Quarenta e seis.

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No banheiro de um bar com um tal de Mark. É onde me encontro agora me perguntando como vim parar aqui.

Digo, antigamente transar era quase um hobby. Ou um mecanismo de defesa, que seja. Mas agora ficou estranho.

Talvez seja porque fiz tanto sexo insignificante ultimamente que virou algo rotineiro de uma maneira ruim.

Sinto um grande vazio, uma grande indiferença, como se eu fosse apenas uma casca. Um rosto bonito que não possui nada dentro.

Pressionada contra a parede, encaro meu reflexo no espelho à minha frente. O cabelo levemente bagunçado e meu pescoço sendo tomado pelo cara.

Bufo com impaciência.

— Vai demorar muito aí? — pergunto com tédio enquanto ele continua a se mexer dentro de mim.

Sua respiração ofegante atinge meu pescoço.

— Só... mais um pouco. — diz com dificuldade.

Espero ele terminar, o que não demora mais que alguns segundos e ele logo sai de mim.

— Foi bom pra você? — diz na tentativa de me dar um beijo, mas eu viro o rosto o impedindo, enquanto abotoa sua calça.

Solto um suspiro com um sorriso sem mostrar os dentes.

— Já tive piores. — digo dando dois tapinhas em seu ombro e o empurrando para fora do banheiro antes que ele tivesse a chance de responder.

Apoio minhas mãos na pia e respiro fundo fechando os olhos.

O que estou fazendo da minha vida?

O sentimento vazio continua, junto com algo parecido com raiva. Raiva de mim mesma.

Por que eu sou assim? Por que eu faço essas coisas que não quero, digo coisas que não penso?

Eu queria não ser eu, apenas por alguns segundos. Só para saber se todos se sentem tão vazios quanto eu. Tão perdidos quanto eu.

No bolso de minha jaqueta, procuro pelo pequeno comprimido que guardei ali para emergências e, por algum motivo, hesito antes de engoli-lo.

E, de novo, agora meu reflexo parece decepcionado. Isso antes de eu o mandar tomar no cu.

Lavo meu rosto e espero alguns minutos antes de sair. Vou até a mesa em que me esperam, e encontro Logan se sentando ao lado de Brad.

— Logan! Você veio! — digo surpresa abrindo meus braços e esperando seu abraço.

O menino imediatamente se levanta e me abraça, apoiando seu queixo em minha cabeça. O seu cheiro típico continua ali, não mudando nem um pouco mesmo depois do nosso tempo afastados.

Meu humor imediatamente melhora e eu não acho que seja pelo ecstasy ingerido anteriormente.

— A mãe da Madison não quis ela deixar sair hoje, e como ouvi vocês comentando sobre esse lugar pensei em passar aqui pra dar uma olhada.

Desfaz nosso abraço e faz menção de se sentar, antes de Brad pedir para sair já que ele está sentado no lado da parede.

Tomo o assento ao lado de Riley, ficando frente a frente com Logan.

Savannah TaylorOnde histórias criam vida. Descubra agora