Prólogo.

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Sexta-feira – SN

As palavras que ecoam em minha mente são cortantes, como lâminas afiadas. O ar ao meu redor parece carregado de um peso invisível, uma pressão sufocante que me impede de respirar livremente. Chamo-me SN. Acabei de fazer aniversário, sob o olhar opressor de Seul, uma cidade que, agora, parece mais uma prisão, envolta em sombras. Meus pais... Ah, eles tecem suas teias de ganância e manipulação, controlando cada pedaço da minha existência. Minha infância foi uma encenação sombria de obediência cega, onde desempenhei o papel de filha perfeita, moldada por uma mãe que só via em mim um troféu para ostentar. Mas as correntes invisíveis que me aprisionavam estão prestes a se romper.

Não mais. A submissão rasteja para longe de mim, e embora sua partida me deixe à beira do abismo, o passo é inevitável.

- Você enlouqueceu de vez?! Meus ouvidos se recusam a registrar tamanha... insanidade! - A voz de meu pai cortou o ar, carregada de uma fúria glacial.

- Cada palavra que disse é a mais pura verdade. Minha decisão é irrevogável. - Minha voz, embora suave, ressoou com uma firmeza inesperada, até para mim mesma.

- VOCÊ VAI! - O grito rasgou o silêncio, carregado de uma ameaça velada que percorreu minha espinha como um arrepio gelado.

- Tente me obrigar. - Levantei o queixo e olhei diretamente em seus olhos injetados de ódio. Havia um tremor nas minhas mãos, mas meu olhar se manteve firme, desafiador.

- SN! Isto é pela sobrevivência da nossa família! Deixe de lado esse egoísmo tolo! Você sabe muito bem! Não esqueceu aquele homem, não é? As consequências... seriam devastadoras para ele e sua família. - A voz da minha mãe, antes afiada como um chicote, agora se esgueirava em um sibilo, tentando envolver-me em uma teia de culpa e medo.

A menção daquele homem... um calafrio percorreu minha espinha. Uma sombra escura pairava sobre nós, um segredo maldito que meus pais usavam como arma silenciosa.

- Egoísmo, mãe? Querem me entregar nas garras daquele verme repulsivo por causa de dinheiro sujo! Foi VOCÊS que nos trouxeram a este precipício!. E agora querem me usar como moeda de troca?!. - Cada palavra que saia de meus lábios era um ácido corrosivo, queimando a máscara da filha obediente que eu tanto abominei.

- PARA O SEU QUARTO!. - O rugido de meu pai ecoou, carregado de uma raiva bestial.

Corri para o meu santuário profanado. A porta bateu com um estrondo que parecia sacudir os próprios alicerces da casa.

- Malditos... vocês vão pagar caro por isso!. - Murmurei para mim mesma, os punhos cerrados em uma promessa silenciosa de vingança.

Quebra de tempo

- SN, querida?

As batidas na porta soaram como o prenúncio de algo terrível. A porta se abriu lentamente, revelando as figuras sombrias de meus pais.

- O que querem agora?. - Minha voz estava tensa, prestes a se romper.

- Você não precisará mais se submeter ao Sr. Tom. - A voz de meu pai, agora carregada de uma falsa leveza, tentou disfarçar a crueldade de suas palavras, como se fosse um favor.

Um suspiro hesitante de alívio escapou dos meus lábios, até que a lâmina afiada da verdade cortou de forma cruel minha breve esperança.

- Em troca... decidimos que você será levada a um leilão. As ofertas podem ser consideravelmente maiores. - O sorriso de minha mãe, gélido e calculista, era uma máscara que escondia sua verdadeira malícia.

A menção do leilão me atingiu como um soco no estômago. As palavras pairaram no ar, impregnadas de um horror indescritível.

- O... o quê?!. - Saltei da cama, o terror me paralisando.

Eles se retiraram, deixando-me sozinha, imersa no silêncio gélido do quarto. A porta se fechou de um jeito macabro, selando meu destino?. Minhas mãos tremiam enquanto pressionava as têmporas, tentando processar a monstruosidade daquelas palavras.

Um leilão... Como se eu fosse um objeto sem valor, um pedaço de carne destinado a ser arrematado por mãos gananciosas e lascivas. A raiva ferveu em minhas veias, misturando-se ao medo lancinante que me paralisava por dentro. Mas, nas profundezas da minha alma, uma centelha teimava em brilhar, uma chama de desafio que eu nunca tinha conhecido antes. Não, eu não seria um cordeiro levado ao matadouro. Eu me recusava a ser negociada, vendida como um bem qualquer. Respirei fundo, tentando engolir o nó de terror que me sufocava. Eles acreditavam ter o controle, mas desconheciam a tempestade que se formava dentro de mim. Eu ia virar esse jogo sombrio. Eu ia. Encarei meu reflexo no espelho, vendo a imagem de uma garota marcada pela dor, mas com uma determinação silenciosa que começava a florescer, mesmo que o caminho à frente estivesse envolto em sombras.

Continua..

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Não coloquei idade pois achei legal vocês se identificarem com isso também.
Mas lembrem hein, é uma fic que tem umas cenas...quentes! KKKKK.
Um beijooo, espero que gostem ❤️

O leilãoOnde histórias criam vida. Descubra agora