Prólogo

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Josie

- Precisamos conversar...

Eu não estava tendo um dia bom. A minha cabeça estava repassando a briga que eu tive com as minhas namoradas, a pior briga que tivemos desde que a gente iniciou o nosso namoro e o motivo da briga é a Lizzie, falando sobre o fato de eu sempre colocar ela na frente de tudo, até delas.

Lizzie é a minha irmã gêmea, vou estar sempre conectada a ela.

Foi uma briga feia e a minha cabeça estava sempre voltando para a briga, a minha cabeça não estava bem e meus pais queriam ter uma conversa séria, minha mãe tinha passado alguns meses na Europa, agora estava voltando e estava acompanhada de duas mulheres, as três estavam sérias.

- Sobre? – Questionou Lizzie. Eu e ela estamos sentadas no sofá da diretoria e olhamos para os quatro adultos na nossa frente.

- Essas são Kara Danvers – Minha mãe apontou para a loira do lado dela e a mesma acenou para a gente - E Natasha, elas não são daqui – Caroline olhou para a ruiva do lado do meu pai e a mulher acenou também.

- Kara Danvers não é o nome da Supergirl? – Lizzie me olhou em dúvida, ela gostava de histórias em quadrinhos, apesar de não admitir em voz alta e eu sabia que era aquilo que a aproximava do MG - Tipo a prima do Superman, que também pousou na Terra – Ela tentou me explicar, mas dei os ombros, totalmente confusa, eu não lia histórias em quadrinhos.

- Eu posso contar uma história para vocês? – Kara nos questionou, andando para mais perto da mesinha de centro da sala, eu assenti junto da Lizzie e a loira respirou fundo - Você já conhece a história da Supergirl, então já deve saber sobre o multiverso – Ela olhou para a minha irmã, que ficou confusa.

- São terras diferentes, realidades diferentes – Eu comecei a contar, apesar de não ler histórias em quadrinhos, eu gostava de teorias sobre o universo, como o multiverso - Elas ocupam o mesmo lugar no espaço, mas vibram em frequências diferentes, então uma não vê a outra – Eu completei a frase, as cinco outras pessoas da sala me olharam confusas e eu sorri sem mostrar o dente - Eu gosto de teorias sobre o universo, algumas fazem sentidos, mas tem outras que são bobagens da mente humana.

- Minha irmã é uma nerd – Lizzie comentou antes de se jogar do meu lado.

- Bom, continuando, é exatamente sobre isso – Kara apontou para mim - Só que são reais, realmente existe realidades diferentes, eu e Natasha viemos de outra, chamamos ela de terra prime – Ela continuou a contar, chamando mais ainda a minha atenção, me ajeitei no sofá, a olhando melhor - Mas na minha realidade também tem uma mulher chamada Diana Prince, ela é uma heroína também, eu e ela somos amigas, nunca fomos além disso, mas um homem, que antes era um vilão e agora é um aliado, fez um experimento e acabou juntando o meu DNA com o dela... – Kara tentava nos explicar, está indo com muita calma, parecia com medo de tropeçar nas palavras.

- E vocês tiveram filhos, meus parabéns – Lizzie interrompeu ela, mas não é só aquilo e eu entendi apenas pela expressão da mulher loira.

- Não apenas isso. Ela estava com medo, porque essas crianças têm a parte do DNA dela e a parte do meu DNA também, então ela resolveu se esconder e veio para essa realidade, para 2014, diferente da época em que ela estava quando engravidou – Ela foi com calma, parecia escolher cada palavra, suas mãos se moviam freneticamente e eu percebi seu nervosismo - Quando ela conheceu os seus pais, foi no hospital, eles tinham acabado de perder seus filhos e ela resolveu fazer um acordo com eles – Kara revelou e eu olhei para a minha irmã, sabendo exatamente o que viria em seguida - Eles cuidariam das filhas delas, quer dizer, duas delas, para elas crescerem em segurança...

- E essas crianças eram a gente? – Questionei inclinando a cabeça, a Kara só assentiu, meu olhar foi para a minha mãe que estava de cabeça baixa, meus olhos foram para a minha irmã que estava de boca aberta.

- Eu não sabia sobre vocês, eu só fui saber há uns dois anos – Kara falou, se aproximando um pouco do sofá - Antes de ficar presa nessa realidade – Ela parou poucos passos perto do sofá, nos olhando atrás de alguma resposta.

- Você falou duas delas... Cadê a outra? – Perguntei.

- Não sei... – Eu me encostei no sofá, olhando em choque para os adultos, a minha mente ficou mais bagunçada. Era a briga com as meninas e agora era essa revelação, era meu pai e minha mãe olhando para mim e para a minha irmã e falando que não são nossos pais biológicos depois de quinze anos.

- Eu vou... – Eu me levantei atordoada - Dar uma volta – Caminha para fora da diretoria, as palavras de Kara sempre voltando para a minha cabeça, são socos no meu rosto, facas no meu coração.

Naquele momento, eu só queria as minhas namoradas, o abraço delas, era delas que eu precisava e os meus pés me levaram para o quarto de Hope, o quarto que a gente sempre se encontrava, porque não dividia com ninguém e muitas pessoas tinham medo de bater na porta dela.

Minha cabeça estava baixa e sempre voltando para a conversa, não parecia real para mim, não parecia real, nada parecia real agora, como se tudo para mim fosse uma grande mentira contada pelos meus pais, até essa escola, a minha mente achava que era uma grande mentira. Eu estava atordoada, eu estava perdida e fiquei mais perdida quando entrei no quarto de Hope.

A cama estava sem lençol, as cômodas estavam com as gavetas abertas, as roupas não estavam mais dentro delas. Eu caminhei para o closet, encontrei o mesmo fazia, até as malas da Hope tinham sumido. Quando voltei para a cama, encontrei um envelope branco com o meu nome escrito.

“Querida, Josie

Não podíamos continuar aqui, sabendo que você sempre ira se colocar entre a vida e a morte por causa da sua irmã, que você sempre vai dar prioridade para ela. Não podemos esperar para ver o que vai acontecer em seguida, a gente não pode ficar de braços cruzados e ver você se destruindo pela Lizzie.

Sentimos muito, mas tivemos que ir. Não nos procure, vamos ficar bem, nós temos certeza que você também ficará bem. Sentimos muito.

Penélope e Hope”

O papel foi manchado pelas minhas lágrimas enquanto eu lia a carta. O meu dia estava sendo destruído aos poucos, caindo aos pedaços. Eu fechei meus olhos, tentando controlar o meu choro e os soluços, mas uma parte de mim estava querendo saber se aquilo não poderia ser uma pesadelo, um sonho.

- Jo... – MG apareceu na porta, preocupado - A Lizzie me contou e me pediu para saber como você estava - Ele se aproximou de mim, se sentou do meu lado, passando os braços pelos meus ombros.

- A Hope e a Penélope foram embora, elas me deixaram – Falei, o MG deixou o abraço mais apertado para me tranquilizar mais e o meu choro piorou, os soluços se tornaram maiores - Elas me deixaram...

Káiros - PhosieOnde histórias criam vida. Descubra agora