Capítulo 8

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Santana

Acordei no sábado bem cedo, ouvindo o barulho dos pássaros próximo a sacada do meu quarto. Uma fresta de luz atingia minha cama e eu espreguiçei-me preguiçosa enquanto rolava para o lado, tentando alcançar o celular que começou a tocar, avisando que uma mensagem havia chegado.

Dias atrás, fui pega de surpresa com a informação de que hoje é o aniversário da mulher que possui meu coração. Ainda precisei lidar com o absurdo de suas palavras em minha direção ao dizer: Não sabia que era importante para você.
Santana, tudo o que te envolve é importante e essencial para mim, principalmente o dia do seu aniversário. Hoje, além de desejar todos os votos tradicionais, quero te desejar todo o meu amor.  E que possa segurar minha mão nos momentos que precisar.
Te vejo no horário combinado.
Com amor,
Brittany Pierce.

Sorri ao término da mensagem. Brittany despertou fagulhas de felicidade em mim logo cedo, e uma empolgação para comemorar esse dia ao seu lado cresceu em meu peito. Aos poucos, outras mensagens foram chegando, inclusive, uma ligação dos meus tios questionando o horário que eu chegaria em sua casa para o almoço.
Escolhi uma roupa bem confortável, casaco xadrez vermelho de botão, calça jeans preto, blusa e um tênis. Eu amava me vestir com roupas bem diferentes das que usava no trabalho.
O almoço foi maravilhoso, minha tia fez meu prato favorito; macarrão com queijo, e meu tio me presenteou com um chaveiro de couro escrito: Fuck the patriarchy, que logo coloquei junto das chaves da casa. As 14hrs em ponto eu estava em frente a casa de Brittany. Meus batimentos cardíacos aumentaram ao vê-la tão linda atravessar a varanda e vir em direção ao carro. O cachecol vermelho em seu pescoço, a boina cor de telha, o casaco bege, os lábios com batom vermelho matte, só realçaram seus  olhos azuis no meio daquelas cores quente. Ela estava linda, na verdade, ela estava ainda mais linda do que eu conseguia me lembrar.
Seus braços não hesitaram em me puxar para um abraço apertado. Sua respiração em meu pescoço e os lábios no lóbulo de ninha orelha sussurraram: Feliz aniversário, leoa. Meu corpo inteiro tremeu e a apertou, sentindo o cheiro doce invadir cada vez mais minha atmosfera. A soltei devagar daquele abraço, como se ela fosse uma rosa e eu pudesse despedaça-la a qualquer momento com minha força bruta.
No instante que pensei em beijá-la, seus lábios foram de encontro aos meus e um beijo enfático aconteceu, me tirando o fôlego.

- Pronta para irmos?

- Pronta.

Pouco antes de sairmos da cidade de Forks, abaixei todos os vidros do carro e aumentei o som do rádio, que tocava Taylor Swift. Brittany cantava a plenos pulmões, os raios de sol batiam em seu cabelo o deixando ainda mais dourado, como se fosse o próprio sol, seus olhos azuis refletiam toda sua jovialidade, me fazendo tirar os olhos da estrada para admirá-la, ultrapassando o sinal vermelho. Ela estava parecendo uma pintura de tão linda. Uma verdadeira obra de arte.
Meus dedos juntaram nos seus, e eu sorri, sua pele gélida sempre acalmava a temperatura da minha.

(...)

Brittany

Foi difícil aguardar Santana chegar do almoço com seus tios. Eu estava uma pilha, ansiosa da cabeça aos pés e minha perna balançava mais do que o normal, olhando pela janela após ouvir qualquer barulho de carro. Quando seu carro estacionou, eu apenas voei até ele e a envolvi em meus braços, sentindo o cheiro de shampoo em seus cabelos recém lavados e seu perfume marcante. Eu nunca a havia visto tão informal daquele jeito, despojada. Seus olhos tinham um brilho diferente que tentei decifrar, nesse instante percebi que estava conhecendo o outro lado de Santana que a escola não me permitia conhecer. Um lado que ela mostraria apenas para mim.
Nos saímos da cidade ouvindo música alta, com os dedos entrelaçados. Eu cantava com todo o meu coração, enquanto o sol testemunhava nossa viagem. Seu sorriso em minha direção conseguia ofuscar qualquer brilho lá fora, e eu perdi a noção do tempo que fiquei captando cada detalhe de seus traços. Os cabelos ao vento, suas covinhas a mostra, sua língua entre os dentes, e seus lábios beijando minha mão.

- Vamos tomar sorvete? - Ela me sugeriu, e eu apenas sorri, mal sabendo ela que eu faria tudo o que quisesse.

Fora da cidade, em outro mundo, Santana entrelaçou seu mindinho no meu e caminhamos para a entrada de uma sorvete, onde nos servimos das mais variadas opções de sorvetes.
Santana com doce era extremamente criança, e seu sabor preferido era chocolate, como o meu. Ela encheu de granulado, bolinhas crocante, calda e canudinho de biscoito. Uma coisa Santana fez e me deixou derretida foi dá-lo em minha boca, como se nossos sabores fossem diferentes e ela quisesse que eu experimentasse do seu. Os olhos castanhos me fitavam com tanta doçura, eu sentia em cada parte do meu corpo.
Com certeza comemos mais sorvetes que nosso estômago aguentava e depois fomos ao cinema. Escolhemos o filme que estava nos trailers, entrando na sala no breu, mal enxergando os lugares.
Sentamos longe de todos e tenho certeza que só paramos ali porque nossa intenção nunca foi assistir ao filme, e sim os beijos que trocamos durante todo ele. Nossas bocas se conectavam a cada minuto, e nossos dedos eram preenchidos com os fios de cabelo.

(...)

- O que você quer jantar?

- Acho que não consigo comer nada ainda. - Eu ainda estava empazinada com todo aquele sorvete.

- Vamos dar uma volta nesse bosque antes de voltarmos? - O fim da tarde já começava, dando início a noite. Eu passei a amar o final da tarde, pois me lembrava o castanho dos olhos de Santana, em como eles ficavam mais intensos. Nossos mindinhos estavam entrelaçados, as folhas de outono caindo em nós, o barulho que nossos pés faziam, davam a cena perfeita de um filme e eu desejei que o tempo parasse por alguns minutos, para que eu pudesse aproveitar mais desse momento. Queria Santana sempre um pouco mais.
O amor é irracional, quanto mais você ama alguém, menos tudo faz sentido. Pulei em suas costas, a fazendo rir alto, e caminhamos assim de volta ao carro, até descer dela e a beijar como se fosse a primeira vez. Mas não importa o quanto o dia seja perfeito, ele simplesmente têm de acabar.

(...)

- Chegamos, anjo.

- É... - Suspirei. Com certeza Santana viu em meus olhos que eu estava triste em ter que deixá-la.

- Você está triste, e eu não quero te ver assim.

- Desculpa.

- Olha, vou te ligar quando eu chegar, para nos falarmos até pegarmos no sono.

- Jura?

- Sim. - Ela sorriu e passou a tirar o casaco - Sei que você gosta de falar ao telefone até dormir. E outra coisa, vou deixar minha blusa com você. Tudo bem?! Mas não fica triste, eu não suporto te ver assim.

- Obrigada Sannie. - Peguei sua blusa e logo a cheirei tão profundamente que meus olhos reviraram de desejo. O seu cheiro era minha droga. Eu estava viciada nela.

- Obrigada pelo dia de hoje. Esse foi o meu melhor aniversário após... - Senti seus olhos perderem o foco momentâneamente, como se tivesse lembrado de algo triste e doloroso.

- Após? - Eu queria muito saber sobre aquela lembrança, mas ela não deu brecha e logo segurou minhas mãos as beijando, sorrindo de novo.

- Não vamos falar disso, tudo bem? O dia foi maravilhoso e é apenas isso que importa. Obrigada, anjo.

- Não vai esquecer de ligar?

- Nunca. - Nossas bocas se encaixaram silenciosamente, deixando as línguas se conectarem em harmonia. Seus beijos ainda me matariam, de um jeito ou de outro.

- Até, leoa.

- Até, anjo.

All too well - BrittanaOnde histórias criam vida. Descubra agora