capítulo 1; prólogo

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#Juju&Boladeneve


No final do dia, eu  sentia todos os meus ossos doerem, fiquei trabalhando sem nenhuma pausa para distração. Até gostaria de fazer um descanso, mas com tanto trabalho em cima de mim, era difícil. 

As vezes queria voltar para a época onde era um moleque que corria pelado pela casa. Eu  nunca cheguei a conhecer os pais, apenas via fotos e escutava histórias deles. Desde que era um garoto  rechonchudo vivia com os avós, pensei no que tinha errado quando soube que fui abandonado.  Esses pensamentos não duravam muito, pois minha vovozinha fazia questão de burlar esse assunto e me distraía dando comida. 

Cheguei a pensar que era um erro, talvez eu fosse. Que minha vó não escute isso, porque é capaz dela me colocar pra dormir com as galinhas. 

Apesar de tudo, eu agradecia meus avós por não ter feito o mesmo que meus pais. 

Minha  infância foi fantástica! Na casa dos meus avós, o quintal era imenso e com isso, dava para ter animais de estimação e tinha. Quando mais novo, eu morria de medo das galinhas da minha vó,  na minha cabeça, elas me odiavam e por isso corriam atrás de mim. Eram três galinhas: Margarida, Frida e Mimosa; Frida era a pior. Aquela galinha era o demônio disfarçado. 

E além das galinhas, vovô tinha um galo, Falcão. Ele era igualzinho a Frida e nenhum deles deixava eu chegar perto. Quando tinha que pegar os ovos da galinha, eu precisava ir com vovó, senão sairia de lá cheio de machucado. 
Fora as galinhas e o galo, eu tinha uma porca e um coelho. Juju e Bola de neve. 

Ganhei a Juju no meu aniversário de doze anos, Myeong — minha vovó —, falou que eu já estava pronto para ter um animalzinho de estimação. E meu coelhinho, resgatei ele depois da chuva que estragou o vilarejo todo. 

Quando cheguei a maioridade, resolvi fazer faculdade na cidade. Eu até gostava do vilarejo, mas queria experimentar coisas novas. Lembro-me que vovó e vovô ficaram muito tristes com a minha decisão, porém me apoiaram em tudo. Nos primeiros meses, eu sofri muito, meu colega de apartamento fazia muito barulho e nem sempre eu conseguia descansar. Mas com o tempo fui me acostumando com a rotina de lá. 

Teve muitas vezes que ligava para meus avós na madrugada, pedindo para me desculpar por não conseguir aguentar. Quis desistir e voltar para casa, mas lembrava o motivo de ter ido pra cidade e toda minha coragem vinha. 

E agora, vendo tudo que conquistei, fiquei feliz por ter recebido todo apoio dos meus avós. Sem eles não teria me formado e hoje não seria um grande escritor. 

Estava tão absorvido nas minhas lamentações, que mal ouvi ser chamado, só senti um cutucão no meu braço. 

—   Jeon, não acha melhor ir para casa? — Yeji, minha noona e amiga da editora, perguntou. — Está há horas aqui, todos já foram embora. 

Kim Yeji tinha me apresentado à editora quando fui contratado. Desenvolvemos uma amizade muito rápido, ela era uma ótima companhia e companheirismo ia além do trabalho. 

— Não se preocupe, Ji, eu já acabei. Só estava terminando de ver algumas coisas. 

— É claro que vou me preocupar, Jun, você é meu dongsaeng favorito. — ela afinou a voz enquanto espremia minhas bochechas. Aquela porra dói. — Por que você não tira umas férias? O verão tá chegando, vá viajar pra praia. 

— Eu não gosto de praia. — resmunguei. 

— Então vai visitar seus avós, cê não estava reclamando que estava com saudades? Essa é a hora. 

Férias De Verão | TaekookOnde histórias criam vida. Descubra agora