𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑢𝑙𝑜 4

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Bᴏᴀ ʟᴇɪᴛᴜʀᴀ

𝑳𝒊𝒍𝒊 𝑹𝒆𝒊𝒏𝒉𝒂𝒓𝒕 𝑷𝒐𝒊𝒏𝒕 𝒐𝒇 𝑽𝒊𝒆𝒘

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𝑳𝒊𝒍𝒊 𝑹𝒆𝒊𝒏𝒉𝒂𝒓𝒕 𝑷𝒐𝒊𝒏𝒕 𝒐𝒇 𝑽𝒊𝒆𝒘

– Em um mês você se forma, certo? — Camila perguntou quebrando o silêncio que havia se estabelecido no carro.

Sim, já fiz as provas finais. Só resta o trabalho de conclusão.

Eu sabia aonde ela queria chegar e já me odiava em ter que repelí-la mais uma vez.

– Eu conclui minha pós-graduação esta semana. Agora terei mais tempo para respirar e ir atrás de alguns desejos que venho tendo há um tempo. — Disse olhando rapidamente para mim e logo voltando o olhar para estrada.

– Essa área de direito empresarial muito me interessa também. — Disse tentando mudar de assunto. — Mas o mercado de trabalho é bastante seletivo, não sei se devo me arriscar.

– Lá na empresa das meninas, há um estágio de iniciação ótimo. Sei que tem potencial, você poderia fazer uma entrevista e...

– Eu agradeço, senhorita Mendes, mas eu manterei meu emprego até achar algo melhor numa área diferente desta.

– Lili, para com isso. Até parece que não nos conhecemos há quase um ano. — Disse parando no sinal e olhando para mim. — Por que você me afastou desta forma? Eu até entendi que estava precisando de um tempo para se concentrar nos estudos, mas você simplesmente ignorou minhas mensagens.

Eu abaixei a cabeça sabendo o quanto eu havia sido covarde em enfrentar a realidade e dizer o que se passava na minha cabeça.

– Eu fiz algo que não gostou? Falei alguma bobagem que te machucou? — Disse encostando levemente sua mão na minha. — Quando eu descobri que você era a secretária de Madelaine, fiquei tão feliz, eu poderia te ver sempre que pudesse, almoçar contigo. Mas as coisas parecem que só pioraram desde aquele dia.

– Perdoe-me, eu não podia mais continuar com isso. O meu tempo...

– Mas agora acabou. Eu tenho certeza que o seu trabalho já está pronto e revisado. Sei o quanto é dedicada. — Olhou para o sinal e bufou ao ouvir uma buzina insistente.

Encostou o carro no primeiro estacionamento que achou e se virou para mim.

– Fala, por favor, o que houve. Eu te pressionei de alguma forma? Lembro-me que no último encontro eu falei em te levar para uma boate com as meninas para você conhecê-las. Isso te levou a pensar que estava sendo rápida demais?

– Não, você conhecia minha família. Isso não me assustou. — Disse sincera.

Os seis meses que passamos juntas foi algo tão gostoso e natural de se viver que quando dei por mim, já estava fazendo planos para namorar com ela e tê-la para sempre em minha vida.

– Você conheceu outra pessoa? — Disse quase num sussurro.

– S...sim. — Menti.

Eu estava novamente sendo uma covarde, mas eu não queria que ela entrasse na bagunça que era minha vida. Não antes de me estabilizar e melhorar minha condição financeira.

Uma das minhas irmãs já estava finalizando o ensino médio, a outra já estavam bastante avançada na escola. Minha pequenininha já havia aprendido a ler e escrever perfeitamente. Mas ainda faltava muito para termos uma vida confortável.

– Entendi. — Disse triste. — Desculpa se estou te pressionando, Lili. Se te convidei para essa boate quase te intimando.

– Tudo bem, eu precisava ter tido essa conversa antes de chegar a esse ponto. — Segurei sua mão e uma onda me invadiu. Como eu queria beijá-la, tê-la novamente nos meus braços.

– Você quer que eu te deixe em casa? As meninas terão com quem ficar hoje?

– Dona Maria ficará com elas. — Disse e ela sorriu, ela nos adorava e sempre insistia em ficar com minhas irmãs para que pudéssemos fazer nossos programas de casal.

– Sua namorada ficará chateada se você sair com um grupo de amigas sem ela?

– Não se preocupe com isso, ela confia em mim.

– Ok. — Ela baixou a cabeça, respirando forte e olhou para mim. — Podemos ser amigas, então?

– Claro, tê-la por perto será bom. — Disse sincera.

– E Lili, o estágio ainda está de pé, eu conheço sua capacidade e gostaria de ajudá-la. Juro que não opinarei em nada. Não sou eu a responsável por contratações.

– Eu agradeço, Mila. — Disse fazendo-a sorrir ao utilizar seu apelido. — Deixarei meu currículo na segunda.

– Ótimo. — Disse com um sorriso lindo, o que me desmonta e me faz se apaixonar mais ainda por ela. — Vamos indo, pois Vanessa não dá certo sozinha com Madelaine. Ela não consegue segurar os ciúmes e acaba se estressando.

– Aquelas duas são engraçadas. — Disse omitindo o fato de Madelaine ter me confessado a sua atração com Vanessa.

– E Madelaine ainda acredita que é só ciúme de amiga. Eu não tenho esses ciúmes pelas duas, eu quero mais é que beijem na boca e de preferência que seja uma na boca da outra.

– Como assim? Você sabe de algo? — Disse me espantando com seu comentário.

– Claro que sei. Você também reparou o olhar das duas? Elas só faltam se comer com os olhos.

– Não tenho certeza. — Preferi não entregar os sentimentos de Madelaine. — Mas podíamos fazer algo que fizesse as duas se entregarem hoje.

– Acho ótimo, já que não beijarei na boca hoje, quero mais é que elas se resolvam. — Ela falou e arregalou os olhos após constatar o que havia dito. — Q...quer dizer... Perdão, eu pensei alto.

– Tudo bem. — Disse constrangida.

Saímos em direção a boate após alguns segundos nos encarando envergonhadas. A noite seria longa e eu esse era só o começo.

 A noite seria longa e eu esse era só o começo

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𝐕𝐨𝐜𝐞̂ 𝐩𝐞𝐫𝐭𝐞𝐧𝐜𝐞 𝐚 𝐦𝐢𝐦. - 𝑀𝑎𝑑𝑛𝑒𝑠𝑠𝑎Onde histórias criam vida. Descubra agora