Capítulo 6

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Brittany

Naquela tarde, eu conversei com Santana mais horas do que o planejado. Senti em seu tom de voz que sua vontade estava conectada a minha como imã, não queríamos desligar aquela ligação. Mesmo doente, ela conseguiu ser doce a todo momento, o que fez meu corpo amolecer me jogando na cama assim que cheguei em casa. Conversamos antes de dormir e eu a ouvi resonar, indicando um sono profundo. Dormi assim, ouvindo sua respiração do outro da linha. Minha mente imaginou estar deitada ao seu lado, abraçando sua cintura e sentindo o cheiro de seu cabelo. Santana poderia ser minha professora dentro da escola, mas fora dela, era meu coração fora do peito, meu primeiro amor. Todos os dias que ficamos afastadas, trocamos mensagens e ligações, desde versos até coisas banais como: Acabei de ver um esquilo na minha varanda. Provavelmente ela nunca havia visto um esquilo tão de perto devido a sua euforia. Eu a imaginei na minha cabeça incontáveis vezes, e o modo como ela poderia estar naquele momento eufórico. Pulando, ou só gesticulando com as mãos, ou talvez tirando fotos do esquilo ou filmando.
Na segunda-feira meu coração estava ansioso para vê-la pessoalmente de novo e quando seu carro estacionou na garagem da escola, eu não desgrudei meus olhos da janela e acompanhei seus passos até a entrada. Ela estava deslumbrante, mais do que todos os outros dias. Suas botas cano longo indo até os joelhos, sua calça jeans e blusa preto cobriam seu corpo. Como alguém conseguia ficar ainda mais bonita todos os dias? Como ela era real?
No início da tarde sua aula começou e o sorriso que ela me deu ao me ver fez barulho em todo o meu ser. Suas covinhas a mostra e seu óculos de grau com a armação preta. Era oficial, eu estava perdidamente apaixonada por Santana Lopez e não havia idade, cargo, pais, mundo, que fizesse apagar esse sentimento.

- Brittany, você está prestando atenção?

- Oi... - Eu estava prestando atenção em como o seu corpo se movia enquanto ela escrevia no quadro negro, e em como sua letra redonda era linda. Talvez eu nunca descubra o que não é lindo nessa mulher. Rachel cutucou meu braço e cochichou um disfarça. Será que eu estava a olhando com cara de idiota demais?!.

- A aula, presta atenção.

- Desculpe. - Me encolhi em meu lugar e foquei em qualquer outra coisa que não fosse ela. Tarefa difícil, mas eu precisava.

O sinal tocou indicando o final da aula e todos levantaram com pressa de sair. Marley e Rachel andavam na minha frente quando cheguei a porta uma voz me fez virar.

- Brittany, eu preciso falar com você. - Isso foi tudo para minhas pernas tremerem, meu estômago se revirar e meu corpo ficar gelado. Olhei minhas amigas antes de fechar a porta e pedi que me esperassem. Voltei em passos lentos até minha professora que estava encostada em sua mesa com as mãos segurando na borda.

- Oi professora. - Minha voz saiu baixa e com um fio de medo pelo o que ela diria. Meu coração estava prestes a explodir com aquele olhar que ela me dava, como se estivesse tentando me ler, me decifrar.

- Minha aula estava tão ruim assim para você não prestar atenção nela?

- N-não, nunca. - A aula dela era perfeita, ela era perfeita. Meu Deus, eu queria gritar isso para que ela nunca pensasse que sua aula era ruim ou algo do tipo.

- Por que não prestou atenção?

- Eu... - Dizer ou não a verdade, eis a questão.

- Você... - Senti que ela estava impaciente para ouvir o que eu tinha a dizer. Eu tinha duas opções: dizer a verdade e ela partir meu coração com sua reação, ou não dizer a verdade, nunca saber sua reação e talvez, deixá-la triste por isso.

- Eu - Engoli meu medo - Eu estava olhando você. Estava com saudades demais. - Seus olhos brilharam mais do que as estrelas no céu e seus dedos tocaram os meus em um carinho sutil. Seu toque era quente em minha mão gelada e me arrepiou a alma.

All too well - BrittanaOnde histórias criam vida. Descubra agora