- Prólogo -

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A época do ano favorita de Marinette sempre foi o Natal. Ela amava as decorações brilhantes, a família reunida, a mesa farta, os presentes e todas as tradições natalinas, mas o que ela mais amava acima de tudo era conversar com o Papai Noel. Por isso, ela ansiava pelo dia em que iria ao shopping e tiraria a clássica foto com o bom velhinho e lhe faria um pedido para seu presente de Natal.

Mas naquele ano, quando ela tinha oito anos, as coisas ocorreram um tanto quanto diferentes. E tudo começou com seu inusitado pedido de Natal.

- Papai Noel, eu quero conhecer meu príncipe encantado como presente esse ano. - a menininha de maria chiquinhas fofas e olhos azuis cintilantes respondeu a pergunta que o senhor de vermelho havia feito.

- Tem certeza disso, Marinette? - a pergunta simplória fez a pequena arregalar os olhos e abrir a boca em surpresa.

- Como o senhor sabe meu nome?

- Eu sei o nome de todas as crianças, Marinette. Afinal, eu sou o Papai Noel. - a garota pareceu concordar como se fosse uma informação óbvia. - Mas então, pequena, você tem certeza de que quer conhecê-lo?

- Claro que sim! Mamãe sempre diz que eu sou uma princesa e que um dia vou conhecer meu príncipe encantado. Então, o senhor pode me ajudar com isso. - ela abriu um sorrisinho infantil, batendo palminhas animadas.

- Tudo bem, você vai conhecê-lo de qualquer maneira. Mas eu preciso lhe contar um segredo; seu príncipe não é do jeito que você o imagina. Você certamente vai amá-lo um dia. E por isso ele vai virar seu mundo de cabeça para baixo, vai bagunçar tudo aquilo que você acha que está certo e vai mudar sua vida para sempre. - a feição séria do Papai Noel se suavizou quando ele terminou de falar.

- Ele vai bagunçar tudo? - o senhor balançou a cabeça em confirmação. - Ah, não! Papai Noel eu não quero um príncipe bagunceiro! - cruzou os braços com um bico mimado nos lábios.

- Um dia você entenderá o que eu quero dizer, Marinette e quando isso acontecer você vai reconhecê-lo. Os olhos de sorvete de menta e os cabelos de ouro, não passaram despercebidos por você. - o rosto do bom velhinho virou-se para frente encarando um menino loirinho entrando em uma loja de brinquedos com alguém que parecia ser sua mãe, uma mulher alta de longos cabelos loiros. - E ele vai estar mais perto do que você imagina.

- Eu não quero conhecer ele se ele é bagunceiro, meu príncipe não é assim. Não quero mais isso de Natal, Papai Noel. Eu posso trocar de presente? - ele soltou uma risada pelo jeito sisudo da menina.

- Vou deixar você pedir outra coisa de Natal, mas não posso prometer que não conhecerá seu príncipe um dia. - falou gentilmente.

Marinette parou de ouvir o que o mais velho dizia no momento em que ele permitiu que ela fizesse outro pedido. E ela rapidamente o fez, desejando uma máquina de costura de brinquedo. Papai Noel gravou o pedido dela lhe dizendo que deveria esperar até a manhã de Natal. Tiraram a foto.

A menina saiu dando pulinhos alegres até a mãe. Sabine a questionou como havia sido e se o bom velhinho realizaria seu sonho de conhecer seu príncipe encantado.

- Eu não quero mais conhecer ele, mamãe! Papai Noel me disse que ele é bagunceiro e nem um pouquinho do jeito que eu imaginei. - o bico birrento voltou para seus lábios.

A mãe soltou uma risada. Agachou ficando da mesma altura da filha.

- Não se preocupe com isso, meu amor. - ela colocou alguns fios rebeldes para trás da orelha da menina. - O Papai Noel do shopping não é o verdadeiro, é amigo um dele. São muitas crianças, então ele precisa de ajuda de outros Papais Noel. - Marinette lhe olhou com dúvida. Ela não parecia convencida, mas deu de ombros, se sua mãe dizia então era a mais pura verdade.

As duas foram embora caminhando de mãos dadas pelo shopping. Marinette nem percebeu quando passou ao lado do mesmo menino loiro de cabelos rebeldes que Papai Noel encarava a minutos atrás.

O senhor de vermelho observou a cena distante.

- Ele está mais perto do que imagina, Marinette. Você o conhecerá de qualquer maneira mesmo desejando o contrário, porque um pedido de Natal não pode ser desfeito. - ele sorriu olhando para as duas crianças. Voltou-se para frente visualizando a enorme fila de pequenos ansiosos para lhe fazer pedidos.

É daquele dia em diante, a menina de olhos azuis desejou de todo o coração que nunca conhecesse o tal do seu príncipe. Mas (in)felizmente para ela, Papai Noel estava certo; pedidos de Natal não podem ser desfeitos.

Pelos primeiros anos que se passaram desde seu pedido, Marinette esperou pelo tal presente do Natal, não que ela realmente quisesse conhecê-lo, mas sua curiosidade ultrapassou a sua vontade de jamais vê-lo. E quando ela cresceu a história foi esquecida. Jogada para escanteio dentro de seu subconsciente, no momento em que a Dupain-Cheng percebeu que aquilo não passava de um conto de fadas bobo de um Papai Noel falso para criancinhas.

E aquela ideia permaneceu em sua mente, mas ela percebeu estar absurdamente errada quando com dezessete anos conheceu Adrien Agreste, o motivo de seu mundo virar de cabeça para baixo.

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