Na manhã seguinte a primeira coisa que a Juliana fez ao me ver foi perguntar sobre o meu encontro.
– E então Val – disse ela. – Como foi o seu encontro ontem à noite? Eu te mandei mensagem, mas você não me respondeu.
Nós estávamos no corredor próximo a nossa sala de aula. Eu não havia visto e nem falado com o Miguel, mas o Matheus e o Lucas estavam próximos da nossa sala prestando atenção, vez ou outra, no que a gente conversava.
– Foi uma bosta – respondi categoricamente.
O Matheus começou a dar umas risadinhas enquanto me olhava e aquilo, para variar, me deixou irritada. Eu estava farta daquele garoto. Eu ia dar um basta naquilo de um vez por todas.
– Qual é a graça, palhaço? – Perguntei indo até ele e o confrontando. Havia mais dois meninos perto dele e do Lucas e todos pararam de falar quando eu me aproximei.
– Nada garota – disse Matheus rispidamente. – Tá de mal humor é? – Perguntou ele provocando.
– Você ainda não me viu de mal humor, palhaço – no exato momento em que eu me virei para voltar para o lugar aonde eu estava, alguém esbarrou com tudo no meu ombro.
Quando eu olhei para quem havia me dado aquele esbarrão, meu sangue ferveu.
– Reginaborges – disse eu entre dentes.
– Não olha por onde anda não... – ela parou de falar quando viu minha expressão facial. – Ah, Valéria, não foi nada – disse ela tentando disfarçar. – Inclusive, eu queria muito te pedir desculpas pelo o que aconteceu na saída do cinema na semana passada...
Eu nem esperei ela terminar de falar e simplesmente dei um tapa na cara dela. Eu estava guardando o meu ódio contra aquela garota para o momento certo. Desde o empurrão que ela me deu na saída do cinema, eu ainda não tinha a visto pelo colégio. Alguém havia dito que ela estava com medo de retaliação, e olha só: retaliação.
Na hora da raiva eu fui possuída por uma fúria incontrolável. Eu pulei em cima dela e comecei a arranhar seu rosto e a puxar seu cabelo. Nós duas caímos no chão, mas eu fiquei por cima dela. Comecei a dar na cara daquela retardada que nem a Malu fez com a Clara na clássica cena do tapa em Celebridade. A sorte dela foi não ter nenhuma escada por perto, senão eu ia jogar ela das escadas que nem a Nazaré costumava fazer.
Regina Borges gritava. Aquilo era música para os meus ouvidos. Continuei batendo em Regina, até que fortes braços me puxaram para trás me tirando de cima dela.
– Você tá louca! – Gritou o rapaz que me tirou de cima dela.
– EU TO BEM LOKA! – Comecei a gritar que nem um animal furioso. – EU TO LOKONA MEU AMOR, LOKONA!!
O rapaz que me tirou dali era o Matheus. Ele, basicamente, me carregou para o refeitório, que ficava há alguns metros de distância daquele corredor. Eu vi Regina Borges sentar no chão do corredor e ser paparicada pelas lacraias dela enquanto ela tremia os ombros de tanto chorar.
– Você acha mesmo que vale a pena ser suspensa ou até mesmo expulsa do colégio só porque alguém não vale o chão que come? – Perguntou Matheus.
Eu parei de me debater e tentei entender o que ele estava querendo dizer.
– Chão que come? – Perguntei. – Do que você tá falando?
– Não sei, eu to nervoso – disse ele irritado.
Aquilo por algum motivo me deu vontade de rir e automaticamente eu fiquei mais calma e parei de lutar contra os braços fortes e malhados de Matheus que ainda me seguravam pela cintura.
– Tudo bem – eu disse. – Você já pode me largar, estou mais calma.
Eu senti a respiração dele ofegante na minha orelha e então ele sussurrou em meu ouvido.
– Eu não quero te largar – disse ele – será que você não consegue sacar isso? – Ele me virou de frente para ele e me beijou justo na hora em que o diretor apareceu com Regina chorando a tira colo.
– Foi ela! – Disse Regina apontando pra mim.
–Ah, bosta... – foi tudo o que eu consegui dizer naquele momento.
***
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complicados e perfeitinhos
Ficção AdolescenteVocê já não está farto dos clássicos adolescentes, aonde a mocinha levanta todas as manhãs, faz as suas necessidade, vai para escola e não faz mais nada, exceto, suspirar pelo garoto mais gato e sarado do planeta? Não é irritante tentar entender co...