Antes de Mil Anos

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John foi alvo de toda atenção no Chalé das Conchas. A sra. Hudson propôs um jantar com estilo e um brinde com bom vinho em comemoração ao grande feito do grifinório. O sr. Morstan providenciou tudo, já que era o único que podia se locomover pela cidade sem problemas. Mycroft foi o que mais comeu, sob o rabugento discurso de que nunca se sabe quando vai precisar acampar por aí de novo.

Vez ou outra alguém insistia - direta ou indiretamente - para um dos integrantes do quarteto contar onde estavam e o que faziam antes de pararem na casa dos Moriarty, mas os rapazes sempre davam um jeito de desconversar. Especialmente Sherlock. O corvino não gostava de barulho, de multidões e não estava com tanta fome assim, então disse que iria dar uma volta pelos arredores (deixando todo tensos ante ao medo dele simplesmente cair fora dali). John não o viu mais desde então.

Na manhã seguinte, John foi o último a acordar, já que ninguém mais estava no quarto. Realmente estivera exausto. Olhou para o catre vazio e bem arrumado de Sherlock e, lá no fundo, sentiu-se um pouco frustrado pelo corvino não fazer parte da multidão que veio lhe parabenizar. Sequer lhe mandara uma frase de felicitações. Um "bom trabalho, John" seria suficiente. Não, não seria. "você é incrível, John" é bem melhor. Melhor ainda seria um "você é a coisa mais maravilhosa que existe, John" ou então "John, eu te amo, vamos voltar a namorar?" antes do corvino o atirar numa cama.

Balançou a cabeça e bateu na própria têmpora ao se flagrar devaneando. Sherlock deixou bem claro que não o namoraria mais. Que preferia ver ele com outra pessoa do que passar novamente pelo que passou. Além disso tinha toda aquela história de guerra bruxa, Criança-Que-Sobreviveu, esperança do mundo bruxo, Voldemort, etc e tal. Se havia um momento que Sherlock faria uma pausa para repensar os assuntos do coração, não seria esse.

Levantou-se e foi para o banheiro. Depois que saiu do quarto, só precisou dar quatro passadas pra ver um pequeno elfo abrindo uma porta.

– Dobby!?

Ao mirar o bruxo, o elfo abriu um largo sorriso:

– John Watson, Dobby está pronto para servir!

Ia fazer uma reverência, mas acabou se curvando de dor.

– Não, não, não. Dobby, você tem que voltar pra cama – o bruxo abriu mais a porta do quarto e fez sinal para ele entrar – Ficar deitado. Deitadinho.

– Mas Dobby quer trabalhar, meu senhor! Dobby não nasceu pra ficar deitado na cama!

– Você vai poder fazer o que quiser quando ficar bom. Olha só, imagine que eu resolvi colar duas fatias de torta com creme. Imaginou? É assim que você está por dentro. Precisa descansar e se alimentar até cicatrizar completamente.

O elfo espremeu os lábios parecendo uma criança que não tem argumentos para enfrentar um adulto. Era a primeira vez que John o via assim.

– Dobby, logo você vai se recuperar – falou o rapaz de modo mais complacente –, mas pra isso ser mais rápido, precisa descansar. Você já fez muito por nós.

A cara de birra do elfo deu passagem a uma expressão mais resignada. John o acompanhou até a cama e o ajudou a se deitar. Alguém já havia trazido mingau de aveia para o elfo e ele bebera tudo. Depois de algumas perguntas de rotina e uma checada rápida, John enfim percebeu que fizera um bom trabalho. Antes estava apenas aliviado por tirar Dobby do perigo, mas, analisando o organismo novamente com o feitiço Ilcorporis e tendo em vista que era só um estagiário, pôde constatar que reparara a lesão muito bem. Madame Pomfrey ficaria orgulhosa, esperava um dia poder contar esse feito a ela.

– Você vai se recuperar rápido – John falou, olhando orgulhoso para o holograma.

– Rápido quando?

Potterlock - As Relíquias da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora