4° capítulo

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Uma semana havia se passado desde a nossa ida a praia. Nada de extraordinário aconteceu durante a semana. Eu fiquei focado no meu treino na academia enquanto a vida seguia normalmente sem surpresa alguma.

Era sexta-feira e todos estavam muito empolgados com a inauguração de uma balada que seria naquela noite. Eu e a Valéria estávamos sentados embaixo do nosso carvalho e ela não parava de falar no quanto estava animada para ir a balada naquela noite.

– É só uma balada – eu disse.

– Você sabe o que as meninas do terceiro ano pretendem fazer nessa balada? – Perguntou ela, mas como eu não respondi, ela completou. – Elas fizeram uma aposta para saber quem vai ser a primeira a ficar com o Lucas.

– Ficar com o Lucas? – Perguntei.

Valéria fez um sinal positivo com a cabeça.

– Parece que ele não ficou com ninguém ainda desde o dia em que começou a estudar aqui – disse Valéria. – Você sabe o que os riquinhos fúteis desse colégio, com tempo de sobra pra falar da vida dos outros, já estão comentando pelos corredores, não é?

Eu não sabia.

– Eu não sei – respondi.

Valéria revirou os olhos.

– O mesmo que disseram sobre você – disse ela com cautela.

Eu ainda não tinha entendido.

– Eu ainda não entendi – respondi.

Valéria me olhou com impaciência.

– Lembra o que a Rafaela saiu falando de você pelo colégio inteiro depois que vocês terminaram? – Perguntou ela.

Eu ainda me lembrava do que ela havia dito.

– Eu ainda me lembro do que ela disse – respondi.

– Então – disse Valéria – estão falando o mesmo dele...

Eu não conseguia acreditar.

– Eu não acredito – respondi.

Um breve momento de silêncio se formou entre nós.

– Que horas vai ser a inauguração? – Perguntei mudando de assunto, mesmo que eu estivesse com muita dó do Lucas.

– Meia noite – disse ela se levantando assim que o sinal indicando o início das aulas tocou. – Coloquei nossos nomes na lista VIP.

Levantei também.

– Como você conseguiu colocar a gente na lista VIP? – Perguntei.

Valéria deu de ombros.

– Sei lá – disse ela. – Até parece que você não sabe que nas nossas vidas tudo é fácil e mágico.

Concordei, mas resolvi não falar nada.

...

Eu não precisei pedir permissão para os meus pais para ir a uma festa à meia noite com minha melhor amiga, mesmo tendo apenas dezessete anos. Desde o início da semana eu não via meu pai. Devia estar em algum lugar fazendo alguma coisa importante pra mal aparecer em casa daquele jeito, mas enquanto a minha boa vida permanecesse, eu não ousaria reclamar. Minha mãe estava num Spa, porque era sempre o que ela fazia quando estava entediada, mas para todos os casos, ela estava em alguma reunião com empresários. Ela morreria se alguém soubesse o quão desocupada ela conseguia ser.

complicados e perfeitinhosOnde histórias criam vida. Descubra agora