Capítulo 1

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Capítulo 1

 

Forks – Washington

 

Lembro-me do primeiro dia que cheguei em Forks. Eu deveria ter no máximo uns 5 anos, e até hoje me espanto por me lembrar de muitos detalhes já que tinha pouca idade. Minha mãe veio transferida para o único hospital da cidade, e meu pai como o novo xerife da delegacia. Isso foi tudo o que queriam, me criar em uma cidade pequena com toda a segurança que podia existir.
Conforme fui crescendo, acho que teria feito o mesmo que eles. Os dois estavam casados desde o colegial e o amor deles era lindo de se ver, parecia coisa de filme de romance. Meu pai sempre conta que sua maior felicidade, depois de ter casado com minha mãe, foi descobrir que ela estava me gerando. Seus olhos sempre brilham ao contar essa história e em como ele dançou com ela, abraçadinho na cozinha.
Olhar meus pais na hora do jantar, quando estamos todos sentados a mesa, e em como eles dialogam e resolvem os problemas mais difíceis me faz sonhar com um casamento assim, romântico, de altos e baixos, com direito a lencinho para secar as lágrimas após uma declaração de amor.
Mas essa não é a história de amor deles, é a minha, e em como o universo é um mistério.
A propósito, me chamo Brittany S. Pierce, tenho 16 anos, estou no ensino médio do único colégio de Forks, sou geminiana (sim, essa é uma informação importante quando você ama tudo sobre signos), amo ler, dançar, cantar, tocar violão, escrever histórias e ouvir música. Minhas melhores amigas são Rachel Berry e Marley Rose, que significa rosa, igual como ela é. Nós estamos juntas desde meus 6 anos e não lembro um dia que desgrudamos.
Marley é a mais fofa do grupo, pisciana, difícil tirá-la do sério, mas quando acontece, sai debaixo, enquanto Rachel é um furacão falante. Sério, não queiram nunca ouvir uma bronca dela, é sair do céu direto para o inferno. Imagina alguém que fala pelos cotovelos, pois é a própria. Haaa, ela é ariana.
Hoje foi mais um dia chuvoso em Forks, com bastante nuvens, deixando o céu mais escuro do que estamos acostumados. Na sala de aula, olhando a chuva cair pela janela, acabo me distraindo observando observando gota escorrer pelo vidro.

- Terra chamando Brittany. - Rachel cutucou meu braço. - Tá no mundo da lua hein.

- Desculpa meninas, eu viajei totalmente... - Uma coisa que costumo fazer com frequência é me perder em meus devaneios. Meu cérebro é uma bagunça de pensamentos, e eu costumo escrever, para esvazia-lo de vez em quando. E sim, isso é completamente normal. Sem julgamentos.

- Nada de novo sob a chuva, né Britt - Minhas amigas riram de mim - Hein, tenho uma coisa pra nós depois do colégio.

- O que é? - Eu sou bem curiosa e ansiosa. Senti meus olhos se abrirem mais que o comum, querendo saber a todo custo o que Rachel tinha.

- Meu pai trouxe a edição que faltava da revista Capricho. Olha esse pôster - Quase arranquei aquela revista das mãos de minha amiga. Essa revista chegou em poucas unidades na cidade e quando conseguimos sair do colégio para comprar, ela já havia esgotado. Essa é a parte ruim de cidade pequena. Claro que Rachel daria um jeito de conseguir, mas não levei muita fé e agora cá está ela, com a revista em mãos. O motivo da nossa euforia: O pôster da Taylor Swift. Sim, eu sou uma super fã. Eu e minhas amigas.

- Aiii caramba, esse pôster está mais do que perfeito.

- Ela não é uma princesa?!. - Babei e continuarei babando. Taylor forever.

- Parece que estamos atrapalhando as mocinhas. - Droga! Esqueci que estava em aula. Vergonha define a turma inteira olhando para nós. - Oh, fomos notados, turma. Podemos continuar com a aula ou vocês vão continuar conversando? - Minhas bochechas estão vermelhas, certeza, e eu só quero cavar um buraco no chão e me enterrar.

- Desculpa professora. - Graças a Deus Rachel falou por nós.

- Enfim... - É um mal sinal a professora suspirar como se estivesse, sei lá, decepcionada? Nota mental: evitar conversar com Rachel a todo custo. - Na próxima semana, nós iremos receber uma professora nova para aulas adicionais de literatura, teatro, poemas e tudo o que alguns de vocês gostam. Quem quiser, vai poder se inscrever nas aulas.

- Isso é coisa de mulherzinha, fessôra - Falou o babaca da escola inteira. Alguém põe uma rolha na boca dele. Como se ter aulas de literatura fosse coisa de mulher. Te odeio, Puckerman.

- Você deveria se inscrever. Quem sabe assim não melhora na dicção. - Tomaaa, bem feito, idiota. É isso aí professora.

No final da aula, eu e minhas amigas seguimos em direção ao refeitório do colégio, onde cada uma pegou uma bandeja e a merendeira passou a nos servir. Estranhei Marley pegar apenas uma maçã, normalmente ela comia todo o lanche, mas enfim, deve não estar com fome. Sentamos em uma mesa vazia.

- Só digo uma coisa: Nós vamos nos inscrever nessas aulas de literatura, teatro e o que mais tiver.

- Eu adorei termos aulas diferentes do básico.

- Não sei se quero me inscrever Rach...

- Haaa, nem vem Britt... nós sempre fazemos essas coisas juntas. Igual quando fizemos aulas de canto.

- É Britt... ao menos pensa com carinho, vai ser legal e vamos estar juntas. - Marley, sempre sendo fofa e me deixando amolecida. Ela tem esse dom.

- Vou pensar, tá bem?

- Nada de pensar, Britt...

- Tudo bem, já é um começo Rachel. - Essa é a diferença das duas, mas que acabam se completando no final.

- Tá - Rachel bufou - Mudando de assunto, vocês viram que o Finn... - Eu deveria estar ouvindo minha amiga tagarelar o quanto Finn tem malhado, ou em como ele joga futebol super bem e bla bla bla. Eu nunca vou entender o que minha amiga nesse garoto sem sal, mas meus olhos seguiram espontâneos a figura de uma mulher morena, com certeza não era da cidade, sua pele parecia bem bronzeada, latina, e seus cabelos escuros quase preto, fez minhas pupilas dilatarem a forma em que se movimentava junto de seu corpo. Que mulher linda. Seus lábios eram carnudos como almofadas pequenas, assim como o nariz arrebitado moldavam seu rosto. Meu coração quase saiu do peito quando seus olhos encararam os meus e se eu pudesse citar uma música para esse momento seria: A tempestade que chega é da cor dos seus olhos castanhos. O castanho mais intenso que pude ver.

- Brittany... caramba, viajou de novo. Já é a segunda vez e mal começou o dia.

- Britt... - Eu engoli seco seus olhos nos meus, sua feição fechada como o céu e seus movimentos devoraram minha alma. Que mulher era aquela?!. Meu sanduíche não descia por nada em minha garganta, e eu nem me toquei por quanto tempo fiquei apenas encarando, só me dei conta do mundo ao meu redor quando Rachel sacudi um braço meu e eu voltei para a terra.

- Você tá bem, amiga? - Se tem uma pessoa que notaria meu estado, essa pessoa é a Marley. - Tá esquisita.

- Deve ser coisas de Brittany. - Rachel sempre usava essa frase quando eu sentia algo mas não conseguia explicar. Aquilo era maior do que qualquer coisa de Brittany.

- Eu tenho certeza que vi um anjo.

- Oh, ta delirando. Cê num tá bem hoje Britt.

- Que tal uma sessão com pipoca, filme e brigadeiro?

- Na minha casa. Dormem lá? - Rachel falou levantando a mão.

- Fechado.

- Britt, e você?

- Tá. - Meus olhos teimosos me enganaram duas vezes antes de eu finalmente sair do refeitório e olhar aquela perfeição toda. Ok, eu sei que pode ser esquisito falar assim de uma mulher, mas é meu jeito, e sorry Taylor, mas aquela mulher era mil vezes mais bonita que a Taylor, e eu nunca pensei que isso seria possível no mundo.

All too well - BrittanaOnde histórias criam vida. Descubra agora