Trinta e cinco.

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— Savannah! — alguém muito distante me chama, sua voz ecoando em minha cabeça.

Eu estou chapada, estou em um sonho, ou estou acordando?

— Savannah, por favor. Fala comigo. — a voz feminina suplica com desespero, em puro pânico. Suas mãos suaves me balançam, apertam, sacodem, provando que não estou em um sonho.

A voz em pura agonia me faz despertar.

— Savannah? Savannah, você consegue me ouvir? — faço esforço para balançar a cabeça que sim. Não acho que tenha me mexido muito, mas é o suficiente pra pessoa, da qual ainda não identifiquei quem é pela voz, passar a mão pelo meu rosto. — Você consegue me ouvir? — repete, agora com esperança.

Uso todas as minhas forças para abrir os olhos, a luz incomodando minha visão e me obrigando a levantar a mão para esconder.

— Você acordou. — percebo que a voz pertence a Ava. Por que o desespero? O que caralhos aconteceu? — Você está bem? — sua voz parece falha e a garota funga como tivesse passado um bom tempo chorando.

Será que Ava está tentando me acordar há muito tempo?

— Sim. — é a única coisa que consigo falar. Meus olhos finalmente se adequaram à luz e agora consigo identificar o teto acima de mim. Estou deitada no quarto da Ava.

Seu rosto está molhado de lágrimas e seus olhos estão avermelhados. Dá pra ver seu desespero apenas olhando seu rosto.

Não é difícil adivinhar porque ela está assim.

— Porra, Savannah! — empurra meus ombros quando percebe que estou viva e bem. — Você é louca? — começa a gritar.

Um zumbido agudo passa pelo meu ouvido, me obrigando a levar as mãos para minhas orelhas afim de tentar aliviar a dor.

Minha cabeça pesa.

Tento me sentar para encarar Ava, apoiando minhas costas na cabeceira da cama. Como vim parar aqui?

— O que aconteceu? — consigo pronunciar antes de sentir uma dor invadir minha garganta.

Acho que estou com tanta dor que meu cérebro está demorando para processá-las.

— Eu entrei no seu quarto para colocar meu celular pra carregar e você estava apagada no chão segurando uma garrafa de uísque pela metade. — suas mãos tremem de nervosismo.

Porra.

— Você achou que eu estava morta? E me trouxe pro seu quarto?

— Eu sei lá o que eu achei! Você não se mexia, por um momento achei que não conseguia ouvir sua respiração! Aonde você estava com a cabeça? — grita. — Eu acho que... Acho que eu...

— Está em choque. — digo simples e a garota assente olhando para as próprias mãos. Começo a me levantar e Ava franze o cenho.

— Aonde você acha que vai? — pergunta autoritária, já vindo em minha direção pra me impedir de mexer.

Nunca vi Ava nesse estado. Ela é uma pessoa estressada e nervosa, no geral, mas nunca desse jeito. Seus olhos estão vidrados, suas mãos trêmulas, seus ombros tensos e seu rosto avermelhado.

Solto um suspiro impaciente.

— Olha, eu sei que você ficou assustada ao me ver naquele estado, mas não é nada demais. Já aconteceram outras vezes. — digo com tédio e olho pra baixo, só agora percebendo que ainda estou de biquíni por baixo do roupão.

— Não é nada demais? — pergunta incrédula e consigo ver que o pânico está sendo substituído pela raiva. — Eu achei que você estivesse morta, porra! — empurra meus ombros novamente, me fazendo cair na cama já que não estou acordada ou sóbria o suficiente pra conseguir manter o equilíbrio. — Você não tinha nenhuma reação por uns 20 minutos, tentei ligar para a recepção do hotel mas o telefone não está funcionando e meu celular estava sem bateria. — diz tudo em um suspiro, limpando o nariz com o dorso da mão enquanto funga.

Savannah TaylorOnde histórias criam vida. Descubra agora