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O3. memories

Era claro que eles estavam ali por causa de Brian. Mas ainda assim, mesmo que tenha quase sido sequestrada ainda não sentia que era o momento de entregar meu primo, muito menos de dizer tudo que aqueles policiais queriam tirar de mim.

Aparentemente a senhora Shin estava calma demais para quem deveria estar aos prantos após saber que o sobrinho era um assediador, o que me fez pensar que talvez os policiais não haviam lhe dito ainda qual era o real motivo de estarem ali. Então decidi que só daria respostas objetivas, não diria nada além do que eles perguntavam e de preferência fingiram que ao menos sei do que está acontecendo. Espero que não tenham visto as câmeras de segurança da quarta avenida ou minha morte será pior do que presumi.

⸺ Como deve saber, prendemos um assediador esta tarde e seu perfil era bem popular entre meninas da sua idade. Ele costumava pegar vítimas próximo ao percurso que você faz para a escola, então queríamos verificar se já teve contato com esse sujeito. Reconhece ele de algum lugar? rede social talvez ?

Perguntou o homem de cabelos escuros, olhos pequenos e expressão séria enquanto lhe mostrava a imagem de Brian. Forçando uma expressão de confusão, eu balancei a cabeça e voltei a encarar o homem diretamente. Não queria deixar tão aparente que estava mentindo, tinha que mentir da melhor forma possível.

⸺ Eu nunca o vi antes, não conheço muitas pessoas por aqui.

Disse, o que era uma meia verdade até. Eu realmente não sabia muita coisa sobre meus vizinhos e não lembro de ter visto aquela caminhonete velha por aqui muitas vezes antes.

⸺ Foi como eu disse, senhor policial. Ryujin não conversa com muitas pessoas, eu mesmo monitoro sempre o que ela mexe no computador e celular. Ela só tem uma amiga por aqui e ela também se mudou à pouco pro bairro

Argumentou a mulher, o que pareceu convencer os dois agentes que de imediato se entreolharam e pediram para serem acompanhados até a porta agradecendo pela breve cooperação que havíamos feito. Ainda que eu não estivesse muito disposta em acompanhá -los como minha mãe fez, pude ouvir do pé da escada quando já estava subindo para o meu quarto uma frase que me deixou mais confusa do que nunca.

⸺ É uma barbaridade que tenha acontecido isso com essas meninas, ainda bem que minha ryujin ficou à salvo. Delinquentes como ele nunca deveriam estar á solta, felizmente meu sobrinho que tem a mesma idade é um bom menino. Também é policial como vocês.

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Policial ? Aquele não poderia ser o Brian que eu conhecia, muito menos aquele que encontrei na caminhonete aquela manhã. Seu rosto e físico eram iguais mas as ações.... o brian que eu conhecia nunca faria mal à nenhuma mulher e muito menos tinha vocação para ser policial. Então o que diabos estava acontecendo? Ele tinha um irmão gêmeo e eu não fazia ideia ?

Eu queria descer e tirar tudo à limpo com a minha mãe, queria perguntar o porque dela ter agido como se nunca tivesse visto o Brian quando nós dois crescemos próximos um do outro. Foquei tanto em não deixá-la perceber que eu estava sem a mochila que apenas me tranquei no quarto e comecei minha busca por respostas. Quem mais poderia revelar sobre alguém do que um álbum de fotografias? Por um tempo achei que era cafona, ninguém mais revela ou guarda suas fotos em um álbum. E foram aqueles pequenos livros cheios de memórias que me fizeram perceber algo ainda mais estranho.

Nada naquele álbum era famíliar para mim, poderiam ser os mesmos locais que fizeram parte da minha infância mas algo parecia estar errado. Como eu não poderia reconhecer meu próprio primo? Era óbvio que aquele em meu álbum de fotografias não era ele! Quanto mais passava as páginas menos eu tinha informação e mais aquele garoto de fios descoloridos e nariz delgado parecia ser mais próximo da família. Poderia ser um primo distante, certo ? Ou talvez um filho da minha tia fora do casamento.