Um mês depois...
Julia narrando.
Talvez, só talvez, eu esteja grávida, e eu espero que não, já que tomo a injeção anticoncepcional trimestral. Essa merda não pode ter dado errado.
Levanto a cabeça da minha mesa e vejo o andar apenas com o segurança e minha amiga na outra mesa de secretária. Estou sentindo o vômito vir a qualquer momento, mas tenho que controlar. Já faz uma semana que tudo o que eu como me faz passar mal. Estou vivendo à base de chá de erva-cidreira e bolacha água.
— Amiga, você vai almoçar o quê hoje? — a Jade me pergunta, e esse é o limite do meu autocontrole.
Me levanto correndo até o banheiro, tentando não vomitar antes. Abro a porta sem delicadeza e levanto a tampa da privada, colocando até meu próprio estômago para fora. A Jade segura meus cabelos e passa a mão nas minhas costas.
— Obrigada — falo cansada e me levanto, abaixando a tampa da privada enquanto dou descarga.
— O que você comeu ontem? — ela me pergunta, e ando até a pia me apoiando.
— E antes de ontem, e há dois dias atrás... estou passando mal toda a semana, amiga. Acho que estou com problema no estômago.
— Você acha que... — ela fala baixo e cuidadosa — você pode estar grávida?
Jogo água no meu rosto, não querendo que seja isso, mas desconfiando.
— Eu vou comprar um teste de gravidez. Quer ir junto? — ela oferece, e nego com a cabeça.
Mil e um pensamentos me assombram. Eu não quero ser mãe. Só tive uma mãe ruim na infância e um pai que até tentava cuidar de mim, mas nunca conseguiu totalmente. Se eu não tive bons pais, eu não vou ser uma boa mãe; essa é a lógica.
— Eu vou ficar aqui. Eu não posso estar, amiga — não consigo segurar o choro, e a Jade me abraça.
— Quando foi a última vez que você... teve relações? — ela pergunta com uma voz que me tranquiliza. Ela sempre soube me acalmar, por isso a adotei como minha irmã.
— Com o gostoso da balada. Até beijei alguns bonitos depois, mas não continuei. Aí, amiga, o que vai ser de mim? Eu nem conheço o cara e... — ela não me deixa falar, cortando.
— Se acalma. Primeiro você vai respirar e fazer o teste. Senta na minha mesa que tem doce escondido e água. Vamos — ela me puxa para fora do banheiro.
— Fica em sigilo, amiga — a aviso, e ela assente, pegando a bolsa e saindo.
Vejo seu chefe e namorado saindo de sua sala, e ele tenta ir junto ou impedir de sair, mesmo sem saber para onde. Paro de prestar atenção, procurando os doces que ela prometeu ter escondido.
[...] Sigo a Jade para o banheiro novamente, e ela me mostra a caixinha e entrega.
— Amiga do céu, eu estou desesperada — digo, pegando a embalagem e retirando a fitinha.
— Vai fazer xixi, que também estou ficando maluca de ansiedade — ela me apressa. Acho que vou desmaiar.
[...] Saio do banheiro mostrando a fita e coloco na caixa novamente. Lavo minhas mãos com cuidado e sinto o desespero bater em mim.
— Pronto, só esperar — a abraço cheia de medo, e ela me abraça acariciando meus cabelos.
— Amiga, esse bonitão com quem você ficou na balada, vocês usaram camisinha, certo?
— Sim, só que rasgou. Só vimos depois, e ele começou a me acusar de tentar dar um golpe nele, acredita? Eu nem fiquei ouvindo, peguei minhas coisas e saí quando ele virou as costas.
— Nossa, eu tinha achado que a noite foi perfeita — ela diz assustada, e dou risada.
— E foi durante umas boas horas, só o pós que foi complicado, mas tudo bem. A balança da gostura e orgasmo é maior que a babaquice, e eu não planejava ver ele nunca mais, até isso.
Aponto para o teste, e a Jade puxa meu relógio olhando o tempo. Nunca pensei que teria que achar o gostosão de novo, mas se eu estiver realmente grávida, terei que ir atrás. Nunca mais voltei naquela balada, espero que ele continue frequentando o lugar.
— Olha para mim? — peço quando o relógio apita pelo tempo.
Ela puxa a ponta limpa da fita e retira devagar, com medo.
— O que deu, amiga? — pergunto, sentindo meu corpo todo suar. Se eu não estiver grávida, acho que estou infartando; juro que posso sentir meu coração palpitar.
Ela não responde, mostrando a fita para mim. Abro a boca em choque, sentindo minha alma sair do corpo. Sou abraçada pela Jade, que chora, e sinto minhas lágrimas também.
— Eu vou estar do seu lado o tempo todo, amiga. Te apoio desde agora em qualquer decisão que você tomar.
— Promete? — ela fala, e limpo minhas lágrimas, olhando-a.
— Sim, estamos juntas nessa — ela fala, e dou risada.
— Mas eu que vou estar insuportável com hormônios de grávida e o peso do bebê — passo a mão na minha barriga preocupada. Fiz tanta dieta para ficar gostosa no verão e terei um barrigão.
— Eu te aguentei todos esses anos, o que é uma gravidez?
— Te amo, minha gostosa. Obrigada.
— Eu amo você — ela segura firme minha mão, suspirando —. O que vamos fazer agora?
— Manter segredo por enquanto — falo, jogando as provas do crime fora —. Quando eu achar que é a hora certa, conto para algumas pessoas.
Quero pensar no que vou fazer primeiro. No momento em que as pessoas souberem, vão vir milhares de conselhos e ordens. Quero decidir o que vou fazer.
— Nem o Antoni pode saber? — ela pergunta, e nego com a cabeça séria.
Até acho ele legal e boa gente, mas ele é um baita fofoqueiro que irá contar tudo para seus pais, que vão querer se meter na minha gravidez também. A dona Antonella vai querer comprar milhares de roupas e ser a madrinha se bobear.
— Nem pensar. Ele vai contar para os pais. Espera um pouco.
Ela assente, e saímos do banheiro. Vejo seu namorado a procurar, e os dois vão para seu escritório. Puta merda, agora eu tenho tanta coisa para fazer. Eu vou ter que criar um filho sozinha. Eu não sei nem se tenho dinheiro ou cabeça para isso. E se o pai desse bebê, quando souber, não quiser? Se ele já me acusou de golpe por uma camisinha, imagina se souber que engravidei de verdade?
Deito minha cabeça na mesa, dando uma leve batida por frustração. Que merda, destino. Minha vontade é processar o fabricante desse anticoncepcional. Por que inventam uma injeção para não engravidar que não funciona?
Espera aí, se a injeção não funciona, o teste pode não funcionar também. Eu preciso fazer um exame de sangue. Pego meu celular, marcando para amanhã cedo. Isso, eu não estou grávida.
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Se vocês achavam que as outras histórias rolavam muito devagar khkhkk agora realizo o pedido de vocês
Será que ela realmente está grávida?
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Acidente Perfeito- 2° RUSSOS
General FictionCompleto disponível na Amazon e no Telegram. Eu sou Alec Russo, o irmão do meio da família Russo. Minha vida sempre foi marcada pela adrenalina, pelas viagens e pelas negociações que me mantêm em movimento constante. Eu sou o tipo de homem que vive...