63-Supercorp - Do que os heróis são feitos.

22 5 0
                                    

Bary Allen já não participava de uma missão militar há algum tempo, todavia algumas coisas estão enraizadas no DNA de qualquer indivíduo, especialmente quando reforçadas desde a infância, como basquete em Nova York ou futebol no Brasil, os menininhos praticamente aprendem a caminhar com uma bola como companheira, logo é natural para eles lidar com o objeto. Para Barry lidar com armas e táticas era tão natural quanto respirar, o pai dele assim como o avô foram militares e ele praticamente se sente em casa com o aroma de pólvora somado a adrenalina.

Assim mesmo procedeu, os instintos de Barry já faziam o corpo dele se mover sozinho, o pescoço nas direções certas permitindo aos olhos vasculhar todo o perímetro, as pernas e pés lenta e cautelosamente para evitar barulhos, os braços apontando a arma na melhor posição, — pouco acima do coração — e as mãos firmes e prontas para atirar no momento certo.

— Dois deles a T-12 segundos Norte — Hope falou ao ouvido do Allen.

A fala da IA surpreendeu Barry, ele tirou uma granada explosiva do kevlar com a mão esquerda e com o dedo indicador ele arrancou o pino e mentalmente contou até oito antes de jogar a mesma para trás no corredor que leva a lavanderia. A explosão da granada matou os dois mercenários que por ali caminhavam e alertou todos os outros.

— Achem ela! — Um dos mercenários falou alto.

— Ela não basta! Queremos ele, mas não temos o luxo de ser vivo pra torturar, atirem pra matar — outro falou calmo — agrupem em lótus!

Logo foi a vez de Hope falar a Barry.

— Deite no chão e rasteje para embaixo da horta de temperos, ela é feita de mármore no exterior e fixada a parede com suportes de aço, devem protegê-lo dos disparos.

Barry fez como Hope lhe instruiu e como ele também previu, "lótus" era um código para se reunirem em círculo de costas uns para os outros e efetuarem assim disparos em todas as direções. Essa estratégia era chamativa e exagerada demais, porém desespero é poderoso e por mais que fossem assassinos treinados, estavam dispostos a ferir seu orgulho — até mesmo profissional — para matar aquele que tirou a vida de seu líder.

Todavia lidar com Barry já não seria tarefa fácil, — ou mesmo pouco complicada — agora enfrentá-lo usando a tecnologia da L Corp? Para alguém com uma visão total do tabuleiro, parece uma aposta improvável presumir que ele perderia.

A medida que mercenários se espalhavam para vasculhar o perímetro em busca de corpos e portando pistolas, submetralhadoras e até escopetas de assalto, se surpreendiam por não encontrar nenhum corpo na luz fraca do lugar, este que antes estava claro pela sofisticada e futurista iluminação escolhida por Lena.

— Sr. Allen, as ameaças possuem coletes balísticos resistentes e todos estão no presente momento portando armas de grosso calibre e carregadas, sugiro distraí-los.

Assim mesmo Baarry fez, jogou uma granada de fumaça como se fosse uma bola de basebol na direção da adega do apartamento, sendo este um imóvel de luxo com mais de vinte cômodos, havia espaço para ele se locomover, só precisava da distração correta. Quando a granada estourou os mercenários enlouqueceram.

— Ele quer fugir! — Um deles gritou.

— Fogo nele!

— Esquerda atira meio baixo, direita meio alto, foquem dos dois lados em pinça! — Provavelmente o líder dos homens falou aos seus.

Tanto Hope quanto Barry compreenderam que os inimigos atirariam metade um metro para baixo e a outra para cima, e que o fariam de fora para dentro até os pontos se encontrarem, como uma pinça. O mais curioso foi que assim como o Allen previu, dois deles ficaram de costas para os aliados a fim de cobrir a reta guarda, porém só dois deles!

Dois tiros e Barry acertou uma bala no meio da testa de cada um deles. Todavia outro mercenário apesar do já intenso barulho de tiros, da fumaça e da pouca iluminação, percebeu o que acontecia atrás de si e ao se virar já o fez abrindo fogo na direção do ex-policial, o acertando no ombro.

—Sr. Allen, sinto que precisa de cuidados médicos, devo entrar em contato com o Hospital?

— Não Hope, apenas continue me dando assistência e presuma que tenho setenta por cento da eficácia normal do meu braço.

— Um indivíduo comum com esse ferimento teria em média quarenta por cento.

— Eu não sou comum!

— Compreendo o seu pedido, suportar tais níveis de dor por um longo período de tempo enquanto executa movimentos pode lhe causar danos irreparáveis.

— Mais que não proteger aquelas três vidas?

— É muito nobre Sr. Allen.

— Valeu, agora me diga qual flanco é mais favorável.

Hope calculou rapidamente.

— Direito, só dois deles e um vai recarregar a arma em breve.

— Perfeito.

A lógica diria que uma pistola contra armas de grosso calibre não seria eficiente, até alguns especialistas, mas no caso de Barry — ou mesmo Oliver e com certeza Alex — o mais importante e fator determinante é quem puxa o gatilho. O astuto ex-policial atirou nos dois homens e logo sua posição foi alvo de tiros, ele apenas encolheu o corpo e retirou o pino da segunda granada explosiva, depois a atirou.

A explosão ofereceu os poucos segundos de distração que ele precisava para sair daquele local, mas não antes de deixar uma segunda granada — desta vez a última de fumaça — escondida no chão porém com o pino ainda, assim que os inimigos passaram por ali para persegui-lo ele atirou na mesma e uma intensa onda de fumaça se espalhou, permitindo a ele, com a mira termo automática atirar nas cabeças dos seis mercenários.

— Treze deles Sr. Allen, alguma estratégia?

— Não morrer me parece interessante Hope.

— Concordo, mas como pretende fazer isso? Eles estão se espalhando, acredito que fossem duas equipes cooperando e uma delas acabou de morrer.

— Estão dando a volta certo?

— Sim Sr. Allen.

—Eu consigo atrair eles para próximo da cozinha e explodir a tubulação de gás?

— O fornecimento de gás foi interrompido, só existe o gás na tubulação.

— Minha munição não vai atravessar os canos, eu sei disso — constatou o ex-policial encurralado — mas e a faca? Hope, se eu atirar na faca consigo que ela atravesse os canos reforçados?

Hope passou um bom tempo calculando.

— Sim, mas precisará estar de frente para o local da futura explosão e não terá tempo para se proteger atrás de uma coluna ou parede, receberá o impacto da explosão. Suas chances de morrer são de noventa e oito por cento. Pretende arriscar?

— Eu vou! Preciso.

E lá estava ele, Barry Allen pronto para se sacrificar por aqueles que ama, disposto a nunca mais ver seu filho e jamais conhecer seu filho ou filha. Todavia sua esposa dependia dele, sua amiga também, ele pensou no rosto pequeno do filho e então ergueu a braçadeira.

— Hope, me mostre a parede onde está o cano e me indique a melhor posição.

— Um instante Sr. Allen.

Um corajoso sacrifício, digno de um herói.

Supercorp Sick ThoughtsOnde histórias criam vida. Descubra agora