- Bônus; Santa Tell Me -

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Adrien acreditou em cada palavra que Marinette havia lhe contado sobre sua história com o Papai Noel quando tinha oito anos. Ele gostava da ideia de existir magia e algo surreal que ninguém pudesse controlar.

O loiro só não esperava que aquilo aconteceria com ele nove anos depois, naquele início de dezembro, em que o Agreste saia à procura de presentes de Natal, andando de loja em loja no centro lotado de Paris. Ele definitivamente não queria comprar os tais presentes de última hora como quase sempre fazia, naquele Natal ele seria organizado.

Por isso, acabava de sair de uma gigantesca loja de brinquedos, onde se sentiu perdido no meio de tantas bonecas, jogos e carrinhos diferentes. Esperava que a filha primogênita de seus melhores amigos, Alya e Nino, Lina de um aninho e cinco meses gostasse do carrinho que ele havia escolhido, já que a pequena era fissurada neles.

Infelizmente, Marinette não pode ir para ajudá-lo com os presentes. A coleção infantil de Natal da estilista estava para ser lançada e ela estava atarefada demais. Com esse pensamento iria a cafeteria, talvez pudesse passar um tempo por lá, já que a mestiça não estaria em casa naquele horário. Poderia pedir para a viagem o chocolate quente com espuma de chantilly que ela tanto gostava.

Atravessou a rua caminhando para seu destino quando uma voz o chamou:

- Olá, Adrien! - o aloirado observou um senhor de idade em cima de um trenó de Papai Noel, clássico para aquela época do ano.

- Desculpa, mas como o senhor sabe meu nome? - a feição era confusa.

A expressão do senhor de vermelho parecia cansada como se ouvisse muito aquela pergunta.

- Vocês crianças quando crescem se tornam tão complicadas.

- Como é?

- Bom, deixe pra lá. Como sei seu nome é simples. Eu conheço você desde a primeira cartinha que mandou para mim. - ele passou a mão na barba branca e espessa. - Vejamos, na época você me pediu um tecladinho de brinquedo.

Adrien se lembrava do teclado de brinquedo que ganhou quando tinha cinco anos na primeira vez que realmente tinha escrito uma carta para o Papai Noel com a ajuda dos pais.

- E como você sabe disso?

O senhor suspirou. Estalou os dedos. De uma hora para outra, o Agreste apareceu sentado no trenó ao lado do velhinho. Paris se aquietou, não havia mais ninguém na rua.

- Porque eu sou o Papai Noel. E eu faço esse tipo de coisa. - apontou ao redor.

- Isso é loucura. - o rapaz arregalou os olhos olhando em volta surpreso.

- Certamente é loucura pra quem não acredita, mas você acredita, não é Adrien?!

- O senhor é o Papai Noel da história da Marinette! - ele apontou para o homem chocado como se fosse uma criança.

- O único. Pelo menos menos dessa vez você não vai sair correndo e chorando como da última vez que nos vimos, não é?!

- Isso é injusto. Eu era muito pequeno! - O velhinho riu batendo na própria barriga pela feição indignada do Agreste. - Espera, você faz mesmo Ho Ho Ho?

- Não, rapaz, isso é mito. Quem ri assim? - Adrien deu de ombros. - Mas falando em Marinette, quando você tinha oito anos me mandou uma cartinha pedindo que um dia tivesse um amor tão bonito quanto o dos seus pais. Um pedido estranho para um menino de oito anos, mas muito bonito. - o olhou carinhosamente. - Você achou esse amor, criança?

- Achei sim. - ele sorriu tão emocionado pela lembrança de como se aproximou de Marinette e em tudo o que viveram desde então, que ele poderia chorar. - Na verdade, ela caiu do céu pra me salvar de uma boa encrenca que eu me meti na escola. Acho que foi ela que me achou. E eu não poderia perdê-la. Seria um idiota se eu não a pedisse em casamento.

Adrien e Marinette haviam se casado a dois anos em uma cerimônia simples na primavera em um chalé no interior de Paris.

- Eu fico feliz em ouvir isso. - sorriu calorosamente.

- Você só apareceu pra mim pra saber como nós estamos?

- Também, mas não só isso. Fico feliz em saber que valeu a pena. Mas eu tenho uma pergunta para fazer.

O aloirado o olhou com dúvida.

- Qual o seu pedido de Natal?

- Pensei que o Papai Noel não levasse mais presentes pra adultos. - ele riu alto pela brincadeira.

- Não importa o quanto vocês crescem, vocês sempre serão crianças para mim. Mas responda, o que você mais quer ganhar?

- Acho que você não vai poder realizar isso pra mim. Eu não quero uma coisa, eu quero ser pai. - sorriu com o pensamento de cuidar de uma criança.

- Esse é o seu desejo?

- Bom, é. Eu e a Marinette já falamos sobre isso. Ela também quer, a gente só tá esperando acontecer. - deu de ombros.

- Bom, você tem razão, isso eu não posso resolver. - fingiu pensar. Olhou para o relógio grande escondido pelo grosso casaco vermelho levantando a manga. - Ah, olha hora. Acho que você está atrasado, a cafeteira fecha em dez minutos.

- O que? - ele mal entendeu.

- Feliz Natal, Adrien. - sorriu carinhoso.

O senhor de vermelho estalou os dedos. Adrien piscou os olhos abrindo os novamente em frente a cafeteira. O trenó havia sumido e o tumulto de Paris havia voltado ao normal. Sorriu pelo acontecimento inesperado. Segurou a maçaneta da porta do estabelecimento quando ouviu sinos tilintarem, o sorriso se alargou olhando para o céu. Entrou na cafeteria pronto para fazer seus pedidos.

E ao longe, acima das nuvens o senhor de suspensórios vermelhos e roupa felpuda assistiu o aloirado adentrar a loja.

Talvez Marinette lhe desse o melhor presente de Natal naquele ano.

Porque Papai Noel sempre esteve certo; pedidos de Natal não podem ser desfeitos.

⊰᯽⊱

Agora sim, fim.

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