Quando o susto passou, Sherlock se pôs de pé e assumiu uma postura defensiva, apontando a varinha para John.
– Prove quem você é.
– Sherlock, se eu fosse um inimigo...
– Prove!
Os dois estavam tremendo de frio, com cada músculo atrofiado pela dor, os lábios trêmulos e um risco grande de morrer de hipotermia. Ainda assim, o corvino parecia decidido a estuporá-lo para dentro da água se o rapaz não provasse quem de fato era. Aliado ou inimigo, ninguém tinha o direito de fazer aquele tipo de jogo com ele.
– Sou John Hamish Watson... – respondeu o grifinório com dificuldade por causa da camada de gelo envolvendo sua pele e suas roupas – Nascido trouxa... tive meus poderes selados na infância... meu Patrono tem forma de cão... eu estava viajando com você, Greg e Mycroft... pegamos uma Horcrux... mas eu fui embora depois de falar... falar e fazer coisas cruéis...
Uma compilação de emoções desagradáveis se amontoou no peito de Sherlock, que agora parecia mais pesado do que antes. Era realmente John ali. O braço que segurava a varinha bambeava e não era só por causa da temperatura baixíssima. Lidar com a volta daquele bruxo parecia tão difícil quanto lidar com a ida dele.
– ... quenterralopus... – murmurou o corvino.
Um jato de ar quente foi lançado em John, aquecendo-o e trazendo uma rápida sensação de conforto. O grifinório sentiu tanto alívio que poderia se sentar ali e curtir o calor, e talvez até tivesse aproveitado o aquecimento por mais tempo se não estivesse em cima de um lago congelado.
Depois, Sherlock usou o mesmo feitiço em si e recolheu a bolsa de cordões com o resto das roupas.
– Como chegou até aqui? – perguntou o corvino como se a presença do rapaz fosse incômoda – Como me encontrou?
– Eu... estive procurando por você faz dias – murmurou John, acariciando o braço que segurava a espada. – Pensei que teria que me entocar de novo embaixo de uma árvore e esperar amanhecer para lhe encontrar... mas então vi aquele brilho e depois ouvi um barulho de água.
Com a ajuda da luz que conjurou na ponta da varinha, Sherlock reparou na costa da mão esquerda de John, exatamente aquela que acariciava o braço com a espada. O grifinório estava sem o anel-escudo. No lugar dele surgira uma horrenda cicatriz que brotava no dedo anelar e se estendia pelos metacarpos até sumir por baixo da manga do casaco, como se fosse uma perigosa rachadura.
O corvino baixou a varinha e virou as costas.
– Venha – disse, e John o seguiu a passos apressados.
– A espada apareceu pra você naquele lugar?
– Não. Alguém a colocou ali, alguém que não pode ser visto. Vou fazer o jogo dessa pessoa por enquanto.
– Alguém...? Então alguém quis matar você?
– Se alguém quisesse me matar, existiam formas menos trabalhosas. Acho que a espada teve que ser colocada no fundo do lago porque para usá-la tem que demonstrar coragem – os pés dele encontraram a terra coberta de neve e deram mais algumas passadas. – Se for isso mesmo, você acabou de conquistá-la.
– Eu?!
O corvino parou de andar e enfiou a mão dentro da bolsa. Tirou de dentro o medalhão e, dessa vez, podia sentir a joia balançando um pouco, como se tivesse um bicho preso lá dentro, querendo sair.
Então ele se virou para o grifinório.
– Vou pedir que se abra usando a língua das cobras. Aí você destrói com a espada.
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Potterlock - As Relíquias da Morte
FanficOs Comensais da Morte estão no auge do seu poder, o Ministério da Magia foi tomado, nascidos trouxas e traidores do sangue estão sendo caçados por todos os lados. E, nessa onda de terrorismo, Sherlock e John precisam fugir para encontrar e destruir...