, lhe negando imediatamente com a cabeça, e Bruno desiste de tentar me entender. - Ah, e não me agradece, mas já vou começar aderindo a uma dessas suas regras te levando pra conhecer um lugar bem especial por aqui.
Ele se volta novamente ao celular, e uma nova mensagem aparece como notificação na tela do meu. Foi tudo tão rápido que cheguei a imaginar que era sua.
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Devaneio, com Bruno Rezende
RomanceDevaneios desse ex-casal que adora dar voltas, até que um acidente pode finalmente mudar seus rumos... Ready to daydream? ✨