Um jantar e uma nevasca

217 35 1
                                    

20 de dezembro, 2021
Cinco dias para o natal.

Anna.

Hoje eu tinha tido uma consulta. Com minha obstetra. Eu estava com dois meses. E talvez eu tenha surtado um pouco quando sai da consulta.
O foi bom ter uma consulta com minha terapeuta no mesmo dia. Eu contei a ela sobre Henry.

Não tinha um motivo muito específico. Apenas surgiu. Eu também disse que ainda não tinha contado sobre o bebê. Então ela fez a pergunta a qual estou pensando até agora: " Você não contou para ele porque acha que ele vai te rejeitar igual seu ex? Você não acha que estar espelhando as atitudes de Matt nos outros?"

E eu tinha respondido a maior mentira: "Não, eu só não tenho intimidade o suficiente pra contar".

Em seguida ela anotou algo no caderno. Talvez eu deva me preocupar.

Depois de passar na confeitaria e deixar a algumas coisas prontas para o outro dia, vou para casa e entro no chuveiro.
Hoje eu iria jantar com Henry. Na casa dele. Eu tava ansiosa pra ver a casa que ele sempre falava tão desanimado.
Saio do banheiro enrolada numa toalha e vou para meu armário. Não tinha noção do que usar. Era um jantar, mas absolutamente não era um encontro. Mas não parecia só um jantar.

Pego o celular e checo a mensagem que ele tinha me mandado com o endereço da sua casa. Pesquiso e acho. Era um bairro todo chique.

Eu imaginava a casa dele como seria, e obviamente metade das minhas roupa então combinavam com aquele ambiente.
Pego um vestido azul escuro que minha irmã tinha me dado no meu aniversário, acho que foi uma leve sugestão de mudar minhas roupas. Eu ignorei. Eu nunca tinha usado, agora era hora. Não fico tão mal, era do meu tamanho e ficou bonitinho.
Seco os cabelos, mão fazendo nada de especial, o deixo solto.

Daqui para lá eram uns trinta minutos de carro. Ainda faltava mais de uma hora pra o horário em que combinamos.
Resolvo ir agora mesmo. Com minha sorte eu provavelmente erraria o caminho e me perderia, então Henry acabaria que eu tinha esquecido e ficaria chateado.

Coloco o endereço no GPS e vou seguindo as instruções. Vou mais devagar que o normal, hoje a neve caia mais forte que os outros dias dificultando a minha visão.

Henry morava na parte mais tranquila da cidade. Apostava que sua casa teria até jardim. Todas tem. E são enormes, era uma bairro chique. Dou tapinhas no meu ombro por ter escolhido minha roupa mais controlada.  O que não era ruim. Ele estava pensando no futuro, em uma família quando escolheu aquela casa. Eu daria qualquer coisa para ter achado alguém como ele antes, antes de toda essa confusão. Talvez nós dois...

Suspiro. Melhor não ficar pensando no que poderia ser quando não há chance de realmente ser.

Ajeito o vestido azul escuro o puxando mais pra baixo. Ele era soltinho da cintura pra baixo, confortável. Bonito.

Vejo meu cabelo pelo reflexo da porta e bato. Espero um pouco. Ninguém vem abrir. Bato de novo. Quando estou prestes a bater pela terceira vez a porta de abre revelando o rosto de Henry. Ele estava lindo numa camisa branca.

— Oi! — Digo.

— Anna! — Henry diz sem fôlego, ele parecia nervoso. Escuto barulho vindo da sua casa.

— Eu tô adiantada, eu sei. Apenas estava com medo de me perder e me atrasar e você achar que eu sou uma furona... Só... Tá tudo bem eu ter vindo mais cedo?

— Não...

— Ah.— Encolho os ombros, meu rosto queima em vergonha.

— Não! Não é isso. Eu... — Ele esfrega os olhos. — Entra. Tá congelando aqui fora.
Ele deixa porta aberta e faço o que ele mandou. Ficamos no hall que era meio separado do que eu deduzi ser a sala. Vozes de pessoas vinham lá de dentro. E eram muitas.

Entre Natais com você Onde histórias criam vida. Descubra agora