24-Supercorp - Lex.

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Na mente cansada e exausta de Lena não havia espaço para lidar com ninguém, muito menos uma namorada viciada que usa o nome dela como desculpa para se drogar.

— Mas Lena, entenda que não é fácil pra mim ser uma mulher de negócios e todo o resto como você — disse chorando — as vezes eu preciso de algo mais pra me manter de pé!

Os olhos verdes da Luthor se forçando a não chorar e demonstrar tal sentimentalismo a quem não merece.

— Se alguém te cobra isso? Garanto que não sou eu Andrea — disse e deu as costas a namorada — eu pensei que seu jeito louca e espontânea era porque gostava de mim. Mas pelo que eu estou imaginando, você poderia estar sempre chapada e ficar afim de mim ou de um pedaço de pizza ser só questão de oportunidade.

Ainda que a discussão fosse render muito mais, Lena concluiu que não faria sentido seguir por esse caminho com a namorada, que provavelmente pela falta de sobriedade não compreenderia no momento a natureza da situação.

Foi até a garagem e entrou no carro, depois apertou o botão no painel e abriu a porta para então sair, na estrada deixou o carro em uma velocidade mediana que não demandava atenção exagerada, e por se tratar de uma longa pista reta, daria a sua mente liberdade pra pensar. E todo motorista sabe o quanto dirigir quando se precisa pensar pode ser relaxante.

Mas se questionava em pensamento se deveria terminar de vez com a namorada? Seria o melhor e certo a se fazer, mas uma parte dela ainda gosta da "Andrea Rojas" amiga, companheira, divertida, meio louca mas bem-intencionada que sempre soube fazer os problemas — por maiores que fossem — se tornarem pequenos diante a sua simples presença. Mas quanto desta Andrea realmente existiu? Seria ela e sua espontaneidade fruto do consumo de drogas? Daí Lena notou os sinais.

Quatro meses atrás as duas foram juntas para uma conferência no Vale do Silício apenas para as pessoas mais influentes do país, e que por associação também pertencem a maior parcela dos consumidores da matéria que dá nome ao local, e ainda mais exclusivo era o Spa pra mulheres que se localizava no alto de uma montanha, onde segundo o panfleto até o ar seria bom pra pele.

Foram três longos dias de palestras e mais palestras chatas, e três longas noites onde Andrea parecia insaciável na intimidade, por vezes Lena achou que a namorada era movida a energia ou fosse de outro planeta pra conseguir ter tanto vigor. E em outra situação Lena teria notado os sinais mas estava apaixonada, então quando a namorada dizia que o combustível era paixão, ela se deixava acreditar.

Mas o pior cego é aquele que não quer enxergar, três ou quatro dias em "potência máxima"? Esse era quase o padrão da namorada, porém depois ela passava um dia inteiro estressada, mau humorada e irritadiça, além do que o ímpeto dela para qualquer coisa que não fosse bebida era quase nulo, um dos efeitos de consumir o psicotrópico era a depressão profunda após o efeito se dissipar caso não seja consumido mais da mesma imediatamente, e obviamente quanto mais tempo consumindo menos ela faz efeito e as chamadas "ressacas de pó" são crises de rejeição do organismo a substância, enquanto o cérebro que é onde os psicotrópicos atuam deseja mais. Lena se sentiu tola por não perceber.

E apesar de no momento a L Corp não lidar mais com cocaína, nem sempre foi assim e ela conhece bastante sobre, ao menos a parte teórica da coisa pois Caitlin Snow já lhe disse que uma das regras para se tratar de negócios com a droga é jamais a usar, e que os traficantes de confiança dos Snow são submetidos a testes toxicológicos periodicamente para garantir que não usam o produto.

E na mente dela foi impossível não pensar em Kara, como ela jamais faria algo tão estúpido com a própria vida.

E novamente esses malditos pensamentos doentios a torturando, o desejo por Kara aumentando cada vez mais em sua confusa mente, desejou deitar-se e dormir por um longo tempo, e com uma dualidade tão perversa que seria digna do próprio Diabo, ela desejou Andrea ao seu lado na cama, e desejou Kara também mas não as duas ao mesmo tempo, o que lhe provava que ao menos um pouco de sanidade em sua mente ainda restara.

***

Em Freeland, dois carecas estavam prestes a provar ser contrária a crendice popular de que todos os carecas, gordinhos ou baixinhos se entendem.

Um helicóptero militar exclusivo e supostamente um dos mais silenciosos do mundo pousou sobre o telhado da cobertura de Tobias Whale, praticamente indetectável ele não chamou atenção alguma desde o momento em que entrou no espaço aéreo da cidade.

Da aeronave saíram aproximadamente vinte homens, mercenários de Kásnia que são tão leais a Lex Luthor que morreriam por ele com um sorriso na face e uma mão sobre o peito. Todas as armas que eles portavam foram equipadas com silenciadores, e após cinco minutos um deles fez sinal para que o homem deixasse o veículo.

O conjunto social de Lex composto por todas as roupas que compõe o terno preto exceto pela gravata roxa o concediam sempre um ar sombrio. Ao retirar apenas o paletó, ele parecia ainda mais ameaçador, não por ser forte ou musculoso, mas pela própria expressão corporal que transita entre um homem contido e racional, e alguém capaz de surtar sem motivo algum.

Tobias Whale pareceu um arranjo cósmico trajando um belo terno branco e muito bem passado, o albino chegava a sorrir — gargalhar na verdade — ainda que a situação pra ele não fosse das mais favoráveis.

— Finalmente nos conhecemos Tobias Whale — disse Lex sentando em uma poltrona a frente do anfitrião — acho que já era tempo não concorda?

O outro parou de gargalhar e olhou pra Lex com o cenho fechado e a testa franzida.

— Permita que eu discorde, Luthor — falou aparentando um tédio incomum — mas aceito seu helicóptero como pedido de desculpas por aparecer no meu domínio sem convite e sem ser anunciado, e eu pensando que o grande Lex Luthor era um príncipe, temo ser outro engano.

Arrogante demais conluiou Lex, levando em conta que todos os soldados de Tobias ou estavam mortos, ou com as mãos na nuca e de joelhos perante os mercenários de Kásnia.

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