Duendes e Dragão

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O desfile de Belatriz e Travers, somado ao fato do bruxo com olho ensanguentado estar estuporado na beira da rua, foi suficiente para todos os mendigos sem varinha correrem para longe. A bruxa tentava esconder o próprio nervosismo e rezava para que Travers não quisesse puxar conversa. As mãos suavam e de vez enquanto ela se pegava olhando para o outro lado, ansiosa. Para seu alívio, chegaram logo às escadas de mármore que levavam às grandes portas de bronze do Gringotes. Tal como Grampo os prevenira, os duendes de libré que normalmente flanqueavam a entrada tinham sido substituídos por dois bruxos, ambos segurando longas e finas varas de ouro.

– Ah, os honestímetros – suspirou Travers, teatralmente –, tão rudimentares... mas tão eficientes!

E começou a subir os degraus, acenando com a cabeça à esquerda e à direita para os bruxos, que ergueram as varas e as passaram de alto a baixo por seu corpo. Os honestímetros detectavam feitiços de ocultamento e objetos mágicos escondidos. Felizmente, os invasores já estavam preparados para isso. Por baixo da Capa da Invisibilidade, Sherlock apontou a varinha para cada um dos guardas e mentalizou: "Confundo". Os dois estremeceram brevemente quando Belatriz subiu as escadas.

– Um momento, madame – disse um dos guardas, erguendo o honestímetro.

– De novo?! – exclamou a bruxa com voz autoritária. – Mas você acabou de fazer isso!

Travers se virou, as sobrancelhas erguidas. O guarda ficou aturdido. Olhou para o seu fino honestímetro de ouro e em seguida para o colega, que falou com a voz ligeiramente pastosa:

– É, você acabou de revistá-los, Mário.

Belatriz fechou a cara e continuou a subir com arrogância, Sherlock e Grampo trotando invisíveis em sua cola. O corvino olhou para trás ao cruzar o portal do banco e viu os guardas coçarem a cabeça.

Na parte de dentro, dois duendes estavam postados diante das portas internas feitas de prata. O grupo passou por elas até chegar ao vasto saguão de mármore do banco, que era ocupado por duendes sentados em banquinhos altos.

Belatriz e Travers se dirigiram a um velho duende que examinava, com um óculo, uma grossa moeda de ouro. Depois de um tempo, jogou-a para o lado e falou sem se dirigir a ninguém em particular "Leprechaun", em seguida olhou para os clientes. Travers foi na frente e lhe entregou uma chaveta de ouro. O banqueiro examinou-a e restituiu-a. A bruxa foi a próxima.

– Madame Lestrange! – disse o duende, evidentemente surpreso. – Céus! Que... que posso fazer hoje pela senhora?

– Quero entrar no meu cofre.

O velho duende pareceu se encolher ligeiramente. Sherlock olhou para os lados e percebeu que vários outros duendes tinham levantado a cabeça do seu trabalho para olhar para a bruxa.

– A senhora tem... identificação? – perguntou o banqueiro.

– Identificação? N... nunca me pediram identificação antes!

– Eles sabem... – sussurrou Grampo ao ouvido de Sherlock.– Devem ter sido avisados de que poderia aparecer um impostor.

O corvino encheu-se de uma estranha felicidade. Se foram avisados para tomarem cuidado com um impostor, então realmente havia algo de Voldemort dentro do cofre. Foi muita sorte ainda não terem tirado a coisa de lá, que nem Dumbledore fizera com a Pedra Filosofal no passado.

– A sua varinha será suficiente, madame – disse o duende com cautela.

Sherlock pensou rápido ao ver Belatriz estender, trêmula, a varinha para o banqueiro. Apontou a varinha de John para o duende e sussurrou:

Potterlock - As Relíquias da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora