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Lili Pov
No horário marcado, subi para fazer minha entrevista. Madelaine já havia me autorizado sair por algum tempo, já que havia organizado tudo que ela tinha me proposto hoje.
A secretária pediu para que eu esperasse um pouco para me anunciar. Aguardei ansiosamente e logo ela me indicou a sala que eu devia me dirigir.
Entrei e dei de cara com Camila sentada me encarando. Naquele momento, o nervosismo dobrou e eu conclui que minha contração acabava de ser negada.
- Sente-se, senhorita Reinhart. — Disse, indicando-me a cadeira a sua frente. — Vejo aqui em seu currículo que não se formou ainda, correto?
- Sim, senhora. Eu apresentarei meu trabalho de conclusão na quinta.
- Ok. — Disse anotando algo no seu papel. — Por que se candidatou para esse emprego?
- Eu tenho grande interesse nessa área de direito empresarial. — Disse respirando fundo para dar uma resposta mais elaborada. Eu não podia deixar o babaca estragar meu futuro. E pior ainda, não me permitir dar uma vida melhor para meus irmãos. — Eu trabalho há 3 anos nesta empresa, sou secretária de uma das vice-presidentes. Com o tempo, a senhorita Petsch deixou-me ciente da maioria dos trâmites administrativos da empresa, adquirindo uma grande experiência no ramo empresarial. Ganhei uma grande admiração pela sua missão, seu porquê de existir. E quero participar agora de uma forma diferente, exercendo aquilo que me dediquei anos de minha vida, aquilo que amo verdadeiramente.
Ela me olhou por alguns segundos e depois voltou a anotar algo em seu papel. A entrevista seguiu e, em algumas vezes, senti o tom áspero como ela me tratava. Eu já estava louca para acabar e eu me retirar dali, já tinha certeza que não daria certo. Por melhor que eu conseguisse me sair, ela nunca me admitiria em seu setor.
- Ok, senhorita Reinhart. Muito obrigada por ter comparecido. Ligaremos caso passe nesta fase. — Eu tentei não dar um suspiro de alívio ao ouvir isso. — Poderia confirmar seu contato direto?
- É necessário? — Perguntei sem antes pensar.
- A senhorita deseja se retirar do processo seletivo? — Perguntou com interesse.
- Não é isso, é que... — O que eu estava falando? Estávamos numa entrevista de emprego, para que citar nosso relacionamento? — Perdoe-me. Eu só tenho este contato que forneci no currículo.
Ela se manteve me encarando e eu senti que levaria um esporro só de vê-la.
- Eu achei que tivesse deixado bem claro no nosso último encontro, senhorita Reinhart. Quando eu quero, posso ser extremamente profissional. Tenha certeza que nada do nosso relacionamento falido será levado em conta quando escolhermos alguém para contratarmos. — Disse fazendo-me recuar. — Pode se retirar, senhorita Reinhart.
Sai não tendo o que falar. Cheguei em minha mesa e fiquei pensando em tudo que havia feito, na mentira que havia falado que trouxera tantas consequências.
[...]
Vanessa Pov
- Você não acha que foi dura demais com ela? — Perguntei a Mila após seu longo monólogo sobre a atual situação dela com Lili.
- Você acha? — Disse fazendo careta. — Você ouviu quando disse que ela havia mentido sobre estar namorando para me afastar?
- Sim, Mila, mas se ela te chamou para sair, é porque algo mudou dentro dela. A ouça, deve ter uma história por trás disso tudo.
- Eu tinha que ter esperado a mudança dela então? Antes ela não queria, mas agora ela está afim e eu tenho que dar ouvidos as suas desculpas?
Balancei a cabeça desistindo de argumentar com ela. Sabia que demoraria até convencê-la a escutar Lili, então melhor era dar um tempo para ela colocar a cabeça e o coração no lugar.
Depois de ouvir mais um pouco dos seus desabafos e aceitar sair para beber com ela mais tarde, fui em direção a sala da minha norte-americana linda. Não via a hora de vê-la.
Entrei pedindo que Dinah não avisasse da minha chegada e me deparei com uma das cenas mais sexy da minha vida. Ela estava de óculos e mordia a caneta enquanto pensava em algo.
Eu nunca fui tarada, mas vê-la assim me dava vontade de atacá-la e fazer amor em cima daquela mesa. Definitivamente, eu era louca por aquela mulher. E, por mim, já teria falado dos meus sentimentos desde o primeiro dia, mas eu não queria assustá-la, arriscar a perdê-la.
Após um tempo admirando-a, ela enfim olhou em minha direção e levou um leve susto, abrindo um sorriso no segundo seguinte.
- Nossa, amor. Eu não te ouvi entrando. — Disse sem pensar no que falava e me chamando do que tanto quero chamá-la.
Mesmo que tivéssemos costume de usar, de vez em quando, esse predicativo, agora era diferente. Estávamos ficando e a esperança dela sentir o mesmo que eu surgiu com tudo.
- Eu estava falando com Mila, resolvi dar uma passada aqui e convidá-la para sair para beber mais tarde com nossa amiga difícil. — Disse sorrindo para ela.
- Pouxa, eu iria chamá-la para sair com Lili. Ela está tão para baixo, cogitou até desistir do processo seletivo.
-Não deixe ela fazer isso. Falta só mais uma etapa. Esta semana, ela deve ser chamada para a simulação.
- Foi o que lhe disse, mas ela está com tanta coisa na cabeça. Quinta-feira ela irá apresentar o trabalho de conclusão, tem esse teste que a deixa nervosa e o "relacionamento falido" da duas. — Disse se referindo as palavras de Mila. — Acho que ela foi muito dura, Nessa.
- Ela está magoada, Mads. Mas sei que gosta muito de Lili. Só precisa deixar de ser cabeça dura e conversar com ela.
- Você acha arriscado marcar algo para que forcemos elas a se falaram e resolverem essa situação? — Perguntou com um sorriso safado.
- Infelizmente, sim. Elas precisam de um tempo. — Disse a fazendo revirar os olhos.
O jeito mesmo era respeitar o tempo deles.
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