Os dias passaram mais tranquilos do que prometiam ser e ainda sim Eduim estava sendo consumido pelo o que Vanil o dissera. No começo achou que havia sido apenas uma declaração fervorosa que fez em um momento de pressão, mas alguns dias depois ela o procurou pedindo por sua orientação. Queria saber as passagens nas montanhas e os pontos de vigia lá no alto de Kalon, sobre os barcos que usavam na travessia do rio e quando ele a perguntou para que precisava das informações ela simplesmente confessou que iria embora com o menino como se aquilo não fosse nada. Sua declaração estava tirando o sono de Eduim e tudo só piorou quando recebeu um bilhete que estava escrito em nirve para que somente ele entendesse e que dizia apenas ajude-me.Vanil confiava nele e isso alimentava uma esperança que ele mesmo sabia ser falsa, ela pertencia a Dukem de corpo e alma e por mais que a amasse ele não podia se deixar levar pelas ilusões, não quando a realidade estava batendo em sua porta lhe entregando uma oportunidade. Mesmo que Vanil aparecesse sempre como o centro de sua vida movimentando as peças do jogo, Eduim também tinha seus próprios planos obscuros. Essa fuga poderia render bons frutos e não só para o menino e a mãe. Precisava pensar e pensar bem, pois qualquer deslize teria que encarar Dukem.
Ele passou a noite recostado em sua cama sem dormir e quando o sol nasceu chamou uma criada e a entregou um bilhete para sua cunhada. Tentou imaginar a reação que ela teria.
"Aí está a resposta que deseja, querida Vanil. Agora vamos nos preparar para que nós dois saiamos vencedores no final dessa história."
O tempo passou e Eduim se empenhou em elaborar todos os pontos para a fuga, a cada passo ele manteve Vanil informada, lhe disse o que ela precisaria levar, como seria a sua trajetória quando eles se separassem e pela manhã ele disse que tudo aconteceria naquela noite.
O grande intervalo de dias foi necessário para que Ludu sarasse de suas feridas por completo. Logo depois do jantar Dukem foi para sua sala e como havia feito nos últimos dias passaria a noite por lá. Vanil colocou Ludu na cama mais cedo, como eles sairiam tarde deixou que ele dormisse um pouco com a promessa de que o levaria para um passeio quando acordasse.
Por mais que ela tentasse descansar sua ansiedade não permitia, então ficou no quarto de Ludu, enquanto o menino dormia ela começou a pensar em sua antiga vida. Como seria depois de tanto tempo voltar para os Cinco Reinos, para sua família? Não sabia nada deles desde que havia fugido para se casar com um selvagem que apareceu ferido em sua porta um dia e agora ela estava fugindo desse mesmo selvagem para voltar para sua família.
Quando Eduim chegou, Vanil estava na janela o esperando, rapidamente ela acordou Ludu e ambos foram para fora encontrá-lo. Eles seguiram a passos rápidos até a base de uma das montanhas que formavam uma imensa cordilheira, Vanil já havia escondido as coisas que iria levar ali perto o que facilitou para eles. Eduim conhecia muito bem todas as passagens que haviam pelas montanhas e isso não seria um problema, a dificuldade seria eles chegarem até as passagens sem serem vistos pelos guardas nos postos de segurança que ficavam espalhados na encosta e no alto das montanhas, um lugar chamado de Kalon. Eles precisaram esperar o momento certo até que um dos homens de Eduim fizesse um sinal para que eles seguissem caminho.
Ludu, que estava nos braços de seu tio para não atrapalhá-los na corrida, segurava com força uma pequena sacola de pano que guardava alguns de seus tesouros mais preciosos, foi tudo que ele conseguiu pegar antes de sair de casa com sua mãe. Ele ainda estava curioso para saber para onde eles estavam indo e por que precisavam ir daquela forma, mas ao julgar a ausência de seu pai imaginou que ele fosse a razão para aquilo, assim não se atreveu a perguntar nada.
Eles passaram pela base e entraram em uma caverna pouco iluminada, mas à medida que iam adentrando uma fraca luz trêmula era vista. Um dos homens de Eduim o esperava lá com uma garrafa de vidro com pequenos bichinhos brilhantes que voavam tentando sair. O homem deu duas garrafas menores com esses animais para Vanil que os guardou em suas coisas enquanto Eduim falou algo para o homem que ela não pôde ouvir e depois a chamou para que seguissem caminho. Aquela altura dentro da caverna estava totalmente escuro e mesmo assim Eduim andava como se soubesse exatamente onde estava cada pedra, as mesmas pedras que Vanil constantemente tropeçava ele desviava sem nenhum trabalho, até que chegou um ponto que Vanil apenas poderia seguir segurando sua mão e então tudo foi mais fácil até saírem do outro lado. A lua iluminava tudo o que foi um alívio, Eduim a pedio uma das garrafas com as luzes vivas, com cuidado foi mais a frente e a abriu deixando-os sair voando, ele esperou um pouco até que lá no alto viu um sinal feito por outro guarda e assim começaram a descer a encosta até o rio da Serpente.
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A Última Elemental - O Estopim
AvventuraE de repente todo encanto acaba e você nota que o paraíso não é nada mais que uma ilusão. Essa passou a ser a realidade fria e dolorosa de Vanil. Restava a ela duas opções: abaixar a cabeça e torcer por tempos melhores ou lutar. Ela escolheu...