CAPÍTULO 13

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No dia seguinte, cheguei bem cedo na loja. Ainda nem era 8 horas da manhã e encontrei Raquel destrancando a porta de vidro.

- Bom dia Raquel. - falei contente

- Oi bom dia. - sorriu - Caiu da cama, foi? - entramos na loja ainda escura

- Nada! Só tive sorte com os ônibus hoje.

- Sabe que... Eu nunca andei de ônibus?

- Sério?!

- Sim. - riu um pouco

Raquel foi até a caixa de energia nos fundos da loja e acendeu as luzes. Eu a acompanhei para guardar a minha bolsa no armário.

- Eu sempre tive vontade de saber como é. - continuou ela - Parece ser interessante.

- O quê?! - franzi meu cenho - Acha que andar de ônibus é interessante?! - soltei uma gargalhada

- Qual a graça Gisele? - ria comigo sem entender

- Você não faz idéia do inferno que é andar de ônibus!

- Nossa, mas porquê? - começou a ligar o computador

- Assim... se o ônibus tá vazio, se o motorista for bom, se ele não demorar pra aparecer e não te deixar plantada em pé no ponto do ônibus até tarde da noite, aí é até tolerável. Mas quando ele tá lotado, o motorista é péssimo e quando ele demora séculos pra aparecer, isso não tem nada de interessante Raquel!

- Meu Deus! - sorriu com seu rosto inchado de sono - Eu não sabia que tinha esse lado tão ruim.

- Isso sem contar aquelas pessoas que não conhecem banho. Logo cedo a pessoa fedendo a cecê empestiando o ônibus inteiro!

- Ai que nojo! - tampou a boca soltando risos

- Vida de pobre é sofrida Raquel, você nem imagina!

Ouvimos alguém entrar na loja, fui olhar e era a Edilásia, a faxineira.

- Bom dia meninas.

- Bom dia. - respondemos em dupla

- Edilásia, a Raquel nunca andou de ônibus e ela disse que acha aquele trambolho interessante.

- Jesus Cristo! Menina, você tem sorte de nunca precisar de um tranaporte público pra vir trabalhar.

- Pois é. - concordei - É muito sofrimento! A gente cansa mais nas viagens de ônibus, metrô ou de trem do que trabalhando.

- Meu Deus. Eu não imaginava que fosse tão ruim assim.

- Você nem imagina!

- Ônibus é a limusine dos pobres. - disse a faxineira

- Sim verdade - ri com ela

Raquel achou graça da comparação, a faxineira começou a se preparar pra fazer a limpeza na loja e nos banheiros.

- Gisele. - Raquel me chamou - O que aconteceu ontem? O que a Laís aprontou?

- Ah! - revirei meus olhos - Eu descobri que aquela lacráia estava fazendo caveira de mim para os clientes. Contou pra eles que sou do subúrbio. Até ouvi alguns clientes falando coisas horríveis de mim, isso sem contar que aquela piranha roubou a minha tática de venda.

- Mas que cretina!

- Mas o pior de tudo foi quando eu vi uma das clientes saindo do escritório do senhor Depp. Tava na cara que ela foi lá fazer queixa de mim! Mas tive a certeza foi quando a Laís disse que meus dias aqui estavam contados.

- Ordinária! Ela tá sempre aprontando!

- Naquela hora que você falou pra mim pegar minha bolsa e ir pro escritório dele, achei que ele iria me mandar embora. Mas pediu a minha carteira pra assinar.

- Ainda bem! O Johnny é sensato. Ele trabalha aqui a muitos anos, ele sabe lidar com essas coisas.

- Graças a Deus!

- Mas aposto que a Laís mandou as meninas falarem mal de você pros clientes. Ela é esperta! Caso a cliente falasse nomes, ela não diria o nome da Laís.

- É uma piranha né?!

- Pois é Gisele. Se prepare pra mais. Aquela alí não vai sossegar enquanto não te ver demitida.

- É... Eu sei. Quando ela chegar daqui a pouco, vai ficar muito puta em me ver aqui. Porque ela acreditou que, assim como eu, o gerente fosse me demitir.

Raquel assentiu concordando comigo.

- Você poderia me dar a chave do escritório do senhor Depp? - pedi gentilmente

- Até quando ele vai ficar te explorando? - riu me entregando a chave

- Eu não sei bem. Parece que ele não quer mais que eu lhe sirva o café.

- Ué? Então porque você está indo lá preparar?

- Bom... acho que ontem ele só estava desanimado e acabou dizendo que eu não precisava mais servir pra ele.

- É bom se acostumando em ver ele assim, na "Bad". Vira e mexe isso acontece.

- Você sabe o porquê?

- ... Não... Ele não conta nada sobre a vida pessoal dele. Ele é extremamente reservado.

- Entendi. Mas mesmo assim vou lá preparar o café dele e limpar a sala. Você sabe do que ele gosta de comer no café da manhã?

- Bom... - franziu seu cenho tentando lembrar de algo - Eu não sei não Gisele. Nunca reparei do que ele gosta de comer. Acho que ele come em casa. E o almoço ele come lá na praça de alimentação com os outros gerentes.

- Entendi. Ontem até trouxe croissant pra ele. Eu comprei numa padaria lá perto de casa, né. Porque os croissant daqui custam um rim! - Raquel riu do que eu falei

- Ô Gisele? Você tá tentando puxar o saco do Johnny ou o quê?

- Eu?! - arregalei meus olhos - Nunca puxei o saco de ninguém Raquel!

- Então porque tá tão preocupada de querer saber do que ele gosta de comer? Até comprou croissant pra ele!

- Ah Raquel, é a minha forma de agradecer pela oportunidade de trabalho que ele me deu, poxa.

- Tudo bem então. Mas cuidado hein?! Se as garotas perceberem essas coisas que você faz, elas vão usar isso pra te sacanear.

- Vou tomar cuidado sim.

- Elas podem inventar que você tá dando em cima dele e essa fofoca pode chegar nos ouvidos da mulher dele. Cuidado! - me alertou preocupada

- Agora você me deixou com medo Raquel.

- Aproveita que ninguém chegou ainda, dá tempo de fazer o café dele e limpar a sala. Mas faça rápido pra ninguém perceber que você está fazendo isso por conta própria!

- Tá bom! Então vou logo lá! Obrigada Raquel!

- De nada.

Saí da loja correndo pro escritório do gerente antes que as demais funcionárias chegassem.

{Continua...}

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