A Nova Política do Ministério

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Londres estava movimentada sob um sol radiante. John e Lestrade se juntaram a vários homens com capas, chapéus cocos e maletas que desciam para o que parecia ser um simples banheiro público de metrô, azulejado em preto e branco, e bem encardido. Uma fila de funcionários do Ministério da Magia esperavam a sua vez de entrar nas cabines do banheiro fedendo a mofo, e vez ou outra ouviam o som de descarga sendo dada. As pessoas visivelmente evitavam o bruxo no qual John havia se transformado, mais particularmente o sr. Donovan, que lhe deu uma encarada mordaz antes de ir para uma outra fila.

Algo pequeno pousou em seu ombro e bicou sua orelha. Pelo visto, o corvo invisível estava com ele.

Na fila ao lado, um bruxo de vestes azuis cumprimentou Lestrade:

– Bom dia, Reg! Já se acostumou?

– Difícil... – a voz do homem em que Greg se transformara respondeu, trêmula.

– Obrigar a gente a entrar no Ministério dessa maneira! Quem estão esperando que apareça? Sherlock Holmes?

O lufano forçou uma risada. Ele e John entraram em cubículos contíguos e, uma vez sozinho - ou quase -, o grifinório fitou a privada à sua frente.

– Certo, Sherl... – sussurrou – eu sei que você não gosta disso, mas há risco de você não poder entrar.

E, num movimento rápido, agarrou o corvo invisível, que grasnou alto demais, e trouxe a ave pra junto do peito. Em seguida, colocou os pés dentro do vaso, sentindo-se excepcionalmente tolo, e puxou a corrente da descarga. No momento seguinte, desceu veloz por um cano curto e emergiu em uma lareira no átrio do Ministério da Magia, onde bruxos e bruxas apareciam saindo de diversas lareiras para começarem sua rotina. As chamas verdes envolviam John por toda parte antes dele sair do caminho, apressado e confuso. Estava seco, mas sentia como se tivesse passado por dentro de uma tubulação cheia de água.

Andou aos tropeços enquanto soltava a ave. Seu corpo era muito mais alto e pesado do que estava acostumado.

– Precisava me esmagar daquele jeito? – a voz de Sherlock soou baixinha. – Achei que eu ia morrer sufocado!

– Desculpe, desculpe... Não to acostumado a ser tão fortão.

John deu uma olhada em volta e percebeu que o grande átrio havia mudado. Antigamente, uma grande fonte ocupava o centro do saguão, sendo que a água brotava das estátuas de um bruxo, uma bruxa, um duende, um centauro e um elfo. Agora, em seu lugar, havia uma gigantesca estátua de pedra de um bruxo e uma bruxa sentados em tronos feitos de corpos nus; homens, mulheres e crianças, todos prensados e com feições idiotas e feias, torcidos e comprimidos para sustentar os bruxos com belos trajes.

Trouxas. No lugar onde deveriam estar.

Gravadas em letras de trinta centímetros de altura na base da estátua, havia as palavras: MAGIA É PODER.

Enquanto John fitava a estátua com repulsa, outro bruxo acabava de tombar com as suas costas.

– Hei! Sai do caminho, seu... ah, Runcorn! Desculpe!

Visivelmente assustado, o bruxo afastou-se depressa. Aparentemente o homem de quem John usurpara a identidade intimidava os outros.

– Psiu! – o bruxo da Manutenção Mágica com cara de furão gesticulava para ele. Ao lado estava a bruxa Mafalda.

John sentiu a mão de Sherlock puxar seu braço até Lestrade e o irmão. Era extremamente esquisito perceber o corvino pequeno e frágil perto dele. Mais esquisito ainda era olhar para aquela mulher miudinha e imaginar que era Mycroft.

Potterlock - As Relíquias da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora