O ano era 1915, e eu acabara de sair da escola direto para casa, meu trajeto não poderia ser muito diferente, graças a notícia da primeira guerra mundial, onde todos temos de tomar as mínimas precauções para continuar vivo. Minha mãe obviamente já me esperava em casa para o almoço, tão delicada e sorridente, uma mulher definitivamente incrível. Cruzei brevemente a rua indo direto para nosso jardim ao lado de minha mãe que regava algumas poucas flores, não tínhamos mais tantas, devido a pisadura de alguns soldados que faziam a ronda alí durante a noite.
- Estes soldados acabaram com as minhas rosas- reclamou minha mãe após notar que algumas rosas de seu mínimo canteiro fora severamente destruída. Eu apenas concordei, enquanto olhava com admiração os homens fardados que andavam pelas ruas.- Pelo menos estão nos protegendo- Sorri para ela que acariciou levemente minha bochecha.
- Um dia serei como eles mãe!- Sua doce risada me atingiu demonstrando uma incredulidade.
- Meu pequeno Edward, eu te amo demais para deixar você se arriscar desta forma, prefiro que seja um bom advogado como seu pai.- Não pude evitar a pequena irritação, eu quero salvar pessoas, não ser um advogado em um escritório quente, prefiro a emoção dos militares.
- Advogado? Sinto muito dona Elizabeth, mas não é isso que planejo para minha vida- Ela me olhou sob o ombro, enquanto entrávamos em casa, eu sabia que minha mãe não gostava muito que eu a chamasse pelo nome, mas eu gostava de ver o quanto ela era amável irritada comigo.
- Se matar é o seu plano?- Revirei brevemente os olhos com sua fala, e ela arqueou uma de suas sobrancelhas para mim- Edward Anthony Masen, acabou de revirar os olhos para sua mãe?- Eu ri e me sentei no sofá, pegando o jornal para ler as notícias sobre a guerra.- Seu futuro será lindo, tenho certeza disso e não irá incluir sua ída para a guerra.
- A senhora planejou meu futuro então?- Ela sorriu para mim e assentiu com a cabeça, fazendo seus lindos cabelos cor de cobre balançarem- Então diga mamãe, como será meu futuro?
- Acima de tudo será um bom homem, se casará com uma boa moça e a dará este anel- Ela falou apontando para a enorme aliança cravejada de diamantes que estava em seu delicado dedo anelar, eu apenas estava me divertindo com sua história.- Me dará um neto, na verdade, uma neta de preferência, já que não tive uma filha, deposito minhas esperanças em você!- Acabamos rindo juntos- E por favor, poderia homenagear a sua mãe, no nome da neta?
- Para quem tem um filho de apenas 14 anos, a senhora pensa bastante, não é?- Ela sorriu servindo a mesa do almoço.- E quando que a emoção da guerra entra nesta sua história?
- Nunca!- Ela exclamou veemente, franzido levemente o cenho- Eu te amo tanto filho, faria de tudo por sua vida, não vá para aquele campo de corpos.- Ela estremeceu com a idéia.
- Prefere que eu passe a vida trancado em um escritório?- Falei e me sentei a mesa.- E sua futura nora do anel e a neta? Quando darei atenção a elas?
-Prefiro que fique seguro! Por mim, você seria imortal, para nunca lhe perder, mas principalmente não quero que perca a vida assim. É brutal demais, Edward!- Disse ela nos servindo- E eu tenho certeza de que terá mais tempo para elas, se continuar vivo.- Acabei rindo, mesmo me dando uma lição moralmente aplicada, minha mãe era adorável.
- Não acha que sou muito novo para pensar em faculdade?- Ela me olhou e sorriu, amavelmente como sempre.
- Não acha que é muito novo para pensar em ir para a guerra?- Esperta como sempre.
- Touché, senhora Elizabeth, touché- Sorrimos e almoçamos, enquanto eu olhava brevemente a janela, avistando os homens de farda, os quais eu sonhava em me parecer um dia, eles eram tão fortes e imbatíveis, será que eu um dia seria assim?
As horas do dia se passavam de forma rápida em geral, meu pai havia chego um tempo após o almoço, graças a guerra o toque de recolher havia sido sentenciado a ser mais cedo, então as 18h meu pai já estava em casa, na rotina anterior, ele chegaria por volta das 20h. Ele era mais frio e quieto que minha mãe, mas era um homem bom e sonhava que um dia eu fosse como ele também, porém, eu quero uma vida mais emocionante.
Agora estávamos os três na sala, o meu pai lendo e analisando alguns de seus casos, afinal, ele poderia chegar mais cedo em casa, mas seus clientes precisavam dele e ele certamente não os deixaria desapontados. Minha mãe tricotava algo ainda indistinto em suas mãos e eu estava a terminar meu dever de casa.
Como já chegava perto das 20h a esta altura, eu teria de me arrumar para dormir até as 20h30, pois estava em semana de provas na escola e tinha de dormir cedo, para levantar bem amanhã, mesmo não aderindo a menor vontade de deitar no momento.
Mas eu subi para tomar um banho e ao menos me recolher em meu quarto, para assim meus pais acreditarem em meu suposto sono. Tomei um banho relaxante e me joguei na cama de meu quarto após por o pijama, mas peguei um livro para ler, invés de dormir, não tinha sono. Quando olhei para meu pequeno relógio de bolso que se encontrava em minha cabeceira da cama, já se passara das 21h30, eu definitivamente tinha de dormir agora para me sair bem amanhã, mas antes, eu estava com sede.
Com cuidado fui até a escada, afim de não fazer barulho, para não acordar meus pais, mas chegando mais perto escutei uma música leve, doce e baixa vindo da vitróla, então olhei da escada sem que eles me percebessem alí, sem o mínimo movimento alto ou barulho, fui o mais cuidadoso possível, quando os olhei meus pais dançavam ao meio da sala, de forma lenta, clara e tão bonita, parecia que ambos estavam flutuando no cômodo, eles sorriam um para o outro e eu não pude evitar sorrir também, parecia coisa de livro. Decidi subir novamente, para não atrapalhar.
Com eles lá embaixo e eu em meu quarto, deitado sob o leito de minha cama, pensei em como a relação dos meus pais era bonita, mesmo com o meu pai não demonstrando afeto ao público, era bonita de se ver e isso me fez pensar na conversa que eu tivera com minha querida mãe esta tarde:“-Acima de tudo será um bom homem, se casará com uma boa moça e a dará este anel”. Será que um dia eu acharia a moça que seria dona do anel de minha mãe? Será que eu teria um romance tal qual o de meus pais, onde se passam anos e continuaria o amor vivo?
Creio que com 14 anos é meio cedo para pensar nisso, quem sabe com uns 17 anos seja melhor...Notas da aurora: Foi isso mores, espero que tenham gostado, semana que vem tem mais, beijos e espero que tenham gostado. Bye🍎.
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Lua Crescente ( Edward Story)-EM RECESSO-
VampireO ano era 1915 e Edward Anthony Masen Júnior, era um ótimo rapaz de 14 anos, cheio de esperança e sonhos que vivia com seus pais em uma pacata cidade em Chicago. Entretanto em 1918, ele foi acometido de gripe espanhola e eventualmente pouco tempo de...