↬ Prólogo

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Um ano antes

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Um ano antes.

Quando eu tinha cinco anos, minha mãe me levou a uma loja de materiais de construção para comprarmos uma lata de tinta, porque planejávamos pintar as paredes do meu quarto. Tínhamos passado o dia inteiro na rua e eu havia tomado muito refrigerante. Em algum momento, avisei que precisava ir ao banheiro, mas ela pediu para esperar e voltou a conversar com a vendedora. Como estava muito apertada e encontrei um vaso sanitário perto de um dos balcões, não pensei duas vezes. Aquele lado da loja ficou com cheiro de xixi.

Um pouco mais velha, fomos ao mercado e eu, como de costume, fiquei dentro do carrinho de compras. Ela me soltou para pegar alguma coisa e, como eu estava na ponta, à la Titanic, o carrinho virou. Tinha duas bandejas de ovos, que caíram em cima de mim, e aquele foi um momento em que minha mãe não sabia se ria ou me ajudava. Ela riu e me fez andar ensopada de ovo até a nossa casa. Minhas irmãs tiraram muitas fotos.

Aos quatorze anos, eu achava que namorar significava andar de mãos dadas e me gabar para as minhas amigas. Então, quando James Wilson tentou grudar a boca aparelhada na minha, ganhou um soco no nariz. Foi sem querer, mas toda vez que ele me via depois disso, passava para o outro lado de onde eu estava.

Então, eu já deveria estar acostumada com o constrangimento, não deveria? Desde dizer "eu te amo" para o cara da pizza, até acenar para alguém na rua e ver que o cumprimento não era para mim, nunca consegui passar mais de uma semana sem passar por algum vexame. E, por incrível que ainda pudesse parecer, algumas coisas ainda me faziam querer enfiar a cabeça num buraco até a próxima vida.

— Atrasada e praticamente correndo. A história vai ser boa.

A voz de Daisy foi seguida de passos atrás de mim, me seguindo até a minha sala. Com os braços cruzados e os lábios curvados num sorriso de quem sabia que algo tinha acontecido, ela esperou pacientemente enquanto eu guardava a bolsa no armário atrás da minha mesa e ligava o ar condicionado. Flórida era naturalmente um forno, mas costumava piorar depois de um momento constrangedor.

— Ronan já chegou? — perguntei, me sentando à minha mesa, ligando o laptop.

— Já, e mandou você me contar o que está acontecendo. — com curiosidade mal disfarçada, ela se sentou na cadeira de frente para mim, batucando os dedos ansiosos no tampo da mesa.

Sendo a segunda de cinco filhas, acabei ajudando a cuidar das outras três que vieram depois de mim. Especialmente Daisy, a caçula. Por acaso, ela era secretária da nova vice-presidente do hotel. Eu.

Resignada, decidi dar logo o que ela queria, porque as Sutterfield sabiam ser insistentemente curiosas.

— Eu estava na fila para comprar café perto de casa porque é o que sempre faço antes de vir para cá. É um ritual para o dia não ser um desastre.

— Você está corando e dando voltas. Meu Deus, o que aconteceu? — perguntou empolgada, arregalando os grandes olhos redondos.

Fiz uma careta, posicionando o laptop do jeito que eu gostava antes de voltar a encará-la.

Todo cafajeste terá seu fim - Livro único (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora