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Quando vejo uma figura franzina e minúscula vindo afobada em minha direção, não posso deixar de sorrir, me levantando para recebê-la

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Quando vejo uma figura franzina e minúscula vindo afobada em minha direção, não posso deixar de sorrir, me levantando para recebê-la.

A minha vida para os Estados Unidos - especificamente para a Flórida -, não foi um acontecimento aleatório. Paola, a franzina e minúscula que está a poucos metros de mim, é minha única irmã e estava morando na cidade há alguns anos. Nossos pais estão sempre viajando no trailer e a minha caçulinha, que também é uma pedra no meu sapato, estava fazendo uma falta do diabo. Quando começamos a pesar quem deveria se mudar para voltarmos a ficar juntos, eu tinha o restaurante em Santa Marta a meu favor, mas Paola realmente gosta daqui, além de ser casada e ter três ótimos trabalhos, então, fiquei em desvantagem.

— Desculpe o atraso. — diz esbaforida, pousando o capacete sobre a mesa. — Lottie bateu o carro e tive que levá-la a uma reunião.

— E ela sobreviveu à Duke? — pergunto com um sorriso relaxado, me referindo à motocicleta de Paola. — Ela não tinha medo ou alguma coisa assim?

— Parece que ela tem mais medo de ser demitida. — com uma risadinha, ela acena para um garçom que passa por nós, pedindo um cuba-libre. — E então, você não trabalha hoje?

— Não trabalho às segundas.

Duh, é claro. — apoiando os braços na mesa, ela se inclina em minha direção, empolgada. — Qual a chance de eu conseguir um cupom irmã-do-chef no La Cabaña?

Paro para pensar na pergunta enquanto esvazio o meu copo, porque nunca cheguei a pensar nisso. Não de verdade. Não no cupom em si, mas no desconto para convidados de funcionários. No contrato diz que tenho permissão para levar duas pessoas por mês, e elas não precisam ir necessariamente no mesmo dia. Já tinha convidado Paola, mas a sua rotina louca de bartender em dois restaurantes e um bar a impedia de ir me visitar. E considerando que ela é a única pessoa na cidade que tenho intimidade o suficiente para fazer isso...

— Eu posso levar duas pessoas por mês, Pao. Tem um desconto, mas não sei exatamente de quanto, já que nunca usei.

— Você tem isso mesmo? Eu perguntei brincando. — com um aceno agradecido ao garçom, ela prova a sua bebida, fazendo uma pausa dramática. — Mal sinto o gosto do rum. Parece que só tem Coca-Cola nessa coisa.

Dou uma risada enquanto ela estremece. Pao é uma das melhores bartenders que conheço, e também uma das mais exigentes. O plano inicial era virmos juntos para os Estados Unidos, mas ela acabou vindo dois anos antes do combinado porque conheceu Lottie pela internet e decidiu arriscar. Isso rendeu uma discussão do caralho, porque... quem diabos era Lottie? Elas nunca tinham feito uma chamada de vídeo, então a minha - hoje - cunhada poderia ser uma psicopata.

Em resumo, ela veio, eu fiquei puto e decidi continuar o meu negócio em Santa Marta. Eu adoro aquele lugar, da tranquilidade do porto com menos de quinhentos mil habitantes.

Todo cafajeste terá seu fim - Livro único (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora