O primeiro erro

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Hatake Kakashi

Me desculpe, mas eu não acredito no amor. Eu até queria acreditar, mas a vida vem me obrigando a fazer o contrário. Quando eu acreditei que seria sincero, acabei me deparando com o que costumo chamar de "decepção" ou "tapa na cara".

Sabe aquela escorregada que você precisa dar pra aprender a levantar? Então, é disso que estou falando. E tem sido assim. Não acredito no amor, não acredito nas pessoas, não acredito em mim.

Nunca acreditei no amor pois o único amor que conheci foi o fraternal. Por anos fui uma criança perfeitamente normal, conversava e era aberto com todos em minha volta, tudo mudou quando encontrei o corpo de meu pai desfalecido.

Ele cometeu suicídio por julgamento da sociedade, decidiu comprometer a missão para salvar seus companheiros de equipe e isso lhe custou sua carreira ninja. A partir desse dia me fechei subitamente á todos e coloquei na cabeça que regras estão acima de tudo e todos.

O negócio da moralidade é curioso, pois ela pode ser uma faca de dois gumes.

Nós vivemos em uma sociedade e a sociedade tem normas estabelecidas do que é certo e do que é errado. Em um sentido mais simples, a noção de moralidade pode estar associada às noções de justiça, ação e dever: a moralidade não se relaciona àquilo que cada um quer para si e sim às formas de agir com o outro.

Ainda que "moralidade" se refira a um código moral concreto (a moralidade de determinada vila, expressões pelas quais determinamos o que é moral ou imoral) pode ser usado como sinônimo de "O moral". Quando se entende assim, significa que mesmo havendo códigos morais distintos entre si, há aspectos que nos possibilitam identificá-los como sendo "morais".

Esses aspectos podem ser suas convicções, e a convicção do meu pai era que vidas são mais importantes que um objeto a ser recuperado. Ele salvou 15 companheiros aquele dia, pais de famílias e jovens... Mas isso não foi o suficiente para ser julgado pela falsa moralidade de nossa vila. Demorei anos para entender isso e perdoá-lo.

Quem quebra as regras pode ser considerado lixo, mas quem abandona seus amigos é pior que lixo.

Tive que ver todos em minha volta morrerem para entender esse simples fato da vida. Rin me amava, mas depois de perder meu pai não consegui nutrir sentimentos por ninguém, sequer consegui sentir companheirismo por ela, em uma missão quis deixá-la aos lobos quiçá amá-la. Já Obito amava Rin, e morreu por mim, mesmo eu tendo de tratá-lo mal durante anos.

Isso foi um puta aprendizado, tudo em minha vida mudou após perdê-los. Não consigo dormir uma noite inteira e nem manter relações saudáveis com os que estão em minha volta. Tenho essa tendencia de sempre me afastar e criar barreiras gélidas sobre meus sentimentos. A única exceção desta regra é Sakura...

É por isso que não me sinto mal em usar meu esquema para conseguir sexo casual. Minha moralidade diz que está tudo bem fazer isso. Ser Hokage não é fácil, e o pior de tudo é ser alvo da população feminina.

As pessoas não gostam de você pelo que você é, elas gostam pelo que você pode oferecer a elas. Costumam chamar de "desilusão" quando descobrem que o que queriam, você não pode dar e te descartam como objetos. Então, pergunto a mim mesmo: o que move o mundo, o desejo de parecer ou o desejo de ter? Indago-me algumas vezes, percebo que sou incapaz de compreender. Ao menos sei que o que move o meu mundo é o desejo de ser, ser alguém que ama e acredita, confiante, que é amado. Mas, por enquanto, continua sendo apenas um desejo.

Nossa sociedade diz como moral uma mulher ser respeitada por ter um marido com posição elegível na vila. Isso resulta em vários seres do sexo feminino se jogando aos meus pés, até golpe da barriga já tentaram passar comigo...

Entre dois do mesmo - KakaSakuOnde histórias criam vida. Descubra agora