Lost Prince - Taekook

Death

 Os jardins do palácio foram tomados de surpresa, enquanto a família real dormia. A rainha e os dois príncipes mais velhos morreram primeiro, com seus corpos trespassados por espadas insanamente afiadas. Suas cabeças separadas dos corpos para não restar nenhuma chance da transformação que ajudaria na cura.

O Rei foi mais difícil de ser abatido, porque era o alfa e seus instintos estavam sempre alertas. Mesmo completando a transformação, era tarde demais para salvar suas pessoas amadas e mesmo sua força sobrenatural não seria suficiente contra tantos invasores. 

Onde estavam os guardas reais?

Percebeu tarde demais a traição. Lutou bravamente até o último suspiro, com toda sua força e fúria e com cada batida de seus coração guerreiro. Infelizmente não foi o suficiente e uivou cheio de dor, sabendo que toda a sua dinastia havia sido apagada da história.  Ao se dar conta de que sua esposa e filhos estavam dilacerados, estava pronto para se juntar a eles na morte.

Seus olhos astutos se arregalaram ao notar o menino encolhido embaixo da cama, com as pequenas mãozinhas tapando a boca para não fazer barulho, mesmo que seus olhinhos assustados vertessem água como uma cachoeira. O sangue dos irmãos sujava sua roupa de dormir, mas ele não se mexeu.

O Rei rosnou e então juntando o que restava de suas forças, correu para fora do quarto, levando os invasores atrás dele. Não foi muito longe, ferido e cercado como estava, mas morreu sabendo que sua dinastia não morreria com ele. Seu doce menino sobreviveria para vingar essa traição e retomar o trono que um dia seria dele.

VINTE ANOS MAIS TARDE...

Olhos negros e cheios de dor o olhavam. O corpo todo ferido e espalhando sangue pelo chão. O grande lobo negro estava morrendo. Seu rei. Seu alfa. Seu amado pai.  E havia aquela voz em sua mente exigindo vingança, sangue em troca de sangue como era o costume de sua raça.  Ficou tanto tempo encolhido naquela mesma posição que mal sentia seu corpo, pequeno e frágil. Era apenas uma criança assustada. Todos que amava estavam mortos e se o encontrassem ali, fariam o mesmo com ele. Não podia se mexer. Não podia chorar. Mal estava respirando.  Estava sufocando de medo...

Sentou-se assustado, esfregando a mão no peito, ainda ofegante, mas reconhecendo que havia sido mais um dos pesadelos que o perseguiram pelos últimos anos. Jamais esqueceria os olhos negros de seu alfa exigindo mentalmente que se vingasse dos assassinos de sua família. Mas ele tinha apenas 6 anos naquela época. O que poderia fazer?

Levantou-se  e após fazer sua higiene pessoal e se vestir de maneira adequada, juntou-se aos companheiros na casa comum. Andou devagar, aproveitando o ar puro da natureza, ali naquele parque selvagem no meio da montanha. 

Esfregou a mão no peito novamente ao pensar no pesadelo recorrente e na última ordem recebida de seu alfa. Uma ordem que nunca foi cumprida.  O vingador designado nem estava mais perto do reino usurpado. Estava isolado em uma montanha de difícil acesso na cidade de  Daegu.

Tinha lembranças muito confusas de como foi retirado do palácio antes de tudo ser incendiado pelos invasores. Lembra que não gritou e nem chorou quando foi agarrado por braços negros e fortes. Apenas foi vencido pelo cansaço e desmaiou naqueles braços protetores que envolveram seu pequeno corpo e escapou pela noite.

O gigante Kaito o levou direto para a fazenda dos avós que ficava em lugar isolado e o que restou de seu clã foi protegido por esse homem com nome grego, mas que na verdade tinha origem em algum lugar no Marrocos. Tae só compreendeu isso muitos anos mais tarde, quando não se cansava de comparar a diferença de suas peles e queria saber porque seu protetor parecia um chocolate gigante que andava e falava.

Kaito levava a sério a função de protetor dos meninos Kim, virando quase uma sombra do pequeno príncipe. Havia feito uma promessa de protegê-lo com sua vida, se fosse preciso. Fugiram de Seuol e de qualquer lugar onde poderia ter alguma ligação com sua família ou seu clã. Treinou o menino para se tornar um guerreiro feroz e o ajudou a reunir os sobreviventes do massacre e treiná-los da mesma forma. Apenas esperando o dia em que reclamaria seu trono e poderia libertar todo o seu povo.