Capítulo 6: Trabalho

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          A madrugada mantinha os padrões de uma noite em Salem: sombria, fria e silenciosa. As residências se encontravam com as luzes em seus interiores apagadas, o único resquício de luminosidade existente era a de alguns postes e fogueiras em áreas públicas, significando que os habitantes deveriam todos estarem em suas moradias, e que os guardas tinham o direito de multar aqueles que desobedecessem a essa regra.

          Ao norte da periferia era possível enxergar por entre as casas mais baixas, alguns vultos encapuzados, caminhando como se estivessem correndo, e seus pés não faziam ruído algum. As silhuetas se demonstravam estarem trajando mantos escuros, cobrindo de suas cabeças até os joelhos, assumindo a aparência de fantasmas negros. As figuras se dirigiram em uma única direção, à uma casa de muros brancos – com cacos de vidro – , com um portão cinza, essa residência estando com uma iluminação, provavelmente de algumas velas ou de lâmpadas, coisas que poucos conseguiam comprar. Ao todo eram seis figuras, e elas se reuniram atrás de uma outra casa, encostados no muro, e observando a outra moradia por cima dos ombros. Um desses indivíduos possuía mais de dois metros de altura, e se mantinha agachado, ficando na altura dos outros companheiros.

- Muito bem pessoal, podemos começar agora – A figura que estava na frente jogou o capuz que cobria seu rosto para trás, mostrando um homem com bigode e barba mal feitos, Donge mais precisamente.

- Eu gostaria de pedir desculpas novamente – Uma outra figura de voz feminina disse, enquanto colocava a mão direita por cima do braço esquerdo, demonstrando estar com algum ferimento

- Da próxima vez que eu disser “oito horas em ponto” será oito horas em ponto. E não duas da manhã, entendido? – O homem puxou um maço de cigarro e um isqueiro de dentro do manto, pegou um e o acendeu.

- Sim senhor... – A figura respondeu baixo.

- Ótimo. Quero uma operação rápida e silenciosa. Os gêmeos vão subir os muros com cuidado e abrirem o portão por dentro, certo?

- Sim senhor. – Duas vozes masculinas assentiram. Os dois irmãos possuíam a mesma altura e pele parda, um deles com uma cicatriz de corte no braço direito, o qual nem o manto conseguia cobrir.

- Depois nós vamos passar pelo portão, o Magnus vai abrir a porta da frente, e adentramos a casa.

          Magnus, o gigante de mais de dois metros fez um gesto com a mão, demonstrando estar de acordo.

- Quando estivermos lá dentro, o Joshua, Pietra e Agnes vão ficar comigo, o Magnus fica de vigia e os gêmeos escondidos nos cômodos, entendido?

- Entendido – Todos disseram em uníssono.

          Joshua estava ali, coberto dos pés à cabeça, de maneira irreconhecível, com apenas seus olhos surgindo de toda a vestimenta escura. O jovem mantinha um olhar sério e sombrio, diferente do que demonstrava ao estar com seus amigos. Sua boca concordou com o plano de seu chefe, mas sua mente estava dizendo outras coisas. Tudo começou com uma simples dívida, que foi deu início à outras dívidas, e foi aumentando cada vez mais, até chegar ao ponto de não conseguir mais quitar com dinheiro, e ceder a um trabalho no submundo. Joshua tinha uma pistola que carregava consigo desde criança, a qual limpava e consertava sempre, pois na sua concepção, aquela era a arma perfeita. A pistola possuía um item preso no final do cano, por onde saem os projéteis, chamado de “silenciador” ou “abafador” pelo submundo de Salem; um dispositivo perfeito para missões mortíferas e silenciosas como aquela.

          Sem perderem tempo os gêmeos correram em direção ao portão, saltaram alto o suficiente para se apoiarem nos muros da casa, desceram pelo outro lado, e em questão de doze a quinze segundos o portão deslizou para o lado, com um dos irmãos na porta e chamando os comparsas. O resto do grupo se movimentou rápida e silenciosamente em direção ao portão e entraram; Magnus com uma certa dificuldade de entrar sem fazer barulho demorou um pouco mais que os outros. Em seguida o gigante andou em direção a porta de vidro da entrada da casa. Magnus parecia fazer o trabalho pesado com muita facilidade, porém, naquele momento ele não tinha que ser apenas forte, como também certeiro e silencioso. Seus dedos e músculos pressionaram, a porta de vidro foi pouco a pouco sendo arrancada da parede, e o único barulho ouvido era de pedras e alguns pregos caindo no chão.

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⏰ Última atualização: Nov 13, 2022 ⏰

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