capítulo 15

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"Karma is a bitch"

– Autor desconhecido.

***

Coloquei um vestido branco curto, um salto preto e acessórios dourados. Até tentei reproduzir uma das maquiagens da Boca Roxa, mas não rolou, então fiz uma makezinha bem básica e abusei do meu perfume francês importado, uma delícia. Saí do meu closet pensativa, aquela seria uma noite muito importante e completamente decisiva na minha vida.

Eu me sentei por um segundo na cama King Size do meu quarto e passei a mão pelo jogo de cama egípcio novinho em folha, era tão macio e confortável. Suspirei desolada e olhei para um canto da parede pensando que precisava redecorar meu quarto urgentemente! Estava ainda perdida em pensamentos, quando Miguel entrou no cômodo depois de dar duas batidinhas singelas na porta.

– Irmã – ele me chamou e eu me virei para encará-lo – estão todos te esperando – ele veio andando lentamente e se sentou ao meu lado na cama. Num gesto automático peguei em sua mão.

– Já vou descer – eu disse o encarando com ternura, eu o amava tanto. Ele sorriu em resposta, mas não era um sorriso feliz, era mais uma tristeza velada, inconfidente. Sua expressão então mudou drasticamente.

– Nossa que jogo de cama macio – ele disse surpreso acariciando minha cama lentamente – é egípcio? – Fiz um gesto positivo com a cabeça e sorri – boa escolha – ele concluiu e então o silêncio prevaleceu novamente.

– Então vamos – eu disse me levantando finalmente – está na hora – ele me encarou, o olhar triste novamente em seu rosto. Vê-lo daquela forma partia meu coraçãozinho.

– Você está linda – ele disse se levantando também e pegando em minha mão. – Tem certeza de que é isso mesmo o que você quer fazer?

Eu tinha muitas certezas na minha vida. Eu tinha certeza de que Prada era melhor que Gucci. De que perfume Europeu era sempre o mai cheiroso do mundo e de que a Capricho havia perdido a melhor estagiária de São Paulo quando me demitiram, mas não tinha certeza sobre aquilo. Era realmente uma boa ideia me casar?

– Sim, – eu disse tentando parecer confiante. – Pode dizer a todos que eu já estou descendo.

E então silenciosamente Miguel saiu, me deixando sozinha dentro daquele quarto grande e monstruosamente assustador, que gritava por uma nova decoração urgentemente.

Quando desci as escadas, encontrei dois rostos familiares e dois quais eu não conhecia.

– Milena – disse a mulher qual eu conhecia assim que me viu, eles estavam todos parados no pé da escada – obrigada.

Eu só assenti e passei por eles com um nó gigantesco na minha garganta. Fui até aos fundos da minha pequena mansão, atravessei o jardim pela trilha de cascalhos, lutando para não tropeçar e cair com aquele salto fino, passei pela jacuzzi que por algum motivo estava ligada, entrei no pequeno Spa qual minha mãe havia mandado construir dois invernos atrás e pensei que, quando aquela noite acabasse, eu tiraria uns minutinhos para relaxar na sauna.

Sai da área do Spa, atravessei por entre as quadras de vôlei e Tênis, os esportes preferidos do meu pai e segui em direção a piscina, até chegar por fim, no nosso salão de festas. Nota mental: comprar um carrinho de golfe para andar pela área externa da nossa pequena mansão.

Cinco minutos depois e eu estava no salão de festas da nossa família, completamente decorado para aquela noite. Assim que coloquei meus pés naquele lugar pude ver toda a minha família. Minha mãe deslumbrante dentro de um vestido tubinho preto e com o pescoço carregado de diamantes. Meu pai, deslumbrante dentro de um Armani, desfilando para lá e para cá com o seu novo Rolex no pulso.

complicados e perfeitinhosOnde histórias criam vida. Descubra agora