[sete.]

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lise's p.o.v

Luísa me deu um susto daqueles enquanto eu checava meu batom cor de boca no retrovisor.

- Essa cor é perfeita!

Pulo do banco de motorista, fechando os olhos de tanto medo. Eu tinha buzinado duas vezes na porta da sua casa, mas mesmo assim não esperava que ela surgisse ali do nada.

- Ô pestinha! - abracei minha ex-cunhada pelo pescoço. Eu sentia sua falta todos os dias, e só de ver ela ali já ganhei minha viagem.

Luísa depois suspira, me olhando com sinceridade.

- Senti tua falta.

- Eu também senti a tua - sorri, emocionada. A gente mantinha contato, mas eu estive ocupada como nunca, e não é como se nos encontrar pessoalmente fosse sempre fácil quando eu tentava evitar seu irmão a todo custo. - Como vai minha dupla de ação?

- Apaixonada! - deu um sorriso travesso, e eu o devolvo com surpresa, exigindo que hoje ela aproveitasse pra me contar cada detalhe. De repente, me sentia triste por perder algo importante da vida dela, mas de novo, fiz o que pude fazer.

- E como ele é?

- Bonito, viajado, ótimo gosto musical...

- Que nem o nosso? - falei alto, empolgada.

- Que nem o nosso!

Lu abre a boca para continuar, mas a voz de Vera interrompe nossa conversa entre garotas.

- Luísa, por que você me abandonou com o seu irmão e os presentes de uma vez só?

- Mãe, você tem um bebê de colo e esqueceu de me contar? - a filha respondeu a pergunta com outra, revirando os olhos. - Ele aproveita pra ficar mais manhoso ainda com essa perna assim.

Rio me dando conta de que é de Bruno que ela reclama.

- Tá com ciúmes?

Enquanto Vera colocava algumas caixas no banco de trás junto com o meu presente, vi Bruno aparecer na porta de saída, ainda distante da entrada de muros onde estacionei, e eu não me via mais tão tranquila assim. Notei também que ele se apoiava em duas muletas, e tentava trancar a porta.

- Não faz força nesse pé ainda, criatura! - Luísa grita com autoridade, e o irmão reluta, mas desiste. Sorrio mexendo meio nervosa nas minhas mãos. Ele sempre foi assim com as irmãs, compreensivo, disposto a ajudar, enquanto Lu é mandona e de gênio mais difícil.

Quando mãe e filho estão, com alguma dificuldade, já dentro do carro, dou partida e ligo o som em volume baixo, só para o caso de o silêncio virar constrangimento.

Mas não vira. Eles parecem as mesmas pessoas que eram como família há pouco tempo atrás, com quem eu dividia novidades e compartilhava meus planos.

- Lise tá linda, não é, meninos? - Vera, no banco ao meu lado, vira para os filhos atrás.

Bruno decidiu que ficava mais fácil no banco de trás com as muletas - isso ou, para o meu alívio, evitou sentar ao meu lado e me deixar sem graça. Ele concorda com a cabeça, sorridente, me olhando pelo retrovisor. Minhas bochechas começam a queimar até Luísa tomar minha atenção pelo espelho.

Devaneio, com Bruno RezendeOnde histórias criam vida. Descubra agora