Eu estava sentada de frente para a mesa do diretor com as pernas cruzadas. Ele me encarava desconfortavelmente. Ficamos meio minuto sem falar nada, apenas um olhando para a cara do outro que nem dois idiotas, aff.– E então? – Eu perguntei. – Será que eu posso saber os motivos de eu estar aqui tão cedo?
Ele engoliu a saliva da boca e tirou o óculos do rosto num movimento bem lento.
– Regina – ele começou – chegou aos meus ouvidos uma história absurda de que você estaria grávida e pensando em abortar... – continuei o encarando sem expressão alguma. – Não podemos deixar que uma coisa dessas aconteça...
– Hum? – continuei o encarando extremamente entediada. Pelo menos eu ia perder o início da aula de matemática. Eu odiava matemática. E odiava ainda mais aquela professora ridícula, com aquele nariz torto, cabelo desidratado e que vinha dar aula com o suéter da avó. Credo.
– É obrigação do colégio dar suporte aos alunos – disse ele categoricamente – principalmente em relação a atitudes tão severas como esta, que está pensando em tomar.
Se mais alguém vier com esse papo de suporte pro meu lado, eu juro, eu não sei o que eu sou capaz de fazer.
– Eu não acho que abortar seja uma atitude tão severa – disse eu calmamente. – Todo mundo aborta no Brasil, é uma prática bem popular, na verdade.
– Muitas mulheres morrem fazendo aborto em clínicas clandestinas – rebateu o diretor, seu olhar era sério, mas continuava patético.
Eu não sei de onde foi que ele tirou a ideia de que eu iria em uma clínica clandestina, mas ok. Homem não é conhecido por ser o ser mais inteligente né?
– É que no caso, eu vou pagar um lugar bem bacana pra fazer meu aborto – disse eu. – Sério, eu tava olhando umas clínicas gringas, tem uma que tem uma recepção tão chique, que parece que você tá se hospedando no Palace Hotel. Você já se hospedou no Palace Hotel, diretor?
– Não... – ele respondeu com uma expressão de confuso no rosto.
– É claro que não – eu disse serenamente. – É preciso ter dinheiro pra se hospedar lá. É preciso ter dinheiro para fazer um aborto bem feito. Porque dinheiro é sempre a resposta diretor, sempre foi.
– Eu não posso acreditar que você está falando sério sobre abortar, Regina – disse ele seriamente.
– Estou. Por que?
– Porque é errado! – disse ele exaltado. Fiquei olhando para ele de forma bem blasé. Ele tentou tomar a compostura. – Desculpe. É que abortar vai contra os princípios das coisas que eu acredito...
– Interessante – disse eu. – Vai contra aos princípios das coisas que o senhor acredita, não aos que eu acredito. Inclusive, o que eu acredito nem entrou em pauta nessa conversa.
– Regina... – ele tentou falar, mas eu não deixei.
– Sabe o que é engraçado? – eu o interrompi, irritada. – Acho lindo o fato do senhor ter mencionado que é dever do colégio dar suporte ao aluno, mas isso nunca aconteceu aqui!
– Mas do que você está falando?! – Ele perguntou irritado. – O colégio Elite sempre deu suporte aos seus alunos... – uma veia surgiu em sua testa, a gata tava exaltada.
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complicados e perfeitinhos
Dla nastolatkówVocê já não está farto dos clássicos adolescentes, aonde a mocinha levanta todas as manhãs, faz as suas necessidade, vai para escola e não faz mais nada, exceto, suspirar pelo garoto mais gato e sarado do planeta? Não é irritante tentar entender co...