Estava eu e Catarina, naquele lugar lindo, único e só nosso, nós lado a lado.
Eu estava sentada em uma pedra, que nela havia escrito "A + C<3", que foi riscado com uma outra pedra qualquer quando tínhamos 12 anos.
Catarina estava sentada, abraçando suas pernas; eu olhando para a paisagem e ela olhando pra mim.
Não quero que pareça egocêntrico da minha parte, mas eu me virava pra ela rapidamente e ela estava me olhando, e honestamente, não foi só uma vez.
Catarina era confusa, eu não sabia o que ela sentia direito, e muito menos o que ela queria comigo afinal. Uma coisa que não saía da minha cabeça naquele dia, foi a vergonha, a vergonha de estar naquele estado deplorável! Toda descabelada, meu delineado totalmente borrado, roupa manchada de um dos morangos que eu deixei cair; enfim, eu estava um horror!
Mas mesmo assim ela continuava me olhando como se eu estivesse no meu melhor estado, nas minhas melhores roupas, e com a melhor maquiagem que eu já havia feito. A razão disso? Eu não sabia exatamente, tinha muitas perguntas que não saberia se um dia chegariam a ser respondidas...
Decidimos ir embora; levantamos e saímos andando, conversando e rindo de coisas fúteis que só tiveram graça ali.
Até que Catarina começou a ter arrepios, suar muito, muito mesmo, ela estava perturbada por algo, mas eu nao sabia o que falar e muito menos o que fazer; continuamos andando.
Ela parou logo após 5 minutos, ou até menos, e tampou com muita agressividade as sua orelhas, ela estava cochichando algo, continuou falando a mesma coisa mas aumentando o tom de voz, ate que começou a gritar, gritar muito, muito, muito alto mesmo, um grito ensurdecedor e desesperador, suas pernas começaram a tremer e ela foi caindo agachada no chão; e eu estava em pânico, vendo ela agachada, tremendo, chorando e gritando, fazendo tudo isso com as mãos tampando suas orelhas, ela tampava tão forte que parecia que iria esmagar sua cabeça, e eu não duvido que essa era a vontade.
Parecia que estava conversando, ouvindo coisas, já imaginava que poderia ser algum problema psicológico que ela poderia ter e não ter me contado, e eu estava certa, esquizofrenia.
Minha reação no momento foi agachar na frente dela, levantar sua cabeça fazendo com que ela olhasse pra mim e mandar ela se concentrar só na minha voz, e que quaisquer coisas que por ventura ela estava escutando, eram falsas, só eu e minha voz éramos reais; ela estava fora de si, fechando os olhos com força mesmo que sua cabeça estivesse levantada "olhando pra mim", tremendo, ela tentava me bater, e se bater, eu tive que segurar as mãos dela; e naquele momento, eu vi que ela poderia morrer caso estivesse sozinha, tive medo, mas no fundo, eu ja sabia que uma hora ela não iria aguentar mais.
Ficamos la por volta de 36 minutos pra ser exata, agachadas, eu tentando ajudar e ela só querendo acabar com aquele delírio que não tinha fim.
Logo depois, ela começou a melhorar, começou a se acalmar, mas eu mesmo assim tinha medo de isso acontecer de novo quando ela estivesse sozinha em casa, por isso, pedi pra dormir na casa dela.
Ela afirmou que sim com a cabeça, e mesmo com o rosto encharcado e os olhos inchados de tanto chorar, eu consegui ver um brilho em seu olhar, um brilho que eu nao via a muito tempo, na verdade não via qualquer sinal de felicidade verdadeira em seu rosto a muito tempo, por isso, me espantei em presenciar sua felicidade, sera que ela pretendia algo? Ou era coisa da minha mente?
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Tudo o que eu deveria ter dito
PoetryAlgumas coisas não podem ser simplesmente ditas, algumas coisas são preferíveis serem guardadas la no fundo do coração, e para que a dor seja amena, nós desabafamos por meio de palavras, por códigos, que só podem ser decifrados por nós mesmo. Ou ta...