Dezessete

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Como dizer para a outra mãe do seu filho que está grávida? Deveria ter um manual para cada caso. O título de Sara seria:" Como contar a mulher que foi sua amante que está grávida". Seria mais fácil para todos, porque neste momento não sabia mesmo como entrar no assunto.

Ava estava sendo muito amigável, estranhamente amigável. Falou sobre temas banais, nada pessoais, após dizer-lhe que se preocupam com a sua saúde, importava-se muito, desde que  sentaram na mesa, se comportava como fosse uma simples amiga. Quando trouxeram o prato, Sara se afastou, um pouco.

- O que aconteceu? Você não está com fome? Você está se sentindo mal?

- Não, Ava. - Tomou ar. - Nós temos que falar sobre...

- Já sei.. - A interrompeu. - Sei que você acha que te convidei para lhe seduzir novamente ou algo assim,Sara. Mas não... eu... bem, não vou fazê-lo, se é por isso que você está tensa e desconfortável comigo, não se preocupe. Entendo você, não pretendo que saíamos de novo, realmente. Todavia se você precisar de uma amiga, bem... Estou aqui.

"Não vou fazê-lo" e "Não pretendo que saíamos de novo" foi quase a única coisa registrada de suas palavras. Respirou fundo e baixo a cabeça. Ela tinha estragado tudo. Disse-lhe que era melhor para as duas terminar, mesmo aborrecida, aceitou. Agora parecia até contente com essa decisão. Há algumas semanas pensou que não poderia lidar com o que estava sentindo por essa mulher e o seu trabalho, mas agora não tinha essa mulher e nem o seu trabalho, e era ainda pior ficar sem a loira.

Agora essa mesma mulher a traz aqui e diz que não iria tentar nada com ela.

Forçou um sorriso e assentiu, tentando esconder a tristeza que realmente a invadia e inconscientemente passou a mão sobre seu bebê, recentemente era o que sempre fazia quando sentia-se triste, a conectava com o seu filho e lembrou-a que não estava sozinha.

Ava estava tentando fazer isso direito, era melhor tentar serem amigas, embora as intenções fossem um pouco diferentes. Quem sabe? Talvez com o passar dos dias, ela se dê conta que não pode viver sem ela. Devia seguir o seu papel de "Não quero nada além de sua amizade", mas o que mais queria no momento era levantar da mesa, apertar Sara contra si e beijá-la intensamente, na frente todos. Reprimiu o desejo...

Sempre tinha que conseguir falar com ela por outros meios, mas pelo menos estava dando certo. Com o seu precisamos conversar, já esperava que ela iria lhe por em seu lugar de novo, de modo que estupidamente a fez sozinha, pelo menos, havia se imposto como uma amiga, já era algo.

Era tão idiota...

Teria que ir com calma, desta vez teria mais paciência. Não poderia perdê-la novamente. Era insuportável estar sem ela. Estava especialmente bonita neste dia, teve de fazer um esforço exorbitante para não esticar sua mão sobre a mesa e entrelaçar com a de Sara. Nunca em seus trinta anos de vida tinha sentido como uma adolescente, em relação à sentimentos, nem quando era uma. Teve muitas mulheres que deixariam tudo por ela, mas Ava não deixaria por elas. Gostava de Megan, mas foi um tipo de amor platônico. Por ela deixou uma coisa: a sua adolescência. Todos os problemas foram diminuídos e ela se focou em prepare-se para ser a melhor mãe que podia.

- E... Bem. Como vai a academia?

Quando Sara abriu a boca para dizer-lhe que sairia de lá, uma voz estridente a fez se calar novamente.

- Ava! Que surpresa!

Uma mulher que parecia ter cerca de 25 anos. Usava um vestido vermelho, extremamente apertado, que quase parecia uma segunda pele e saltos escandalosamente altos para o horário e lugar. Seus cabelos pretos que ia até os quadris, tão lisos e brilhantes que Sara sentiu um pouco de inveja. Usava muita maquiagem, mas o que mais destacou-se em seu rosto foram seus olhos castanhos claros e semelhantes aos de um gato. Era bonita, não podia negar.

𝑨 𝒑𝒓𝒐𝒇𝒆𝒔𝒔𝒐𝒓𝒂 𝒅𝒆 𝒃𝒂𝒍é - 𝐀𝐯𝐚𝐥𝐚𝐧𝐜𝐞✬ Intersexual✬Onde histórias criam vida. Descubra agora