Capítulo 3

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Santana

Com o endereço em uma de minhas mãos, meus pensamentos voaram para quando meu pai ainda estava vivo e sempre dizia o quanto estava cansado da vida agitada, e que precisava descansar em Forks. Com o tempo, acabei dispensando algumas vindas para cá e hoje só sobrou o arrependimento desses momentos que poderia ter sido vivido com eles. O ontem é apenas uma lembrança que não pode ser mudada, nem modificada.
Como Mercedes havia dito, a casa realmente ficava mais afastada das outras. Toda sua arquitetura era de madeira, com janelas grandes de vidro, que mais pareciam paredes, dois andares. Estacionei o carro na frente e meus olhos não acreditavam no que via. Ela era a coisa mais linda. Subi os pequenos degraus que davam a uma varanda lateral comprida, onde continha duas cadeiras de balanço. Só consegui imaginar meus pais sentado nelas balançando em uma tarde.
Abri a porta e senti uma onda de emoções tomar conta de mim. Meu pai havia pensado em cada detalhe. A casa estava toda mobiliada exatamente do gosto que minha mãe tinha e eu acabei adquirindo. O sofá era branco retrátil, uma mesa de madeira no centro que com certeza foi feita por algum marceneiro local, assim como a estante.
A cozinha tinha uma bancada de mármore em forma de L, os armários seguiam o design amadeirado, além de fogão e forno separados, geladeira de duas portas preta, microondas e a mesa de jantar no meio dela. Papá caprichou mesmo com as janelas, são enormes. Privacidade pra que, né?! Ainda bem que tem cortinas. Um banheiro simples no andar de baixo e a dispensa que estava vazia, o que me remeteu ao meu estômago que está igual e isso me levou a pensar naqueles olhos azuis. Ok, chega.
Na parte de cima, haviam duas suítes, uma varanda em cada quarto e um escritório que pela quantidadede livros e o macbook, seria meu. O quarto dos meus pais era tão a cara deles, precisei de alguns minutos sentada na cama passando a mão pela manta que estava forrada. Com certeza minha tia arrumou tudo para minha chegada.
Meu quarto tinha uma cama grande no meio, com uma TV na parede de frente a ela, armário em volta, criado mudo, um lustre com quatro lâmpadas e uma penteadeira com um banco de pêlos.
Eternamente irei agradecer ao esforço que meus pais fizeram para me deixar esse bem. Olhar cada detalhe, cada cada peça escolhida para compor o ambiente, foi tudo pensado com o maior amor do mundo. Meu banheiro tinha uma banheira, além do chuveiro. Só quem me conhece bem sabe o quanto eu amo ficar na banheira com espuma e sais de banho.
Obrigada pais.
Levei as malas para dentro da casa e arrumei o máximo de roupas e sapatos que consegui, alguns portas retrato e meu violão. Quando o relógio constou 18hrs, comecei a me arrumar para o jantar na casa de Mercedes e o reencontro com meus tios após anos.

(...)

Brittany

- Brittany, você ainda está meio avoada. O que aconteceu?

- Nada Rachel.

- Você não para de sorrir e isso está me assustando. Tá parecendo o coringa.

- Ahh, cala a boca.

Rachel, eu e Marley estávamos agora indo em direção a minha casa pegar algumas coisas para a nossa noite do pijama. Nossas noites do pijama sempre ocorria na casa da Rachel por ser maior. Fazíamos pipoca, brigadeiro, comprávamos cheetos e sorvete de chocolate para a sessão cinema que variava de romance ao musicais, que Rachel amava assistir. Depois do filme, normalmente colocávamos música, falávamos sobre garotos e garotas, e fazíamos testes que vinham nas revistas Capricho, apesar de eu nunca levar muita fé naquilo.
Quando chegamos a casa de Rachel, por todo o caminho, eu pensei nos olhos castanhos e em quem seria aquela mulher. Será que seria a professora novata? Parecia ser tão nova, mas todos os nossos professores eram, então poderia ser. Minha cabeça estava uma confusão desde então e eu sou péssima em disfarçar minha cara de idiota pensando nela.
Com certeza isso é paixonite adolescente. Marley ficou igual ou pior quando teve uma paixonite pelo professor Evans. Ela sorria feito besta toda vez que ele passava ou falava algo, mesmo sem graça, ela ria. Nas revistas adolescentes, eu li que quando você pensa demais na pessoa, sorri ao pensar e sente o coração disparar, é paixão. E isso foi tudo o que senti ao ver aquela mulher. Preciso saber seu nome.

- Britt... pode contando pra gente o que você está escondendo.

- Que? - Rachel com certeza está sacando que estou diferente. Ela percebe tudo no ar.

- Você está bizarra desde a hora do intervalo.  Não está Marley?

- Eu não percebi Rach...

- Mas eu sim, e digo com todas as letras: VOCÊ ESTÁ ESCONDENDO ALGO.

- É que vi uma mulher hoje... e...

- MULHER? - Elas falaram juntas, mal sinal. Eu sabia que as duas surtariam em conjunto e pelo visto, Rachel é quem vai cair dura no chão primeiro.

- É.

- Quem é ela Britt? - Marley sentou de frente para mim, com os olhos quase saindo do rosto.

- Prometem não contar? Eu só a vi uma vez. É sério gente. Eu não quero ser a esquisita e a cidade é pequena...

- Britt, foco. Quem é ela? Não vamos contar nada. Você não é esquisita por olhar uma garota. Todas nós olhamos a Taylor Swift, somos apaixonadas por ela e...

- Rachel, foco. Deixa a Brittany contar.

- Eu a vi no intervalo e...

- No colégio? Será que é a professora nova?

- Eu pensei o mesmo, mas não sei...

- Sabe o que isso significa?

- O que? Não entendi Rachel...

- Significa que ela pode ser a nova professora de literatura e todas nós vamos fazer as aulas dela.

- Eu ainda não pensei sobre.

- Ahh você vai sim Britt. Ainda mais agora com essa sua paixonite.

- Você tá viajando.

- E você está pior do que a Marley ficou com o professor Evans. - Marley a cutucou em protesto. Evans era um assunto morto entre nós, já que a Marley sofreu como toda adolescente apaixonada pelo professor e eu com certeza seria a próxima. - Foi mal, assunto morto e enterrado.

- Melhor assim.

- Que tal fazermos pipoca agora? Eu tô com fome.

- Você sempre está com fome Britt, nenhuma novidade sob a chuva de Forks.

- E você sempre chata. Nhéé.

- Mas conta aqui Britt... O que você sentiu ao olhar essa mulher? Não poupe os detalhes.

- Eu senti meu coração acelerar, minha boca secar e meu estômago se revirar. Cada detalhe dela era lindo demais e...

- Meu Deus, você está muito apaixonada. Credo.

- Há há, vai ficar zoando agora?

- Sim, é pra isso que servem as amigas. Pega o milho naquele armário para mim, Marley? E você Brittany, pega o leite condensado na dispensa. Hoje eu quero saber de exatamente tudo em Britt. TUDO. - Eu não sabia mais o que dizer a Rachel, já que havia dito exatamente tudo. Foi apenas um olhar. Um olhar que virou meu mundo de cabeça pra baixo?! Sim, mas ainda sim, só um olhar.

- Ela te olhou de volta Britt? - Marley perguntou assim que voltou com o saco de milho de pipoca em uma mão e uma bacia de acrílica na outra.

- Eu... eu não sei ao certo.

- Como não sabe? Britt...

- Eu acho que ela me olhou porque eu estava olhando.

- Mah, nós temos que olhar os sinais.

- Rachel, nem vem... isso já deu errado uma vez. Você viu os sinais todos errados.

- Eu vi os sinais que todas as revistas lidas por nós indicam como "estar afim".

- É, e no final não foi nada daquilo.

- Mas agora vai ser diferente. Confia, Britt. Agora temos experiência no assunto.

- Eu tô é lascada na mão de vocês.

- Da Rachel, Britt... nas mãos da Rachel.

- Exatamente.







All too well - BrittanaOnde histórias criam vida. Descubra agora