Capítulo 4

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O chão não estava mais confortável do que na noite anterior, mas acordar com a luz do sol atravessando as árvores e a tagarelice suave dos pássaros poderia ser pior. Eu me estiquei com cuidado, feliz por perceber que meu ombro e minha perna estão muito melhores.

Espere, se o sol já estava alto no céu...

-Que horas são? - perguntei para ninguém em específico - argh, queria ter meu celular aqui.

Eu me virei, vendo algumas latas vazias empilhadas em volta da fogueira apagada, mas não tinha nenhum sinal de mais alguém ali. O desespero fez meu coração bater mais forte no meu peito até eu ver a Lena surgindo do meio das árvores carregando uma pequena pilha de gravetos nos braços. Aproveito que ela ainda não percebeu que estou acordada para admirá-la, os cabelos escuros presos em um rabo de cavalo e as mangas da camisa dobradas até o meio dos braços a deixavam linda mesmo que alguns pontos da camisa e da calça estivessem rasgados.

-Boa tarde - ela falou ao perceber que eu estava acordada.

-Tarde? - perguntei, confusa - por que dormi tanto? Onde estão os outros?

-Eles tomaram café da manhã e saíram pra procurar uma nova fonte de água - Lena explicou - Alex estava muito ansiosa com isso.

-Mas nós temos muita água engarrafada do navio - falei, ainda um pouco confusa.

-Que nós usamos pra beber - ela falou - gastá-la em cozinhar e tomar banho seria um desperdício, mesmo que seja tentador despejar algumas garrafas sobre a minha cabeça agora e fingir que estou tomando banho.

-Eu não julgo você - comentei - um banho quente soa como a melhor coisa que existe agora.

Lena colocou a pilha de gravetos na fogueira apagada e sentou ao meu lado.

-Se eles foram à procura de água, porque você está aqui? - questionei, curiosa.

-Bem, eu não iria deixar você sozinha e inconsciente - a morena explicou como se fosse óbvio.

-Vocês poderiam ter me acordado mais cedo e nós iríamos juntos - rebati, cruzando os braços.

-O sono é o melhor remédio, Juliette - Lena argumentou - eu disse a Alex que ficaria cuidando de você.

-Vocês duas se dão bem, hein?

-Ela e eu não entendemos, eu acho - ela respondeu, dando de ombros - o que eu não posso dizer sobre muitas pessoas.

-Obrigada por ficar por perto então.

-Se eu te deixar sozinha, quem sabe o que poderia acontecer? - e lá estava aquele tom provocador novamente.

-As chances são que eu ficaria entediada e tentaria pensar como escreveria meu artigo: "Trinta e duas maneiras que eu quase morri encalhada em uma ilha".

Ou "Vinte maneiras de conseguir que uma médica bonita repare você" pensei, rindo mentalmente.

-Pelo menos você não ficaria entediada.

-Eu prefiro a sua companhia - eu comentei e ela me olhou com uma sobrancelha arqueada.

-Eu não sabia que eu me qualifiquei como companhia - ela rebateu.

-E o que mais você seria?

-Bem você sabe o que dizem sobre comer uma maçã por dia e os médicos... - ela deixou no ar me fazendo rir. Dou-lhe uma cutucada brincalhona e um sorriso irônico cruzou os lábios de Lena. Foi surpreendentemente quente, iluminando todo o rosto dela e eu acabei criando a missão de ver esse sorriso com mais frequência.

Castways - Aventura do Amor (Supercorp version)Onde histórias criam vida. Descubra agora