Epílogo

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Godric's Hollow, nº 12.

O Sol ainda estava frio, mal havia despontado no horizonte, o céu oscilava entre o azul clarinho e o lilás suave, a rua ainda estava deserta naquela hora da manhã.... De repente CLAC! Um homem acima dos quarenta anos, trajando sobretudo verde escuro e chapéu coco marrom, brotou na frente da casa de dois andares, do tamanho da necessidade dos moradores. A mão esquerda carregava a maleta, mas a falta de força fez a alça escorregar pelos dedos e cair perto de seu pé.

– Porcaria... – grunhiu o homem guardando a varinha no bolso interno do sobretudo para pegar a maleta com a mão direita. A esquerda tinha uma uma extensa cicatriz que se ramificava pelo seu antebraço e, de alguma forma, debilitava o órgão com o passar dos anos.

Bateu na porta de madeira de uma forma rítmica, codificada, e ouviu barulho de trincos girando e ferrolhos se arrastando. Depois do último "tlec" a porta se abriu sozinha.

O homem atravessou o batente, tirou os sapatos e colocou o chapéu coco no suporte de madeira. Deixou a pasta no chão e esfregou o rosto barbeado, já com algumas rugas, macilento de tanto sono.

– Seja bem vindo, John Watson, meu senhor!

A voz aguda se fez presente um pouco antes de surgir um elfo vestindo roupas com combinações destoantes; uma meia roxa e outra amarela, suéter de bolinhas verdes por cima de um casaco rosa e cinco gorros bordados pela sra. Hudson.

Ao vê-lo, John franziu o cenho:

– Dobby?! Hoje não é a sua folga?

– Dobby decidiu ajudar minha senhora a se arrumar, meu senhor! – o elfo se apressava em pegar a maleta para colocá-la no armário – É um grande dia para ela!

– Eu não me sinto bem com isso.

As orelhas do elfo ficaram mais atentas.

– O sr. Watson acha que Dobby é um trabalhador inconveniente?

– Não, não! Inconveniente não. A casa estaria de cabeça pra baixo se não fossem os seus serviços. Eu só achei que você ia, sei lá, passear com a Winky.

– Ah, mas Dobby fará isso mais tarde, meu senhor. Dobby está fazendo um favor agora.

– Certo. Um favor então. Hm... Bom, Marie está acordada?

– Sim. Disse que acordou assim que Dobby chegou.

– E Sherlock?

– Sherlock Holmes está dormindo no laboratório, senhor. Dobby achou melhor não acordá-lo.

– Tudo bem. Eu vou arrancá-lo de lá.

No meio de um bocejo, John subiu a escada de madeira. A casa era bem parecida com a antiga Concha Holmes, meio rústica e meio requintada, cheia de enfeites de madeira adornando as paredes, castiçais encantados para iluminarem o ambiente e fogos azuis flutuando dentro de frascos de vidros. John empurrou com o pé uma pelúcia, depois uma boneca, quase escorregou num carrinho e juntou uma peça de xadrez. Abriu uma das portas de madeira e respirou fundo, deliciando-se com o cheiro do próprio quarto. Estava tentado a se jogar na cama de casal, afundar-se nos lençóis fofinhos e dormir por várias horas, mas o dever chamava.

Na frente da cama havia um baú de madeira com estofado turquesa, a mesma cor do papel de parede. John abriu a tampa acolchoada e colocou um pé dentro, depois outro, e foi descendo a escada que dava para o grande laboratório escondido no espaço magicamente ampliado. Aquele era o local favorito de Sherlock e parecia uma versão aumentada do escritório de Snape, com a diferença de que havia dois murais cheios de recortes do Profeta Diário e várias geringonças coloridas e fumacentas, que se moviam sozinhas, espalhadas pelas mesas. O local fora encantado com Feitiço de Isolamento Acústico para que Sherlock pudesse fazer todo o tipo de experimento e ainda matar o tédio sem perturbar ninguém. E não adiantava John reclamar da bagunça, o lugar nunca ficava arrumado.

Potterlock - As Relíquias da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora