capítulo 19

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" Deusas não falam em sussurros. Elas gritam".

–  Condessa, American Horror Story – Hotel  


***

Ter visto Cristian ser levado algemado pela polícia foi algo qual eu nunca imaginei na minha vida que iria acontecer. Eu conhecia a família Alencar a minha vida inteira. Eu jamais poderia imaginar que o garotinho certinho e perfeitinho pudesse ser tão escrupuloso ao ponto de ser o responsável por um crime tão brutal como aquele.

Procurei por Miguel por entre as pessoas, mas não o encontrei.

– Eu não acredito que desperdicei um look tão bafo como esse num evento que terminou, basicamente, como um Casos de Família – disse Regina revirando os olhos. Ela me encarou e por um instante pareceu preocupada – tudo bem com você?

Fiz um gesto positivo com a cabeça.

– É um pouco estranho pensar nisso tudo – eu disse – o Miguel era o meu melhor amigo até ontem, de repente ele se transformou em um completo estranho e toda essas revelações sobre a morte do Lucas, sei lá, só me dá vontade de cometer uma agressão bem pesada.

– Raiva – disse Gretchen me encarando – solta a sua raiva, não deixe ela te consumir, nunca.

– Nós sentimos raiva o tempo todo – disse Clara se aproximando mais da conversa – é por isso que nós somos as Poderosas, porque a gente nunca deixa a raiva consumir a gente – ela sorriu amavelmente.

– Falando em poderosas – disse Regina – eu acho que acabei de ver a Anitta indo em direção aos banheiros – ela sorriu – quem topa de ir comigo até lá falar com ela?

– Sim! – Disse Clara batendo palminhas!

– Tanto faz – disse Gretchen revirando os olhos.

– Val? – Regina perguntou.

– Podem ir, eu encontro vocês depois – eu dei uma piscadinha e então elas foram em direção aos banheiros.

Eu fui até a mesa onde a comida estava servida e procurei por um canapé. Encarei o epicentro da confusão, que acontecia mais a frente, com a Milena gesticulando furiosamente enquanto falava com os pais e me senti triste por ela.

Deveria ser completamente difícil para ela descobrir que o homem por qual ela sempre fora apaixonada era na verdade uma pessoa completamente diferente. Eu ainda estava perdida em pensamentos quando Matheus se materializou na minha frente no mesmo estante.

– Val – ele tinha um olhar triste – posso falar com você?

– A gente não tem nada pra falar um com o outro – eu disse pegando mais um canapé – já ficou bem claro o que você pensa de mim e se não ficou claro o que eu penso de você, então eu vou deixar bem claro agora...

– Val... – ele tentou falar, mas eu não estava disposta a deixar.

– Você é uma decepção Matheus – eu comecei – uma bem grande por sinal. Eu sinto vergonha de mim por ter gostado de você, vergonha por um dia ter imaginado que eu poderia ter algo com você! Eu fantasiei tantas vezes, mas tantas vezes sobre nós, que parando pra pensar agora, eu só fui uma patética por achar que um dia pudesse rolar algo de verdade entre nós dois.

– Foi mal – ele disse abaixando os olhos para os pés.

– Foi bem mal, Matheus – eu disse sentindo minha raiva me consumir – você ser um galinha, nojento e imundo como você é, tudo bem! É a sua vida e a forma como você escolhe viver ela é problema seu. Agora se dispor com um crime? Não, isso eu não consigo entender.

complicados e perfeitinhosOnde histórias criam vida. Descubra agora