[13.] dia 5 - difícil te esquecer daqui

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lise's p.o.v

- Sabe de uma coisa que me acalmava quando eu estava no meio do gelo do Chile? - Guilherme continuava, contando a história de uma de suas viagens por aí. Engraçado, quando conversávamos à vontade daquele jeito, sentia algo meio "Jim Halpert" do The Office no seu jeito e do nada sorria. Ele é esperto do mesmo jeito "sou-melhor-que-a-maioria-mas-nem-ligo" e um doce na forma de falar. E então não seria mesmo difícil tentar ser sua Pam por um tempo... - Eu tinha uma fôrma de patinho, tipo aquelas de doce, e ia fazendo vários na neve.

- E ali eles eram a sua família?

- Ali de certa forma eram a minha família.

- Mas esse seu conselho é uma porcaria! Eu não tenho uma forma aqui...

- Nem eu tinha lá, foi só pra te distrair mesmo! - xinguei pelo telefone e começamos a dar risada, eu não estava irritada de verdade, realmente fiquei divagando na vida, imaginando a história dos patos do Gui e do sobrinho em fila no capô, ele entra na brincadeira mesmo. E me distraí.

- Alguma novidade aí?

- Apressado para se livrar de mim, Guilherme, essa turista apavorada no meio do caos de neve europeu?

- Tá brincando, né? No mínimo eu queria estar aí com você...

Seu tom sugestivo me causou um arrepio. Ele era tão bom no que fazia, tão ágil em me conquistar...

Pena que minha preocupação era outra.

Meu pensamento estava ali, mas meus nervos tinham que estar em Módena, perto da praça principal, doendo de preocupação. Eu disse a Guilherme que estava na Itália, ajudando um amigo próximo, e contei a história do engarrafamento. Não contei que o amigo que estava agora mesmo precisando de mim era o Bruno Rezende.

Converso rapidamente com o oficial.

- Escuta, Gui, a área finalmente tá limpa! Vou fazer um retorno e em alguns minutos vamos direto para uma estrada secundária, conseguiram limpar quase tudo - parece que volto a respirar novamente com a notícia, e sorrio enquanto olho para trás dando ré no veículo e ouço Guilherme comemorar. - Te encontro depois?

- Assim que você terminar de cuidar do seu ex aí na Itália.

O ar que eu recuperei me faltou de novo e por mais que eu tentasse não pude responder, quase estanco o carro.

- Olha...

- Não, deixa que eu falo. Entendo que você não quis dizer de cara - me cortou. - Só não entendo o que acontece com vocês e na verdade nem quero. Se você tá aí, agora devia ir ajudá-lo, não me importo com a competição pouco justa. Se resolve logo com a vida e vem me ver.

Bruno. Como ele estava agora? A dor teria realmente o feito passar mal? E por que não me atende?

Faz quase uma hora que perdi contato e o pânico tomou conta de mim. E como quem adivinhava, Guilherme liga, e me distrai por alguns torturosos minutos até a passagem ser liberada. A estrada ainda estava difícil, escorregadia, muitas luzes de faróis na mesma situação que eu, então se eu quiser chegar em casa pra lhe ajudar o primeiro passo é focar agora no trajeto.

- Foca, Lise... Foca nisso.

Mais 20 minutos.

Saí dos meus pensamentos ao estacionar o mais rápido possível no prédio do apartamento.

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⏰ Última atualização: Aug 16 ⏰

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Devaneio, com Bruno RezendeOnde histórias criam vida. Descubra agora