Capítulo 5: Pavio

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         A mulher simplesmente paralisou. Não sabia o que fazer. A estrutura da casa era extremamente frágil, o que significa que qualquer passo por aquele chão de madeira poderia criar um ruído capaz dos guardas ouvirem, e a jovem, naquela hora, estava de posse do objeto mais cobiçado pela cidade. Ela deu pequenos passos que por milagre não rangeram o chão, e conseguiu chegar perto da porta, longe o suficiente para não a verem e ela conseguir enxergar a quantidade de guardas. Eram três no total, dois homens e uma mulher na frente deles. O impulso de Aline no momento foi de jogar o bracelete para algum cômodo e disfarçar o barulho com a sua voz, mas pensou melhor nessa ideia e simplesmente continuou parada, de frente à porta, com três guardas do outro lado, provavelmente armados com lanças afiadas.

- Olá? – Disse uma outra voz masculina desta vez – Tem alguém aí dentro?

          A jovem Escavadora paralisou mais uma vez, com a sensação de que havia um pequeno cubo de gelo em seus nervos, a fazendo tremer parada. Sem muitas opções ela apenas colocou o bracelete dentro da sua camisa, segurando-o com uma das mãos, e abriu a porta:

- Boa noite senhores – Disse ela, com uma imitação de alguém que acabara de acordar de um longo sono e visivelmente cansada – Em que posso ajudar?

- Boa noite – Falou o guarda loiro e de olhos castanhos, tomando a frente dos outros três – Desculpe virmos lhe incomodar tão tarde, mas estamos fazendo uma ronda nas casas da região em busca de... Er... – O guarda simplesmente não sabia o que inventar.

- Drogas – O guarda ao lado dele complementou – Recebemos denúncias de que estão escondendo drogas em algumas casas de Salem.

- Oh, entendi – Disse Aline, apenas fingindo acreditar no que eles diziam.

- Não que estejamos lhe acusando de possuir drogas, de maneira nenhuma – Disse o guarda loiro, tentando explicar algo que não necessita de explicações.

- Compreendo perfeitamente – Aline mais uma vez disse, agindo como se realmente estivesse tudo na perfeita ordem – Mas poderiam me dar um minuto? É que meus... Filhos estão na sala, e tenho que mandá-los se deitarem, sabem como é né.

- Ah... Certo, sem problemas – A guarda feminina respondeu pelos três, e em seguida o corpo de Aline sumiu por detrás da porta.

          Aqueles guardas não estavam ali à procura de drogas, ela logo percebeu pela enorme coincidência que ocorreu ali. Ao menos conseguiu algum tempo para poder guardar o bracelete, e dessa vez ela podia andar mais rapidamente pela casa, procurando alguns lugares ou cômodos que serviriam para esconder um objeto do tamanho de uma lata, enquanto falava frases como: "Vocês vão já para a cama!" e "Vistam seus pijamas", tudo isso para pessoas inventadas que não estavam presentes com ela. Aline, depois de algumas pequenas voltas pelos cômodos e retornar para a sala onde ficava a porta, ainda estava com o valioso item em mãos, e quando a mulher menos esperava...

Bam!

          A porta foi arrombada e caiu na frente da jovem, que possuía o bracelete nas duas mãos, e completamente estática enquanto os três guardas adentravam em sua casa, todos segurando lanças de mais de dois metros, com lâminas em cada uma das pontas.

- Acho que podemos cancelar a operação, né gente? – Disse o guarda de cabelo castanho que estava no centro.

- Eu não acredito que foi tão fácil assim – A guarda feminina disse, apontando a lança na direção da Aline.

- É o seguinte, senhora – Começou o guarda loiro – Você tem duas opções neste momento: a primeira é de se render pacificamente e nos entregar o bracelete, ou você pode tentar resistir e te fritamos aqui e agora mesmo.

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