Vinte e cinco.

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Pago o café e me direciono para a saída da cafeteria, onde – por acaso – esbarro com Madison.

— Savannah? — a loira pergunta quando me reconhece.

— Oi, Madison. — me esforço para dar um sorriso.

A garota retribui com um sorriso bem mais genuíno que o meu e me dá um rápido abraço, do qual eu não me movo.

— Sabe, eu estava pensando em você ainda hoje! — diz animada com a coincidência — Logan me disse que você vai pra festa no sábado, vai ser legal pra gente se conhecer, sabe. Sempre parece que você está me evitando. — ri.

Talvez seja porque eu realmente estou...?

— Deve ter sido impressão. — sorrio sem graça — Bem, eu tenho que ir, tchau. — saio sem olhar duas vezes para trás.

Eu prometi para Logan que a trataria bem durante a festa mas nem um minuto a mais. É muito cedo pra eu ainda pensar em ser simpática com alguém.

[•••]

— Odeio aula de educação física. — reclamo para Logan.

— Essa é uma das únicas aulas em que estamos juntos, então eu gosto. — diz esticando os braços, se alongando.

Verdade.

Solto um longo suspiro e olho entediada para minhas próprias unhas. Eu deveria pinta-las de preto.

— Você vai me deixar fazer sua unha na próxima vez? — suplica quando percebe que estou olhando pra elas.

— Logan, da última vez você queria fazer com estampa de vaca! Se for pra fazer, tem que fazer direito.

— Mas é que você sempre pinta de preto, é sem graça. Não dá espaço pra imaginação. — diz tentando me convencer com emoção.

— É uma unha. Não precisa de espaço pra imaginação. — respondo simples.

O professor do outro lado da quadra chama nossa atenção pedindo pra nos aproximarmos. Relutante, vou depois de Logan me obrigar.

— Se for pra conversar, conversem fora da minha aula. Aqui vocês tem que fazer a atividade que é passada. — diz autoritário.

Sua barba por fazer e barriga de chope saliente lhe dá um ar de desleixo, assim como a mancha de algum molho na gola de sua camisa.

— Certo, nós vamos- — Logan começa antes de eu o interromper.

— Na verdade, estou morrendo de cólica, posso ficar sem fazer a aula hoje?

O professor cruza os braços, franzido o cenho em minha direção.

— Você já disse que estava com cólica semana passada, Srta. Taylor.

— Bem, eu tenho certeza que você não quer que eu explique o corpo feminino e seu funcionamento, certo? Quer dizer, isso seria um pouco estranho pra um professor de educação física. — ergo uma sobrancelha, ainda séria. Como o professor não fala nada, continuo: — Eu posso ir falar com a diretora sobre como você não respeita as dores de suas alunas, se preferir.

— Não, não é necessário. — diz prontamente — Pode ficar nas arquibancadas.

— Eu fico muito triste quando estou menstruada, — o professor parece estremecer com a palavra — não quero ficar sozinha, Logan pode ficar comigo? — faço um biquinho e abraço o braço de Logan.

O professor pesa as consequências que teria se negasse e, resistente, diz:

— Eu sei muito bem que a senhorita está fingindo, mas como não é algo que eu possa provar, vou deixar passar. Não reclame quando receber um "C" em seu boletim.

Ele cede, provavelmente já cansado de lutar contra adolescentes.

Ele dá meia-volta e vai em direção ao resto da turma para orientá-los do exercício da aula.

Logan e eu damos um rápido "toca aqui" e nos sentamos na arquibancada, assistindo os alunos sofrerem.

— Ele fala como se "C" fosse uma nota ruim. Provavelmente vai ser a maior nota do meu boletim. — digo e começamos a rir.

Ficamos um bom tempo fazendo chacota dos alunos sedentários que mal conseguem fazer três polichinelos, então de repente Logan fica tenso e se vira para mim.

— Madison me contou sobre o breve encontro de vocês na cafeteria.

— Ah, é. Foi bem breve mesmo. — não sei o que falar.

— É, ela me falou que você simplesmente deu as costas pra ela e foi embora. — diz sério.

Observo o garoto.

— É sério que você vai ficar com raiva de mim por isso? — pergunto incrédula — Logan, eu tenho uma vida. Saí rápido da cafeteria porque ainda tinha que entregar o café pro meu vô antes de vir pra escola.

Ele me encara por alguns segundos e seu olhar se suaviza.

— Eu sei, eu sei. — diz acanhado — Eu só quero, por favor, que você trate a Madison bem. Sabe, é importante pra mim. Ela não se importou muito com esse encontro da cafeteria, mas se você for má com ela na festa, com certeza vai ficar chateada.

— "Se eu for má"? O que, agora eu sou uma vilã de novela?

— Com os outros? Sim. Talvez não tanto comigo e com a Riley, mas sim. — ele continua quando vê minha cara de desprezo. — Viu? Essa cara aí! — aponta para minha face. — É disso que eu tenho medo que faça com a Madison. Você sempre é antipática com desconhecidos, sempre sendo grossa, revirando os olhos, ou simplesmente os ignorando.

— Tá, talvez eu seja assim, mas eu não vou ser assim com Madison! Você realmente não consegue acreditar que eu possa ser legal com alguém?

— É um pouco difícil depois que você trata todos à sua volta mal.

E por algum motivo, isso dói. Uma ponta de decepção de saber que a única pessoa que eu confio cegamente tenha esse pensamento e essa falta de fé em mim.

Ele pode estar certo, é claro, mas não deixa de doer.

— Pode ficar despreocupado. Não vou falar pra Madison o grande babaca que o namorado dela consegue ser, quando quer. — me levanto das arquibancadas e saio da quadra.

tavam com saudade deles brigando por qualquer coisa de 5 em 5 minutos?😻

(era pra eu ter postado especial de natal e ano novo mas a burra otaria sonsa aqui esqueceu de se programar entao acabei desistindo mas vou postar eles de qualquer jeito, mesmo que já tenham passado as festas)

Savannah TaylorOnde histórias criam vida. Descubra agora