Eles só pararam de caminhar quando chegaram ao mesmo parque onde, durante as férias, Renjun e Jaemin haviam se encontrado. Passaram pela árvore de flores amarelas que não havia sido plantada no mesmo dia em que Jeno nasceu e sentaram no mesmo banco que Renjun e Jaemin haviam ocupado para tomar conta dos cachorros.
Mas nada estava como nas férias.
Mark entendia o silêncio de Donghyuck e quando as pálpebras dele pareceram pesadas, resolveu que era hora de lhe dar algum espaço. Levantou, avisando que compraria algo para beberem, e deixou que Donghyuck suspirasse por finalmente ter um tempo sozinho. Desde o mar de fotos derrubadas aos seus pés, ele esteve cercado e por mais que fossem pessoas de seu ciclo de confiança, Donghyuck precisava de um momento para se organizar. Mark sabia disso e quando voltou com as latinhas de refrigerante, só demorou um instante para perceber que ele havia trocado a madeira do banco pelo gramado ladeado de arbustos que o dariam mais privacidade nos limites do gramado da praça. Caminhou até ele e, em silêncio, lhe ofereceu a latinha verde de refrigerante de limão. O som estalado do gás vazando ocupou seus ouvidos antes que virassem as primeiras porções e Mark esperou.
– Você viu? – a voz de Donghyuck era fraca, como se Mark estivesse a metros de distância e não bem ao seu lado. Os olhos ainda estavam inchados e o cansaço explícito em cada detalhe dele fez o estômago do canadense se revirar.
– O suficiente – o tom neutro provocou em Donhgyuck um suspiro, quase esperava que ele estivesse irritado, mas Mark parecia sólido, confiável. E foi no mesmo tom que ele perguntou – Por que não me contou?
A pressão dos dedos de Donghyuck ao redor da latinha deixou um som estalado revelar sua apreensão, a força que fazia para prender as lágrimas que já tinham voltado para os olhos. Mark sentiu seu mundo desabar quando a primeira lágrima escapou da linha d'água.
– Eu não queria te preocupar.
A frase foi se perdendo quando, ao abrir a boca, Donghyuck sentiu o gosto da dor e foi impossível impedi-la de extravasar. O choro sacudia seu corpo e as mãos inutilmente ainda tentavam impor qualquer controle às lágrimas, mas quando o corpo de Mark se uniu ao seu, ele desistiu de tentar se conter. O peito dele era abrigo, os braços o prendendo perto eram protetores, o cheiro familiar lhe transmitia confiança e se a forma como seus dedos afoitos arranharam a camisa dele em busca de conforto foi dolorosa de alguma forma para Mark, ele não demonstrou.
Donghyuck podia ouvir o som reconfortante da respiração dele enquanto se descontrolava no próprio choro, eram inspirações profundas que ele demorou para perceber que serviam para acalmar o próprio Mark também. Foi só quando seus soluços deram uma trégua que ele reparou na agitação sob o peito do namorado, a forma divergente que o coração batia desesperado contrastando à respiração controlada. Mark tentava esconder o quanto estava afetado por vê-lo daquele jeito e perceber isso fez Donghyuck se encolher ainda mais em seu abraço, querendo sumir em seu peito porque não parecia haver lugar mais seguro.
Mark se sentia trêmulo e esperava que Donghyuck não notasse. Quando o choro dele se transformou num fungar sentido, se permitiu fechar os olhos por um instante e afundar o nariz nos cabelos ruivo-acobreados. Tudo sobre Donghyuck lhe afetava, fosse para o bem ou para o mal, e quando se afastou minimamente para olhá-lo nos olhos depois de deixar um beijo nos cabelos, limpar o rastro das lágrimas salgadas foi um gesto automático de seus dedos já tão acostumados a oferecer carinho e cuidado.
– Tudo sobre você me importa, Donghyuck – ele viu o namorado pressionar os lábios quando os olhos brilharam em novas lágrimas, deixando-o sensível ao ponto de precisar engolir quando quis chorar junto a ele. Não foi capaz de separar as mãos do rosto redondo, sentindo o formato das bochechas em contato com suas palmas – Mesmo se eu não puder fazer nada para melhorar a situação, eu quero passar por ela com você. E isso me envolve também. Não é incômodo, é sobre nós.

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90's Love | norenmin
FanfictionO ano de 1996 ficaria marcado na história de 7 garotos como o ponto de virada em muitos aspectos de suas vidas. Na Jaemin era um desses sete, popularmente conhecido como "o garoto de All Star amarelo" com quem Renjun sempre apostava uma corrida até...