Observatório Sherlock

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Mycroft, num momento de genuína solidariedade, se ofereceu para fazer chá para os quatro naquele fim de tarde. Na mini-cozinha, John terminava de checar a cicatriz do ferimento de Lestrade (o lufano reiterava exaustivamente a desnecessidade de ficar em repouso) e Sherlock estava submerso nos próprios pensamentos.

A mente do corvino não cansava de germinar a semente que Xenofílio havia lançado. O que aconteceria com aquele que reunisse as Relíquias da Morte? Tornaria-se uma espécie de senhor da morte? A ideia lhe parecia um tanto ilógica tendo em vista que não havia elementos de que, juntas, ela traziam a imortalidade, mas por que Dumbledore teria colocado o símbolo ali? Teria seu mentor dado a ele uma chance de sobreviver quando a hora chegasse?

– Isso é um monte de besteiras. – falou Mycroft, colocando a xícara de chá na frente de Sherlock, num baque forte, como se tivesse lido a mente do irmão mais novo – Não pode ser realmente o significado do símbolo. Deve ser a versão excêntrica de Lovegood.

– Uma versão que faz sentido – insistiu o caçula.

– Não faz. Acha mesmo que a Morte apareceu e...

– É um conto infantil, Mycroft. O autor pode muito bem ter transformado em parábola os feitos de três irmãos que tinham objetos raros em mãos.

– Assim como pode ser somente um conto e estejamos seguindo a pista errada.

– Bom – disse Lestrade após bebericar o chá –, você estava certo sobre o chifre de erumpente.

– Você também acha que essa história é surreal? – perguntou John ao lufano.

– É uma historinha que se usa pra dar lições de moral pras crianças, sabe? "Não saia procurando encrenca, não compre brigas, não mexa com coisas que é melhor deixar em paz. Mantenha a cabeça abaixada, cuide de sua vida e você viverá bem." Ah, e tem as superstições. Talvez essa história sirva pra explicar por que varinhas de sabugueiro dão azar.

– Elas dão azar?

– É o que dizem. "Bruxo nascido em maio com trouxa terá um caso, feitiço ao anoitecer desfaz ao amanhecer, varinha de sabugueiro, azar o ano inteiro." Você já deve ter ouvido esse ditado.

– Eu sou nascido trouxa. Meus ditados são outros. Tipo, "ferradura de pé atrás da porta é boa sorte na hora".

– Se eu visse uma ferradura atrás de uma porta iria achar que estava na casa dos Lovegood.

– De qualquer forma, Greg tem razão – Mycroft interrompeu a conversa fiada. – É só um conto moral pra ensinar as crianças a se comportarem. Todo mundo sabe qual presente as pessoas escolheriam.

– A varinha/capa/pedra – responderam Lestrade, Sherlock e John respectivamente e em uníssono.

Eles se entreolharam.

– Como assim, gente? – Lestrade ergueu os braços, enérgico – A melhor Relíquia é a varinha! Imaginem só, uma varinha invencível! Os Comensais nunca mais seriam problema!

– Essa varinha atrairia problemas maiores ainda – ponderou Sherlock.

– Só se você fosse retardado e saísse por aí agitando a varinha e dizendo: "Tenho uma varinha invencível, venha enfrentá-la se acha que é bom." Se a pessoa ficar de boca fechada...

– Você acha mesmo que essa pessoa conseguiria ficar de boca fechada? É preciso ter uma maturidade muito grande pra nunca revelar que tem a varinha mais poderosa do mundo. Já a Capa é perfeita pra escapar de problemas. A minha nunca me deixou na mão.

Potterlock - As Relíquias da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora