Um beijo e umas panquecas.

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22 de dezembro,. 2021
Três dias para o Natal

Anna

O rosto dele.
Foi a expressão no rosto dele que me faz vomitar no momento em que coloquei os pés no meu apartamento.

Eu o culpava? Não mesmo.
Era exatamente por isso que eu não tinha contado. Porque eu sabia que seria assim que aconteceria.

Ele nem veio atrás de mim quando eu saí, e tudo bem. Era melhor assim. Eu teria que contar alguma hora. Melhor que foi assim, rápido. Desse jeito acabaria logo sem mais nada.

Mais fácil.

Ele esqueceria que a gente tinha se conhecido e eu também tentaria. Era isso que dava tentar roubar a normalidade. Não acabava bem. Ou ela te pertencia ou não.

Acordo mais cedo que o normal Na manhã seguinte e começo a me preparar para o dia. Hoje eu tinha coisas pra fazer na confeitaria, tinha encomendas e tinha uma nova receita pra testar.  Ocupar o dia era a melhor forma de não pensar em outras coisas. 

Por isso estou enterrada na cozinha desde de cedo. Eu iria esquecer tudo isso depois de algum tempo, porque em poucos meses eu já estaria totalmente ocupada.

Meu celular vibra em cima da mesa e olho. Henry tinha me mandado algumas mensagens, eu não tinha aberto nenhuma.

Mas dessa vez era uns ligação, do meu pai. Que eu também estava disposta a ignorar. Eu amava minha família, de verdade. Mas eu estava com muita vergonha pra falar para eles. Meus pais eram casados a décadas, minha era médica pediatra e meu pai cardiologista. Tinha três filhos, meus irmãos. Todos casados e com seus filhos, e nos seus empregos chiques. E aqui estava eu, solteira, bem grávida e sem um rumo.

Observo o celular até a ligação cair, agora a culpa se juntando a vergonha. Eu tá os evitando. Mandava uma mensagem de vez em quando pra dizer que tudo bem. Mas ligação nunca. Acho que se eu ouvisse meu pai perguntando se eu estava bem ou o que aconteceu iria começar a chorar e nunca mais parar.

Largo a espátula que tava usando pra cortar as decorações dos biscoito e levo as mãos ao rostos. Segurando as lágrimas.

— Anna, — Carissa, a menina do balcão, chama. Tomo uma respiração tentando né acalmar. — Ele pediu pra te ver e como você o trouxe da última vez o...

— Anna. — A voz de Henry chega aos meus ouvidos antes de Carissa terminar. Ergo o rosto meio surpresa. — Podemos conversar?

Abro a boca pra negar. Mas olho pra terceira pessoa ali, melhor não ter aquela discussão com ela.

— Claro. Tá tudo bem, Carissa. — Digo quando a menina olha pra mim atrás de confirmação. Ela sai nos deixando sozinho.

— Anna eu queria... — Henry começa.

— Não, Henry. Nós não precisamos mesmo ter essa conversa. Eu entendo.

— Mas eu nem falei nada.

— Não precisa. Eu... — Respiro fundo ajeitando que já estava ajeitado. — Eu escondi isso de você e acho que saiu um pouco do controle. Eu não queria Enganar você ou coisa do tipo. Eu só...

Não termino, porque nem eu sabia o que eu estava fazendo. Henry vem pro outro lado da mesa.

— Me desculpa.  — Digo querendo desaparecer.

— Não peça desculpa, você não fez nada de errado.

— Não, eu omiti que tava grávida para você. Eu vi seu rosto, não diga que isso não é nada. — Digo cruzando os braços.

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